Inquérito aponta sucessão de erros de policiais durante ação que matou o soldado Feu
Segundo as investigações, o disparo que tirou a vida do policial do BME foi dado a menos de cinco centímetros da vítima e saiu da arma do também militar Adriano da Rocha Esteves
A conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre o assassinato do soldado do Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar, Dayclon Nascimento Feu, de 28 anos, aponta que houve uma série de erros na ação dos policiais que participaram da ação na noite do último dia 6 de setembro, em Padre Gabriel, Cariacica, ocasião em que o militar foi morto.
Segundo as investigações, o disparo que tirou a vida do policial foi dado a menos de cinco centímetros da vítima e saiu da arma do também militar Adriano da Rocha Esteves, colega de trabalho de Feu, e que completou 28 anos nesta terça-feira (20).
"O laudo exclui os criminosos e os dois policiais que estavam na frente. E deixou em aberto tanto em relação ao Adriano quanto ao próprio soldado
O delegado destacou ainda diversos erros de procedimento dos policiais durante a ação, da qual participavam quatro militares. O soldado Feu estava sentado atrás do motorista da viatura e Adriano ao seu lado direito, atrás do cabo responsável pela equipe.
Segundo o inquérito da Polícia Civil, o cabo que estava à frente da equipe saiu da viatura em direção à parte traseira do veículo, contrariando a
Ainda de acordo com João Paulo Pinto, o policial não deveria ter atirado da parte de dentro da viatura, já que Feu estava entre ele e os bandidos. O correto, segundo o delegado, seria sair da viatura. Ao disparar, o tiro acertou a cabeça do soldado Feu, pelo lado direito.
"Até aquele momento, não havia conhecimento de que o disparo havia sido dado daquela forma, ou seja, da direita para a esquerda e a menos de
O presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar, Flávio Gava, reconheceu que houve erro por parte dos policiais do BME e admite que o treinamento da corporação precisa ser aprimorado.
"Infelizmente erros acontecem. O erro de procedimento aconteceu e isso serve de lição para nós. Mesmo sabendo que o BME é o batalhão mais bem treinado do Espírito Santo, devemos aprimorar ainda mais o treinamento, por melhor que ele seja. Infelizmente a vida do Feu não tem como voltar e o Adriano vai ter que pagar pelo erro que cometeu", frisou.
O soldado Adriano será indiciado por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Ele ainda pode receber a progressão de pena, que varia de um a dois terços da pena, já que o crime resultou de inobservância de regra técnica no exercício da função.
O inquérito da Polícia Civil será encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar, que abriu um inquérito policial militar para apurar os fatos. A corregedoria aguardava o recebimento da conclusão do inquérito civil para encerrar os trabalhos.
Os suspeitos de envolvimento no caso, Iaclisson Cajaveira de Almeida e um menor de 17 anos, responderão por crime de homicídio qualificado tentado contra os quatro policiais militares.
"Os dois confessam que estavam no local portando arma de fogo e que iniciaram a troca de tiros. A gente conclui que nenhum dos dois acertou o
Punição a soldado está sendo avaliada
Em uma coletiva, no final da manhã desta terça-feira (20), o coronel Ilton Borges, corregedor da Polícia Militar, informou que a punição para o policial, que teria disparado contra o soldado Feu ainda está sendo avaliada. Adriano da Rocha Esteves já está afastado, mas apenas quando o inquérito policial militar for concluído a punição para o PM será divulgada.
Segundo Borges, a arma do policial demorou a ser recolhida porque eles não imaginavam que o tiro poderia ter partido de um colega de farda. “É
De acordo com o coronel, esse é o único registro desse tipo de falha em uma tropa de elite do Estado em toda a sua história. Ele afirma que o Batalhão de Missões Especiais (BME) tem um ótimo treinamento, e não faltou preparo para o policial acusado.
O crime
O soldado Dayclon Nascimento Feu foi morto com um tiro na cabeça, na noite de 6 de setembro do ano passado, no bairro Padre Gabriel, em Cariacica. Segundo colegas de trabalho, Feu foi atingido na rua Chico Mendes, que cruza com a avenida principal do bairro.
Na época, os policiais que estavam na ocorrência informaram que a viatura do BME parou em uma esquina. Assim que os PM's avistaram dois rapazes
Um suspeito foi baleado. Iaclisson Cajazeira de Almeida foi socorrido para o hospital. O menor que estava com ele conseguiu fugir, mas depois foi apreendido.