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Polícia

Caso Ana Clara: ex-policial militar é condenado a 31 anos de prisão em regime fechado

Declaração foi dada durante o julgamento do acusado de assassinar a ex-namorada, em 2015. Foi a primeira vez que o ex-PM se pronunciou sobre o caso

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução
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Quatro anos após o assassinato da estudante Ana Clara Félix Cabral, de 19 anos, o ex-soldado da Polícia Militar e na época também namorado da jovem, Itamar Rocha Lourenço Júnior, sentou no banco dos réus na tarde de quinta-feira (11) e foi condenado a 31 anos de prisão em regime fechado.

O ex-policial militar foi julgado e condenado pelos crimes de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil, com comunicação de crime e ocultação de cadáver.

Em depoimento prestado em júri popular, na tarde de quinta-feira, o ex-policial confessou o crime, mas negou que ele tenha matado a jovem. Segundo ele, depois de discutir com a namorada, ela pegou a arma e apontou contra ele. Mas, no momento em que ele foi tirar o revólver da mão da jovem, a arma acabou disparando cinco vezes contra ela.

Apesar de ter confessado o assassinato, o acusado negou ter ocultado o cadáver da estudante e ter informado aos policiais que a jovem teria sido sequestrada, segundo informou a advogada da família da vítima. 

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No entanto, a versão não convenceu o Ministério Público, segundo o promotor de justiça, Rodrigo Monteiro. "O réu ficou em silêncio durante toda a instrução e hoje trouxe uma tese que surpreendeu o Ministério Público, uma tese dizendo que os disparos que vitimaram a Ana Clara foram disparos acidentais. A prova mostra que não foi isso que aconteceu", afirmou o promotor, que disse ainda que espera uma condenação justa para o réu.

"Nós não queremos que o réu apodreça, não é isso, mas que seja feita justiça. O Ministério Público busca uma pena justa. Nem um dia a mais, nem um dia a menos. Que ele pague a dívida dele com a sociedade por ter ceifado a vida de uma jovem de 19 anos de idade, com todo um futuro pela frente", completou.

Foto: Reprodução

A família de Ana Clara também ficou indignada com a versão trazida por Itamar durante o julgamento. "Eu fiquei sabendo agora que ele confessou e disse que foi acidental. Ele deu cinco tiros acidentalmente na minha filha. Acidentalmente a arma disparou cinco vezes e as cinco vezes acertou a minha filha. Que fatalidade né, a minha filha receber cinco tiros acidentalmente?", ironizou o pai da vítima, o engenheiro Elson Cabral Filho.

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O pai de Ana Clara disse que não acompanhou o depoimento do acusado. "Eu preferi sair. Primeiro em solidariedade à minha mulher, que ela não quis de jeito nenhum acompanhar. Eu fiquei do lado de fora do salão junto com ela. E também porque eu sabia que nada disso, nada do que ele falasse, ia acrescentar ou ia modificar a nossa opinião sobre aquilo que aconteceu. Espero que a justiça seja feita. O único resultado que esperamos é que ele seja condenado", declarou.

A mãe de Ana Clara, a administradora Ana Katia Félix, diz que espera que Itamar pegue a pena máxima. "Já confessou o crime, já mudou a versão, já está um cordeirinho, um anjinho. Deu cinco tiros pelas costas e ainda está se achando um anjinho. Já que ele confessou, acho que todo mundo viu o crápula que ele é, o jeito como ele falou. Que ele pegue uns 30 anos. Se pudesse dar mais, eu gostaria, mas eu acho que 30 anos já ameniza um pouco o nosso sofrimento", afirmou.

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"Sempre foi dissimulado, sempre teve esses dois lados. Agora ele teve capacidade de dizer que gosta de mim e do meu marido. Como que você gosta de uma família, como você admira uma família e destrói aquela família, matando da maneira cruel como ele matou, pelas costas, a minha filha?", questionou Ana Katia.

Na época, o crime aconteceu em 2015, quando Ana Clara foi morta dentro do carro de Itamar e, foi deixada às margens da Rodovia do Contorno, na Serra.

Julgamento

Foto: Suellen Araújo

O julgamento do ex-PM aconteceu desde às 8 horas desta quinta-feira no Fórum Desembargador João Manoel de Carvalho, em Serra Sede. Na parte da manhã, segundo familiares de Ana Clara, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação. Depois do intervalo de almoço, outras cinco testemunhas foram ouvidas, dessa vez de acusação. Depois das testemunhas de defesa e acusação falarem, foi a vez de ouvir o réu, o que aconteceu por volta das 16h30.

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Além de familiares da jovem, amigos e parentes de outras mulheres vítimas de violência, como a jovem Bárbara Richardelle, estiveram no fórum para prestar apoio à família de Ana Clara e acompanhar o julgamento.

Relembre o caso

A estudante, na época com 19 anos, foi assassinada no dia 5 de fevereiro de 2015, na Rodovia do Contorno, na Serra. Segundo as investigações o ex-policial assassinou a namorada com cinco tiros e jogou o corpo dela em uma ribanceira, às margens da rodovia.

No mesmo dia, o acusado chegou a afirmar à polícia que Ana Clara havia sido sequestrada por bandidos. No entanto, horas depois, o corpo dela foi encontrado às margens da Rodovia do Contorno. Itamar foi preso em flagrante por homicídio duplamente qualificado. Cerca de seis meses após o crime, o suspeito foi expulso da Polícia Militar. Ana Clara e Itamar namoravam há cerca de dois anos.

Réu não responderá por feminicídio

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A lei do feminicídio (13.104/2015) entrou em vigor em março de 2015, um mês após o crime. Segundo a advogada criminalista Elisângela Leite Melo, a lei não pode retroagir, fato que impede que o réu seja julgado pelo crime de feminicídio, que prevê pena maior que o crime de homicídio qualificado.

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