Golpe da formatura: suspeito foi encontrado após se inscrever em campeonato de jiu-jitsu
Após o golpe, o suspeito teria desaparecido e não era localizado para receber as intimações da Justiça. Segundo a polícia, o homem teria ido até para China com o dinheiro das vítimas
O homem suspeito de aplicar um golpe de R$ 1 milhão em mais de 120 universitários do Espírito Santo teria viajado até para a China com o dinheiro das vítimas. Luis Carlos Vieira Junior, de 39 anos, foi preso quando participava de um campeonato de jiu-jitsu no Tancredão, em Vitória.
Cerca de um mês antes da prisão, alguns estudantes que foram vítimas do rapaz viram Luiz Carlos na Grande Vitória. Desde a época do crime, ninguém conseguia contato ou localizar o suspeito.
A advogada que representa oito turmas vítimas do rapaz, Lillian Thais, contou à reportagem do Folha Vitória que, no mês passado, o homem foi visto em uma academia, no bairro de Fátima, e um supermercado, no bairro Mata da Praia, em Vitória.
"Alunos o viram em uma academia de Bairro de Fátima e no supermercado na Mata da Praia, e me avisaram. Eu sempre mantive contato com o escrivão para saber sobre o decorrer das investigações. A polícia estava aguardando a Justiça expedir o mandado de prisão", explicou.
Os investigadores descobriram que Luis Carlos fazia aulas de jiu-jitsu e iria participar de um campeonato em Vitória. O suspeito acabou preso.
Entenda o crime: suspeito fechava pacotes de formaturas, mas não realizava eventos
As investigações apontam que o suspeito fechava contratos de prestação de serviço, mas não cumpria. Segundo a polícia, em 2015 e 2016 foram fechados contratos com onze comissões de formaturas. No entanto, as festas não aconteceram.
O suspeito cobrava entre R$ 6 mil a R$ 20 mil de cada estudante por um pacote completo, que incluía cerimônia religiosa e baile de formatura. Jessica Boldi, uma das vítimas, contou que, quando a data do evento foi se aproximando, Luiz Carlos desapareceu.
A advogada explicou que, inicialmente, as turmas procuraram uma empresa renomada do ramo de evento, onde Luiz trabalhava, para fazer a festa de formatura. Após o suspeito romper com essa empresa, ele criou a Forma X e fez um novo contrato com as vítimas.
Quando perceberam o golpe, os alunos procuram uma advogada e avisaram outros estudantes que poderiam ser vítimas do estelionatário. O suspeito, segundo a polícia, deixou um prejuízo de R$ 1 milhão aos formandos.
"Eles mandavam mensagens para ele, mas ele não respondia. A esposa dele falava que ele estava viajando. Quando passou a data da festa, procuraram a gente. Entramos em contato com a empresa. Primeiro, disseram que ele foi para o Rio de Janeiro, depois para Portugal, depois descobrimos que foi para China. Fizemos a notícia crime, mas ele nunca havia sido encontrado", disse a advogada.
Nas redes sociais da suposta empresa, o homem sempre publicava foto das reuniões que realizava com os estudantes. Em uma delas, ele escreveu na legenda: "Reunião até depois do expediente em plena segunda-feira?! Sem problemas! Se for para resolver questões importantes e deixar nossos formandos satisfeitos, a gente faz sim".
A polícia continuou as investigações e o suspeito foi preso neste fim de semana. Agora as vítimas vão tentar uma indenização. "Vamos pedir uma indenização. Não tem bens no nome dele, mas vamos tentar conseguir algo para os alunos", destacou Lillian.
Suspeito postava fotos com espumante de R$ 1,8 mil
Na biografia de uma rede social, Luis Carlos se descreve como alguém que já visitou dez países. No entanto, segundo o delegado Douglas Vieira, ele ostentava com o dinheiro das vítimas.
"Ele tinha um padrão de vida acima do seu rendimento, com fotos nas redes sociais com espumante que custa em torno de R$ 1,8 mil. No ano de 2019, que ele deveria estar envolvido em diversas festas de formatura, ele foi viajar para a China. Ficou praticamente cinco meses lá e alegou que amigos davam os convites, ofereciam estadias, mas nós não acreditamos nisso", afirmou.
Suspeito também pode responder por organização criminosa
O delegado acredita que o golpista tenha feito outras vítimas ao longo dos últimos anos, mas a legislação brasileira não permite que o registro seja feito na polícia depois de seis meses de crime. Apesar disso, se condenado, Luis Carlos pode ficar muito tempo preso.
"São quatro ações penais que tramitam, sendo três em Vitória e uma em Cariacica. Cada golpe desse é um crime de estelionato, que a pena pode chegar a cinco anos. Se identificarmos que houve lavagem de capitais, pode responder uma pena de até 8 anos. Se verificarmos que tem mais pessoas nesse golpe, pode responder também por organização criminosa", explicou Vieira.
Polícia dá dicas para não cair em golpes
Para os estudantes que pretendem organizar festas de formaturas, o delegado deixa ainda uma orientação importante que pode evitar golpes e prejuízos.
"Organize a comissão, abra uma conta em nome desta comissão e deposite os valores nesta conta. Não deposite em nome de terceiros, em nome de pessoas que fazem o evento. Não é algo que nós aconselhamos porque você pode ficar no prejuízo", orientou.