PM é preso com metralhadora furtada de delegacia em Vitória
A arma foi encontrada na casa do policial e havia sido furtada da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. A Sesp não confirmou qual foi a participação do suspeito no crime
A polícia conseguiu deter, na tarde desta quarta-feira (10), mais um suspeito de participar de um dos arrombamentos a delegacias do Espírito Santo. De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o acusado é um policial militar. Com ele, foi encontrada uma metralhadora, que havia sido furtada da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). A arma estava na casa do policial.
O soldado policia militar Paulo Vitor Alves de Jesus foi levado para a Corregedoria da Polícia Militar, depois de passar a tarde prestando depoimento.
O policial foi preso em Cariacica . A policia não passou detalhes da prisão. Ele deverá ser apresentado pela polícia nesta quinta-feira (11). De acordo com a Sesp, ainda não se sabe a participação do policial no crime.
A arma possui a sigla PCES, da Policia Civil do Espírito Santo, além dos símbolos do governo do estado e da policia. Ela estava dentro do carro do Polícia Militar que foi abordado nas proximidades do terminal de Campo Grande. O suspeito preso ingressou na polícia na última turma, era recruta e estava nas ruas desde janeiro. Paulo Vitor estava lotado na primeira companhia do Primeiro Batalhão na Ilha De Santa Maria.
Prisões
Cinco pessoas já haviam sido detidas, sendo dois adolescentes, acusados de também participarem dos arrombamentos. Os maiores são Sávio Ricardo Falcão dos Santos, Paulo Vitor Gabriel dos Santos, ambos de 18 anos, e Starlin dos Santos Santana, de 23 anos.
Depois que souberam da prisão do comparsa, os menores se apresentaram à polícia. Sávio Falcão, apontado pela polícia como chefe do tráfico no Morro do Cruzamento, em Vitória, e Starlin também tiveram envolvimento no furto da última segunda.
Os três foram conduzidos para o Centro de Triagem de Viana. Eles foram autuados em flagrante por furto qualificado, associação criminosa, posse ilegal de arma de uso restrito e corrupção de menores. Já os adolescentes foram apresentados ao Juizado da Infância e Juventude de Vitória.
A polícia encontrou ainda parte dos materiais furtados em um terreno localizado no Morro do Cruzamento, em Vitória. As investigações levaram a polícia a um matagal, no alto do morro, onde os bandidos esconderam munições de calibres 12 e ponto 40. Uniformes e coletes da Polícia Civil, equipamentos eletrônicos, celulares e um simulacro de pistola, roubados da DPCA, além de uma escopeta calibre 12, de fabricação caseira, também foram apreendidos durante as buscas.
Arrombamentos
Em apenas 11 dias, foram registrados seis casos de arrombamentos a unidades policiais no Espírito Santo. Dessas ocorrências, quatro foram em delegacias. Somente a Delegacia Especializada em Atendimento a Mulher (Deam) de Vitória foi alvo dos bandidos duas vezes.
Na segunda-feira (8), o alvo foi a DPCA, também na capital. Durante a madrugada, três armas de uso restrito da polícia e coletes à prova de bala foram levados.
Já no dia 31 de maio, a invasão aconteceu a uma unidade da Polícia Militar. Na ocasião, 14 pistolas foram roubadas de dentro do 6º Batalhão, na Serra. Um dia antes, um homem tentou furtar uma televisão da sede do Batalhão da PM de São Mateus, no norte do Estado.
Os seis casos dos últimos dias chamaram a atenção das autoridades, já que apenas um crime dessa natureza havia sido registrado nos últimos 12 meses.
Imagem suja
Para o coronel Ronalt William, ex-comandante geral da Polícia Militar, a participação de um militar no esquema de roubo de armas no estado denigre a imagem da corporação. "Os policiais estão muito chateados com essa situação, porque mancha o nome da Polícia Militar do Espírito Santo. O policial que participa de crime é pior do que os outros bandidos. Porque a população espera que ele a defenda, mas ele faz o contrário", destacou.
Sobre os constantes episódios de arrombamentos a delegacias e os consequentes furtos de armas no Estado, Ronalt William ressaltou que a situação é reflexo de uma falha de gestão. Segundo o coronel, o governo deveria prever essa situação, uma vez que o número de armas em circulação tem se tornado cada vez menor, em função das constantes apreensões de arma.
"Uma das formas de diminuir o número de homicídios é tirar as armas de circulação. Como o número de apreensões tem sido maior a cada ano, a quantidade de armas em circulação se tornou escassa. Então os bandidos vão procurar um meio para recuperar esse armamento. E uma das formas de conseguir isso é ir diretamente na polícia. Então o governo deveria ter previsto esse cenário. Mas a segurança nas unidades policiais é muito falha, especialmente nas delegacias", salientou.
Para o ex-comandante geral da PM, o Estado deve realizar um trabalho integrado, envolvendo todos os poderes, para que todas as armas sejam recuperadas e os culpados punidos.
"Uma resposta a essa situação é mais do que obrigação do Estado. Errar é humano, todo mundo erra. Mas errar duas, três, quatro, cinco, seis vezes é um absurdo! Se tem que guardar esse tipo de material, que seja guardado em um local seguro", afirmou.