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Polícia

Clínica de reabilitação é acusada de “enjaular” pacientes em São Paulo

Uma das unidades, a feminina, já é investigada pelo Ministério Público desde 2012 e é a mesma onde Leise Daiane, irmã de rainha do rodeio, foi achada morta

Redação Folha Vitória
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Quem não obedece é enjaulado, contou uma testemunha Foto: R7
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Uma rede de clínicas de reabilitação, com mais de dez unidades no interior de São Paulo, é acusada por ex-pacientes de praticar maus-tratos como isolar os indisciplinados, oferecer comida azeda, praticar humilhação, além de obrigar grávidas a trabalhar e dopá-las com remédios tarja preta. Uma das unidades, a feminina, já é investigada pelo Ministério Público desde 2012 e é a mesma onde Leise Daiane, de 32 anos, irmã de rainha do rodeio, foi achada morta no dia 3 de abril, em Ituverava. O local também já foi alvo de ação da vigilância sanitária.

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Dois pacientes ouvidos pela reportagem do R7, que não quiseram se identificar, passaram por duas internações cada um na clínica neste ano. Um homem, de 42 anos, pagou a própria internação para se livrar do vício das drogas e conta que tirou a foto dos internos em celas de isolamento, prática comum no local. 

“Eles obrigam você a fazer tudo dentro da clínica e te humilham se encontram uma roupa suja, por exemplo, dizendo: sua família paga sua internação e você aí com preguiça. Se você não cumpre o que eles querem, do jeito que eles querem, eles te dopam e te enjaulam. Dão restos de comida, fruta podre, azeda. Os médicos aparecem só uma vez por mês e o psicólogo também. Mas eles vendem para a família que será toda semana. Fazem o que querem da gente e ninguém acredita em nós. Acham que porque temos problemas com droga merecemos qualquer tipo de tratamento”, contou o paciente.

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Uma jovem, de 25 anos, afirma que foi obrigada a capinar um terreno inteiro debaixo do sol, grávida de sete meses, tomando remédio tarja preta. “Graças a Deus minha filha nasceu bem. Mas eles me davam remédios tarja preta e me colocavam para trabalhar. Minha sogra que ameaçou e pararam de me explorar”, relatou.

Os internos são identificados pelas cores das camisetas que usam, de acordo com os relatos. Quem veste a preta tem regalias e pode "mandar" nos outros. Segundo os pacientes, a rosa é para quem monitora os demais e deve denunciar alguma conduta que não esteja dentro do estatuto. Eles dizem que isso gera conflitos entre os internos. A jovem afirma ainda que a clínica cobra uma mensalidade de acordo com a condição da família.

“As funcionárias tratam a gente mal e sugam a nossa família. Ninguém ali parece apto para tratar de dependentes. Querem dinheiro e cobram o que acham que [a família] pode pagar. A primeira internação me cobraram R$ 800, a última, R$ 1.200. Eu acompanhei a Leise [que foi encontrada morta] durante a internação e ela sempre disse que queria se matar e ninguém fez nada. Eles não mandaram ela embora com a família porque não queriam perder o dinheiro”, disse. 

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Claudia Ponciano Pugliani de Oliveira, proprietária da clínica Veredas de Ituverava, afirma que não há nenhum tipo de cela isolada dentro da clínica, que não há maus-tratos e que o caso de Laise foi a única morte no local em dez anos. Ela diz que os trabalhos feitos pelos internos são para preencher o tempo e exercem papel importante no tratamento. 

“A família visitou a Leise dias antes dela morrer e não a levaram porque não quiseram. Não agiram e agora querem transferir para nós essa culpa. Não tínhamos nenhum conhecimento de uma possível depressão e estamos aqui para tratar dependentes, não depressivos, por isso não vigiamos o sono das internas. Essas denúncias são mentirosas e vale ressaltar que estamos falando de pessoas em tratamento com as drogas: elas podem ser mentirosas e manipuladoras”, afirmou. 

O Ministério Público informou que abriu um processo em 2012 para apurar denúncias de maus-tratos, falta de plano terapêutico e problemas na estrutura física no local, o que também levou ao acionamento da vigilância sanitária. O estabelecimento feminino de Ituverava assinou uma TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) se comprometendo a fazer mudanças. Até agora, a clínica apresentou somente um plano terapêutico. 

“Clínica dos Horrores” no ES

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Uma clínica de reabilitação de dependentes químicos também está sendo investigada por maus tratos. Após denúncias anônimas, policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Vitória realizaram uma operação no local, em Jacaraípe, na Serra. 

De acordo com a polícia, as testemunhas disseram que funcionários do local torturavam as crianças e os adolescentes que estavam internados. A operação denominada “Clínica dos Horrores” investiga os supostos atos criminosos cometidos contra os menores.  

Com informações do R7

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