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Polícia

Especialista em análise de voz garante que juiz Alexandre Martins foi morto durante assalto

Mauro Nadvorny foi a segunda testemunha de defesa a depor nesta quinta. Ele conta que os suspeitos de envolvimento no crime disseram a verdade ao alegarem latrocínio

Redação Folha Vitória
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Mauro Nadvorny disse que, após duas rodadas de perguntas, foi constatado que os suspeitos diziam a verdade ao afirmarem que juiz foi morto durante um assalto Foto: Reprodução

O perito criminal Mauro Juarez Nadvorny, especialista em análise de voz, garantiu que todos os suspeitos de envolvimento no assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho disseram a verdade ao afirmarem que o crime foi latrocínio - roubo com morte. Nadvorny foi a segunda testemunha de defesa do ex-policial civil e empresário Claudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, a depor nesta quinta-feira (27), quarto dia do julgamento dos suspeitos de serem os mandantes do assassinato do juiz, que é realizado no Cineteatro da Universidade de Vila Velha (UVV), em Boa Vista.

O depoimento teve início por volta das 15h30 e terminou pouco depois das 19 horas. Nas quase quatro horas em que foi ouvido, o perito, que é do Rio Grande do Sul, contou que foi chamado, em 2003, pela Secretaria Estadual de Segurança (Sesp) do Espírito Santo para ajudar nas investigações sobre a morte de Alexandre Martins. Ele trouxe para o Estado um aparelho detector de mentiras, de tecnologia israelense, que na época era novidade.

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Mauro Nadvorny explicou que, por ser um caso complexo, foram realizadas duas rodadas de entrevista com as testemunhas. "Os resultados estavam apontando para uma conclusão que contrariava o que a maioria das pessoas aguardava e, por isso, houve a necessidade de uma segunda rodada. O resultado final, nas duas rodadas, foi que não se tratava de um crime de mando", apontou o perito.

Júri é realizado no Cineteatro da UVV Foto: TV Vitória

Nadvorny disse ainda que na época ficou constrangido por perceber que havia uma expectativa de autoridades capixabas para que os mandantes do crime fossem encontrados. No entanto, o trabalho dele indicava para o roubo seguido de morte.

Durante o depoimento, o perito também explicou de que forma funciona a chamada "máquina da verdade", que se trata de um software. Nadvorny disse que utiliza a técnica há 17 anos.

De acordo com o perito, quando mente, o ser humano sofre alterações psicofisiológicas, saindo de seu estado natural. "Algumas reações são alteração na respiração, nos batimentos cardíacos e sudorese. A tecnologia também monitora a frequência e a alteração da voz posta em análise. O software restringe-se a obter respostas negativas ou afirmativas do entrevistado", esclareceu.

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Nadvorny ainda afirmou que o programa aponta se a pessoa está imprecisa, se não tem certeza do que diz ou se está estressada, identificando mentiras ou verdades. "Além disso, é possível verificar com o software se a pessoa usou droga, se está extremamente alerta ou se tem algum problema mental. A parte mais difícil é saber o que perguntar. A tecnologia é totalmente imparcial", destacou o perito.

André Cunha

André Cunha era titular da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado na época do crime e diz não ter encontrado qualquer indício de crime de mando Foto: TV Vitória

O primeiro depoimento do dia, na parte da manhã, foi do delegado André Luiz Cunha, que durou aproximadamente quatro horas e meia. À época do crime, o delegado atuava na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Em seu depoimento, André Cunha afirmou que, no período em que esteve à frente da delegacia, não identificou indícios de que Calu tivesse envolvimento com organizações criminosas.

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O delegado declarou ainda que buscou investigar o caso de forma imparcial. "Procurei me ausentar das teses de crime de mando e latrocínio. Estive no apartamento supostamente utilizado para vigiar os passos do juiz, mas não havia possibilidade de ser um ponto de observação, pois não havia visibilidade, apesar de ser próximo à residência da vítima. Busquei direcionar de forma imparcial as investigações e não consegui qualquer elemento que me apontasse o crime de mando", frisou.

Quinto dia

Foto: Reprodução

A maior expectativa para este quarto dia de júri popular do caso Alexandre Martins estava no depoimento do advogado Antônio Franklin Cunha, que foi contratado por Alexandre Martins de Castro, pai do juiz assassinado, para atuar como assistente de acusação. No entanto, logo no início do processo, Cunha largou o caso e escreveu uma carta, anexada ao processo, afirmando que o crime era um latrocínio.

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No entanto, como os dois primeiros depoimentos se prolongaram mais do que o previsto, a oitiva do advogado ficará para esta sexta-feira (28). Ele deverá ser ouvido pela manhã. Em seguida, deverá ocorrer o interrogatório dos réus do processo, Calu e o coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), o juiz Marcelo Soares Cunha, que preside o júri popular, pretende concluir o julgamento no próximo sábado (29). Nos três primeiros dias de julgamento já foram ouvidas as testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual (MPES), pela defesa de Coronel Ferreira, além dos dois executores do crime, que sustentam a tese de latrocínio e foram arrolados pela defesa de Calu.

O crime

Alexandre foi morto em março de 2003 Foto: Divulgação

Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado na porta de uma academia de ginástica em Itapoã, Vila Velha, no dia 24 de março de 2003. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo. 

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Os acusados de serem executores do crime - Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza - foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o "Cabeção"; André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito"; e Leandro Celestino dos Santos, o "Pardal". 

Durante todos esses anos, o processo se arrastou nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes foram considerados impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes - ou réu ou vítima - e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.

O outro apontado pela polícia como mandante do assassinato é o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, que ainda aguarda a tramitação de recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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