Rapaz procura a polícia após ser acusado falsamente de matar DJ; propagar boatos pode dar cadeia
Além desse, outros casos de fake news aconteceram recentemente no Espírito Santo, causando prejuízos materiais e transtornos para as vítimas das fake news
Um boato envolvendo a prisão de um suspeito de ter participado do assassinato do DJ e produtor de eventos Thiago Crei começou a circular nas redes sociais e aplicativos de mensagens, na tarde de terça-feira (10).
Fotos de um rapaz começaram a ser compartilhadas como sendo a imagem do criminoso envolvido no homicídio do DJ, que foi encontrado morto, na manhã de terça, no bairro Ataíde, em Vila Velha.
O jovem utilizou sua conta nas redes sociais para esclarecer que a história não tem qualquer fundamento. Disse ainda que está tomando as providências cabíveis e que procurou a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência.
Por meio de nota,
No entanto, casos como este têm se tornado cada vez mais comuns nos dias de hoje, uma vez que a internet acaba sendo uma ferramenta que favorece a rápida propagação de informações, sejam elas verídicas ou não.
Outro caso recente aconteceu com um morador do bairro Nova Esperança, em Cariacica, no mês passado. Ele teve a casa incendiada e saqueada após um boato circular na região, apontando ele como responsável pelo assassinato do menino Ricardo Coelho Rodrigues, de 7 anos, que morreu após ser baleado no dia 14.
Vizinhos disseram que o homem, que trabalha como marceneiro, chegou a ter desavenças com o pai do menino meses antes, por causa de uma vidraça. A Polícia Militar, no entanto, afirmou que o homem não tem qualquer relação com a morte de Ricardo.
No mesmo dia em que a criança foi baleada, a casa do marceneiro foi invadida, saqueada e incendiada. O imóvel ficou totalmente destruído. A esposa do marceneiro está grávida e todo o enxoval do bebê foi perdido.
"Isso mudou a nossa vida porque a gente precisou ter responsabilidade que nós nunca precisamos ter, de precisar morar na casa dos outros. A gente, no momento, não pode pagar um aluguel porque a gente tem a prioridade de refazer o enxoval da neném, que está chegando e não tem nada", disse a irmã do marceneiro, que preferiu não se identificar.
Já a operadora de caixa Adriana Felisberto Arruda Fontes, de 34 anos, que mora em São Paulo, foi confundida com a corretora de imóveis Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos, que atropelou e matou a estudante e modelo Luísa Lopes, de 24 anos.
O acidente aconteceu no último dia 15, na Avenida Dante Michelini, na Praia de Camburi, em Vitória. Segundo a polícia, a condutora do veículo apresentava sinais de embriaguez e foi detida em flagrante. No entanto, foi liberada após pagar uma fiança no valor de R$ 3 mil.
Por causa da confusão com a corretora de imóveis, a operadora de caixa chegou a sofrer ameaças e foi alvo de xingamentos nas redes sociais.
"A primeira mensagem me chocou muito, porque foi um perfil que mandou só 'assassina'. Eu falei 'oi?', fiquei sem entender. E aí, na hora que eu fui nos comentários de um vídeo meu, tinha um comentário lá: 'esse aqui é o perfil da assassina'", relatou.
"Nunca tinha passado por uma coisa dessa. A gente acha que é uma coisa que nunca vai acontecer. Você não imagina, não espera que possa acontecer uma coisa dessa com você", completou.
Fake news é crime e pode resultar em prisão, alerta especialista
Entretanto, a facilidade da informação instantânea, possibilitada pela internet — especialmente por meio das redes sociais —, requer responsabilidade por parte de quem propaga tais mensagens. Caso não haja o devido cuidado, essa mensagem pode virar desinformação — as chamadas fake news.
De acordo com o especialista em segurança Raphael Pereira, a orientação é que as vítimas de notícias falsas procurem a polícia.
O especialista em segurança alerta ainda que autores de fake news podem responder criminalmente, podendo ser punidos com prisão.
"Desde crimes contra a honra, como calúnia, injúria e difamação, até crimes mais graves, como denunciação caluniosa, que tem pena prevista de reclusão de dois a oito anos", pontuou.
Além disso, quem repassa a informação inverídica não está livre da responsabilização. "Não só quem cria a desinformação pode ser duplamente responsabilizado, mas quem propaga isso também, sem o devido cuidado, sem a devida cautela", frisou Raphael Pereira.
Para quem foi vítima de fake news fica o apelo. "Não compartilhem mensagens que vocês não tenham certeza. Ninguém sabe a força de um pré-julgamento até passar pelo pré-julgamento e ser prejudicado duramente, sentindo na própria pele", afirmou a irmã do marceneiro de Nova Esperança.
* Com informações da repórter Luana Damasceno, da TV Vitória/Record TV