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Polícia

Bandidos impõem regras pichando muros em comunidades da Grande Vitória

Há muros pichados até próximo de hospital. Polícia diz que traficantes não comandam o Estado

Redação Folha Vitória
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Muro pichado na Avenida Marechal Campos, em Vitória / Foto: Reprodução TV Vitória
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Muros com mensagens que ameaçam os moradores dos municípios da Região Metropolitana do Estado estão se tornando cada vez mais frequentes. Mas o que mais impressiona os capixabas é o cumprimento dessas ameaças. Criminosos estão cada vez mais ousados e impondo leis nos bairros onde atuam, gerando medo na sociedade.

Um crime que chocou os capixabas nesta semana aconteceu em Morada da Barra, Vila Velha. A vítima, Thais Oliveira Rodrigues, de 22 anos, estava em um carro com a mãe, a avó, a tia e a irmã. Quando chegaram ao bairro, a tia de Thais que estava conduzindo o veículo não teria obedecido uma das ordens impostas pelos criminosos que estão expostas em um muro pichado: abaixar o farol. Os criminosos se aproximaram e dispararam. Thais chegou a ser socorrida, mas não resistiu.

>> Em busca de assassinos de jovem, polícia reforça o efetivo em Morada da Barra

Pichação na Praia do Suá, em Vitória / Foto: Reprodução TV Vitória

Outro exemplo é a Avenida Marechal Campos, em Vitória. Ao lado de um dos principais hospitais do Estado, a mensagem pichada no muro é clara: "quem roubar, vai morrer". Todas as entradas do bairro Santos Dumont tem este mesmo recado. E foi no Hospital das Clínicas que um homem foi baleado de raspão, atingido por uma bala perdida na recepção do hospital enquanto aguardava atendimento.

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Outro caso de pichação ameaçadora que chamou a atenção aconteceu em Central Carapina, na Serra, em fevereiro deste ano. Na ocasião, o delegado Rodrigo Sandi Mori foi ameaçado. Mensagens foram espalhadas por muros da região e dias depois Paulo Sérgio de Oliveira Júnior, de 25 anos, foi preso durante uma operação. O responsável pelas pichações também foi detido.

Nestas áreas, encontrar algum morador que aceite falar com a imprensa não é tarefa fácil. Todos têm medo. O que fica claro na maioria destes bairros é um histórico marcado pela violência. É o caso do condomínio Ourimar, que tem um extenso histórico de tráfico de drogas e assassinatos. Na entrada do bairro, quem chega vê logo a recomendação.

Delegado ameaçado em pichação / Foto: Reprodução TV Vitória

Direitos Humanos

Para Verônica Bezerra, diretora de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Espírito Santo, as mensagens encontradas nos muros de bairros da periferia da Grande Vitória demonstram claramente uma única coisa: a ausência do Estado. “Se o Estado está ausente com políticas públicas de qualidade, contínuas, que atinjam todas as pessoas, algo vai entrar no lugar”, afirmou.

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Nestas áreas, os poucos moradores que conversam com a imprensa afirmam que toda ação da polícia é de forma truculenta, não há uma interação com a comunidade, com isso traficantes acabam assumindo o poder. “Hoje nós temos uma democracia e temos que lutar por isso. E a gente precisa fazer prevalecer os direitos constitucionais e sobretudo os direitos humanos, que são de todos”, destacou Verônica.

Muro pichado em Andorinha, Vitória / Foto: Reprodução TV Vitória

Segurança 

O secretário de Estado de Segurança Pública, Nylton Rodrigues, disse que o Estado não é comandado pelos traficantes. “As polícias atuam, o tráfico de drogas no Espírito Santo não comanda nada. Quem comanda, quem dita regras no Espírito Santo são os poderes constituídos. Já determinei a Polícia Militar para procurar a prefeitura, os municípios, para apagar essas pichações absurdas, ameaçadoras, que desafiam o Estado”.

A Prefeitura da Serra disse que apaga as mensagens assim que é informada sobre a situação. No caso de Central Carapina, além da prisão do pichador, a mensagem de ameaça ao delegado foi apagada. Sobre as mensagens em Vitória, o município informou que o cidadão pode denunciar esse tipo de pichação, mas não disse se faz a limpeza das mensagens com tom de ameaça aos moradores. A administração de Vila Velha não havia dado retorno até o fechamento desta reportagem.

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