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Polícia

Adulteração de combustível: oito postos do ES vendiam álcool com solvente usado em tinta

Os criminosos teriam lucrado, até o momento, cerca de R$ 38 milhões. O dinheiro, segundo a polícia, era utilizado para manter o crime organizado

Redação Folha Vitória
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Foto: Divulgação / Polícia Federal
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Oito postos de combustíveis da Grande Vitória recebiam e vendiam gasolina adulterada. Segundo a Polícia Federal, a maioria dos estabelecimentos fica em Cariacica. As investigações apontam que os criminosos teriam lucrado, até o momento, R$ 38 milhões.

Na manhã desta terça-feira (12), a Operação Naftalina foi deflagrada para prender os suspeitos de integrarem a organização criminosa no Espírito Santo, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Um corante era adicionado a mistura para simular a cor da gasolina.

Durante a operação, agentes da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estiveram em um pátio clandestino em Vila Velha.

De acordo com o superintendente da PF, delegado Eugênio Ricas, o espaço era utilizado pela quadrilha como estacionamento para caminhões-tanque. Era no local que os suspeitos adulteravam a gasolina para revender para os postos.

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As investigações apontam que, desde 2020, a quadrilha recebia de forma ilegal cargas de álcool hidratado e nafta solvente de outros estados. Um corante era adicionado a mistura para simular a cor da gasolina.

"O material transportado era um solvente chamado nafta e álcool hidratado. Tudo indica que a organização misturava o álcool com a nafta e colocava corante para parecer gasolina. Mas, na verdade, não se tratava de gasolina. É um produto adulterado que pode danificar os carros e prejudicar os consumidores", explicou o delegado.
Foto: Divulgação / Polícia Federal

A fraude foi descoberta em 2020. Segundo o superintendente da PRF, delegado Amarílio Luiz Boni, equipes desconfiaram de irregularidades nas notas fiscais das cargas dos produtos durante abordagens nas rodovias do Espírito Santo.

"Nas abordagens de rotina, verificou que os motoristas das cargas apresentava documentos que tinham indícios de irregularidades. A origem diferia do que estava nas notas", disse.

O perito da Polícia Federal, Sérgio Cibreiros, explicou como os criminosos faziam a combinação irregular.

"Eles pegavam esse solvente utilizado em empresas para fazer tíner, querosene e outros solventes usados em empresas de tinta. Eles pegavam esse solvente e misturavam com álcool hidratado", explicou.

O delegado titular da Receita Federal, Eduardo Augusto Roelke, disse que as investigações apontaram que os suspeitos cometeram crime contra a ordem tributária, usando empresas de fachada e fantasmas.

"Barão do Petróleo": organização era comandada por miliciano preso 

Para a Polícia Federal, o esquema fraudulento prejudicava o consumidor final e ajudava o crime organizado. Ricas explicou que a organização criminosa era comandada por Denilson Pessanha, conhecido como "Barão do Petróleo". 

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O suspeito foi preso no Espírito Santo, em 2020, e foi levado para o Rio de Janeiro. Mesmo preso, Denilson, considerado miliciano, continuava liderando a quadrilha.

"Com ele, tinham outras pessoas, inclusive familiares, que cuidavam dessa organização criminosa. Parte dessa organização criminosa era composta por laranjas, pessoas que sabiam que o nome era utilizado para gerir os postos de combustíveis", detalhou.

Ainda de acordo com as investigações, até agora, a quadrilha lucrou R$ 38 milhões. Se considerados culpados pela Justiça, os envolvidos no esquema podem pegar até 41 anos de prisão. 

Segundo a Junta Comercial, a investigação é acompanhada pelo Instituto de Pesos e Medidas do Espírito Santo. O órgão foi procurado pela reportagem, mas até a publicação não tivemos retorno. O texto será atualizado quando recebermos um posicionamento.

O que diz o Sindipostos?

O Sindipostos, que representa o setor composto por mais de 700 postos no Espírito Santo, destacou que apoia a Operação Naftalina e repudia toda e qualquer prática que não esteja em conformidade com as regras do setor, mas respeitando o direito de defesa dos envolvidos.

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"O Espírito Santo tem, historicamente, segundo o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis da ANP, um dos melhores índices de qualidade do Brasil. Os fatos que estão sendo investigados são pontuais e, como se viu, praticados por novos entrantes oriundos de outros estados. Ou seja, não representa a realidade do nosso mercado", destacou o sindicato da categoria.

O Sindipostos divulgou a lista dos estabelecimentos que estavam vendendo a gasolina adulterada.

Veja a lista dos postos de combustível onde a gasolina adulterada era vendida

Posto Gallo
Rodovia Governador José Sete, Cariacica
Posto São Geraldo
Cruzamento da Rua São Roque com a Rua Águia Branca, Vale Encantado, Vila Velha
Posto Frontier
Cruzamento da Rua Vicente Celestino com a Rua Santana, Campo Grande, Cariacica
Posto As Eirelli
Avenida Fernando Antônio, 579, Bela Aurora, Cariacica
Posto Nova Marca
Rodovia Norte-Sul, ao Lado do Terminal de Carapina, Rosário de Fátima, Serra
Posto Jupter
Rodovia do Sol, 1796, Praia de Itaparica, Vila Velha
Posto Bremenkamp
Cruzamento da Avenida Bahia com a Rua Mariano Firme, Valparaiso, Cariacica
Posto Rio Marinho
Cruzamento da Rua Principal com Rua Ovídio, Rio Marinho, Cariacica

*Com informações da repórter Suellen Araújo, da TV Vitória/Record TV.

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