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Polícia

"Mexeu comigo": Com 30 anos de profissão, delegado diz que ficou abalado com caso de criança morta

O corpo de Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos, passou por perícia. Segundo os legistas, o menino teve o intestino perfurado e apresentava queimaduras por cigarro

Gabriel Barros

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução TV Vitória
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A morte de Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos, deixou até os delegados espantados com tamanha crueldade. O menino morreu nesta terça-feira (05) após dar entrada em um hospital de Vila Velha. Segundo a polícia, a criança foi torturada e estuprada. Os pais de Jorge e principais suspeitos do crime foram presos. 

Com mais de 30 anos na profissão, o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, disse que ficou abalado quando soube do ocorrido com a criança.

"Tenho 30 anos como delegado de polícia. Nesse período, já vi muita coisa. Mas o que vi hoje, mexeu comigo".

O menino foi hospitalizado na noite da última segunda-feira (04). Os pais alegaram que ele estava com suspeita de pneumonia, mas a equipe médica do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) estranhou lesões na criança e informou a Polícia Civil. O menino não resistiu às complicações e morreu durante a madrugada de terça-feira.

Pais não queriam que corpo de criança passasse por perícia

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Contra a vontade dos pais, o corpo do menino foi encaminhado ao Departamento Médico Legal, em Vitória.

Durante a autopsia, os legistas constataram que Jorge estava com sinais de espancamento, tortura e queimaduras,  possivelmente provocadas por guimba de cigarro. 

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O médico legista Josias Rodrigues explicou que a criança também tinha sinais de estupro. Jorge teve o intestino perfurado.

"No exame físico externo, encontramos muitas lesões bem sugestivas de maus-tratos. Encontramos lesões por queimaduras, algumas equimoses devido provavelmente a trauma por pancada. Ao abrir as cavidades, olhando dentro do abdômen, encontramos outras lesões que corroboravam com essa hipótese, além do ânus da criança totalmente dilacerado", detalhou. 

Suspeito não demonstraram arrependimento durante a prisão

Foto: Reprodução TV Vitória

De acordo com o delegado responsável pela investigação, Alan Moreno de Andrade, Maycom Milagre da Cruz, de 35 anos, e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31 anos, não demonstraram arrependimento ao serem presos.

"Não demonstraram arrependimento, não demonstram consternação com a morte do filho, emoção quase nenhuma. Só um leve choro. Eles não conversaram entre si, um fato que achamos muito estranho. Os pais não se olhavam. Quando um passava, o outro virava o rosto. Quando dei a voz de prisão aos dois, a reação foi algo tipo 'Tá, onde eu assino?'", contou o delegado.

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Os suspeitos prestaram depoimento por quase 12 horas. Segundo a polícia, eles não souberam explicar o motivo pelas lesões. Eles foram autuados em flagrante por estupro de vulnerável e tortura, e encaminhados ao sistema prisional. 

Objetos de ritual religioso foram encontrados na casa da família 

A polícia esteve na casa onde a família vivia no bairro Divino Espírito Santo, em Vila Velha. Na residência, os policiais encontraram objetos de um ritual religioso que podem ter relação com o crime. 

De acordo com a polícia, em um dos objetos havia o nome do menino escrito em um pedaço de papel. Questionado pelos investigadores, o pai alegou que o ritual foi realizado para curar o menino de um problema respiratório.

Um outro filho do casal, um bebê de 8 meses, está internado em um hospital por sintomas respiratórios. 

*Com informações da repórter Milena Martins, da TV Vitória/Record TV.

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