Jovem é morto por engano após assassinato de estudante em Vila Velha
A polícia acredita que a vítima tenha sido morta por engano. Os criminosos estariam querendo acertar as contas com os suspeitos de matarem o estudante de 14 anos
Após um estudante de 14 anos ser assassinado na saída da escola, outro jovem foi morto no mesmo bairro, em Ulisses Guimarães, Vila Velha, na manhã desta quinta-feira (27). A polícia acredita que Patrick Rocha Alves, de 19 anos, tenha sido morto por engano. Isso porque os criminosos estariam querendo acertar as contas com os suspeitos de matarem o estudante e acabaram atirando em Patrick.
“Era um menino muito bom. Ele sempre trabalhou. Nunca teve motivo para isso. Ele veio de uma família boa. Moro há 26 anos aqui e nunca tivemos esse problema. É difícil acreditar”, contou o tio do jovem.
A vítima ajudava a mãe a cuidar dos irmãos mais novos. O crime comoveu os vizinhos e amigos que viram o rapaz crescer pelas ruas do bairro. Enquanto a polícia recolhia o corpo de Patrick, um membro da igreja que ele frequentava fez uma oração.
O jovem levava o irmão para a escola todas as manhãs e depois seguia para o bairro da Glória, onde trabalhava como vendedor em uma loja de roupas. Hoje ele precisou mudar o trajeto. Depois de deixar o irmão mais novo no colégio, passou na casa da namorada para pegar os documentos que tinha esquecido na noite anterior. A mudança na rotina colocou a vítima na rota da guerra do tráfico.
Segundo testemunhas, a região se tornou palco de tiroteios constantes. Quadrilhas rivais disputam o controle do tráfico de drogas e os tiros acontecem a qualquer hora. A rua onde Patrick morreu é a mesma onde, mais cedo, a polícia prendeu quatro suspeitos de terem matado um adolescente na noite da última quarta-feira (26). A prisão aconteceu por volta das 5 horas. A perícia da Polícia Civil contou sete perfurações no corpo da vítima.
Prisão
Um dos suspeitos presos confessou que atirou no adolescente, mas disse que não sabe de nada sobre a morte do Patrick. Eles foram levados para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, onde prestaram depoimento ao delegado Rodrigo Sandi Mori.
Gabriel Valando Branco, de 19 anos, nega a participação no crime, mas Anderson de Matos Vieira, de 20 anos, confessou ter atirado contra Thiago Wetler Teixeira, de 14 anos. “Eu fui lá na escola e ele veio para me matar. Ele estava armado e disparou primeiro”, afirmou Anderson.
A polícia não acredita nesta versão. Thiago já tinha passagens por tráfico de drogas e porte ilegal de arma e, de acordo com as investigações, fazia parte de uma das quadrilhas que disputam o comando do tráfico na região. Anderson e Gabriel, segundo o delegado, são membros da quadrilha rival.
“São duas gangues que atuam na região. O adolescente que foi morto na noite de ontem pertence a gangue do pinicão e os dois jovens que foram presos hoje pertencem a gangue da pracinha. É uma rivalidade entre os dois grupos”, contou o delegado.
A polícia chegou até Anderson e Gabriel a partir de depoimentos de testemunhas que presenciaram o crime. Os dois foram presos ainda de madrugada, cada um na sua casa. Ainda segundo as testemunhas, a vítima já vinha sendo ameaçada pela dupla, inclusive recebendo recados por meio de outras pessoas.
Os dois foram autuados por homicídio duplamente qualificado. Segundo a polícia, os dois dispararam, mas as armas ainda não foram encontradas. A polícia investiga se há relação entre a morte de Thiago e de Patrick.