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Teatro na escola proporciona desenvolvimento de habilidades e fortalece valores como empatia e espírito de equipe

Na Escola Monteiro, são montadas oito peças teatrais por ano junto a turmas do 6° ao 9° ano.

Foto: divulgação/ escola monteiro
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Valores como empatia, espírito de equipe, dedicação, disciplina, autoconhecimento e autoconfiança podem ser reforçados a partir do teatro

Davi Silva Poltronieri, 11 anos, teve o primeiro contato com teatro este ano na Escola Monteiro, onde cursa o 6º ano do ensino fundamental II. Sua turma trabalhou ao longo do semestre a produção de uma peça baseada no livro “Ponte para Terabítia”, de Katherine Paterson, sob orientação da professora Lorena Lima, atriz, escritora, diretora e dramaturga com quase 30 anos de experiência na área.

“Foi uma oportunidade muito legal e espero que seja só a primeira de muitas. Quero continuar fazendo teatro. Participei diretamente de dois grupos: da dramaturgia, ajudando a construir o texto da peça, e da atuação, no papel de Jess, um dos protagonistas”, conta.

Mas Davi faz questão de afirmar que a lição mais importante aprendida nas aulas de teatro diz respeito ao valor do trabalho de equipe. “A gente vê que todo mundo é muito importante. O que seria de uma peça sem o cenário, sem o figurino, sem a divulgação e sem a trilha sonora que ajuda tanto a contar a história? Não seria nada, nada. As coisas só funcionam porque trabalhamos juntos”, considera.

Foto: divulgação/ escola monteiro
Davi Poltronieri em cena: “no teatro, todo mundo é importante”
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A conclusão de Davi já seria suficiente para demonstrar a importância do trabalho desenvolvido pela Escola Monteiro com as turmas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental II, dentro da disciplina de Artes, ao longo de um semestre letivo.

Mas o pequeno ator vai além e conta sobre a dedicação necessária para decorar os textos e ensaiar. “No início, achei difícil. Tinha bastante texto. Mas eu treinei muito em casa, na escola”, lembra, admitindo a apreensão natural antes de entrar no palco e encarar a plateia. “Eu tive medo, mas sei que é normal. No final, deu tudo certo”, diz.

E ele não é o único a elencar os desafios e aprendizados proporcionados pelo teatro na escola. Aluno do 9º ano, Rodrigo Bonella Ribeiro Ramos, 14 anos, também teve contato com o teatro pela primeira vez no início do ensino fundamental II. E o interesse só foi crescendo ao longo da trajetória de quatro anos de aprendizado, vivência e prática.

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Para ele, a lição mais importante aprendida, entre muitas, diz respeito à empatia. “Eu consegui ficar mais tranquilo em relação ao outro, estabelecendo relações de diálogo e compreensão. Gosto muito de atuar e aprendi que, na construção do personagem, a gente precisa mergulhar no seu ambiente...Cada um tem o seu processo, mas é assim que funciona comigo. Eu tento realmente experimentar os sentimentos do personagem, me colocar no lugar dele. E isso muda a gente. Lembro que, na peça do 7º ano, eu fui um bandido muito mau que ia pular uma cerca e quebrava a perna. Aí, eu perguntei para a professora Lorena se eu ia ter que gritar. E ela me respondeu que, sim, que teria que gritar e quebrar a perna realmente, no sentido de vivenciar a dor do personagem. Virou uma piada entre a gente”, diz.

Para Lorena, empatia, espírito de equipe, dedicação, disciplina, autoconhecimento e autoconfiança – citados explícita ou implicitamente pelos depoimentos de Davi e Rodrigo – são, sim, valores e atributos que podem e devem ser reforçados a partir do teatro. “O teatro é uma arte feita com o outro e para o outro, tendo como base fundamental as relações. Então, quando direcionado de forma a despertar a importância do desenvolvimento humano através de suas especificidades, convoca o sujeito a olhar para si, promovendo o autoconhecimento, o reconhecimento das emoções e o desenvolvimento sensível de ações colaborativas”, afirma Lorena.

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Lorena Lima: “O teatro é uma arte feita com o outro e para o outro”
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O destaque, segundo ela, está sempre no quanto o exercício teatral revela através das relações que promove. “E isso vale para todos os núcleos de pesquisa. Na dramaturgia, no cenário, na escolha da trilha sonora ou do figurino, é preciso encontrar caminhos e tomar decisões em grupo e isso nos coloca diante de pensamentos e ideias diferentes dos nossos. Por isso, o trabalho está para além de somente escolher um texto, montar uma peça e apresentá-la. Há questões relacionadas à humanização e ao humanizar-que perpassam o que vamos construindo ao longo do semestre. Trabalhar o teatro na educação é um exercício prático de humanização”, reforça.

Foto: divulgação/ escola monteiro
Rodrigo Bonella fez três personagens na adaptação da peça “Sonho de Uma Noite de Verão”, de Shakespeare, e ressalta que atuar favorece a empatia. 

O aluno Rodrigo confirma o que diz a professora, exemplificando com o trabalho realizado este semestre para a montagem da peça “Sonho de uma noite de verão”, de ninguém menos que Shakespeare.

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“São horas de peça no texto original. Eu, o Igor e o Felipe, dois colegas de turma, tivemos um trabalho enorme para resumir e adaptar o texto. Conseguimos por estar em grupo. E valeu a pena. No final, só queria abraçar meus amigos para comemorar. O teatro nos ensina sobre coletividade e me faz muito feliz”, diz o adolescente que interpretou três personagens, além de fazer parte do núcleo de dramaturgia.

Dinâmica de trabalho

A professora Lorena Lima explica que, na Escola Monteiro, o teatro faz parte da disciplina de Artes oferecida no ensino fundamental II.

“Ele é uma linguagem dentro da disciplina e acontece durante o ano todo. No primeiro semestre, as turmas “A” do 6º ao 9º fazem teatro e as turmas “B”, fazem artes. No segundo semestre, acontece a troca – quem fez artes no primeiro, vai fazer teatro. Ao todo, são montadas oito peças teatrais por ano. Cada turma trabalha com divisão de núcleos de pesquisas e produções. Os alunos escolhem o núcleo no qual desejam trabalhar”, explica.

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São seis núcleos no total: núcleo dramaturgia (adaptação e ou construção do texto teatral), núcleo atuação, núcleo cenário (produz cenários e elementos cenográficos no Espaço Maker da escola, sob a responsabilidade dos profissionais que atuam no espaço), núcleo figurino, núcleo trilha sonora e núcleo designer e comunicação (identidade visual da peça).

Foto: divulgação/ escola monteiro
 Os alunos são divididos em núcleos, como o de cenografia, que utiliza o Espaço Maker da escola.

E há uma integração com outras áreas do conhecimento. Os textos, por exemplo, são escolhidos a partir do Projeto de Letramento Literário desenvolvido pela escola.

“Trabalhamos sempre com os livros lidos pelas turmas no ano anterior e os títulos são colocados em votação para cada turma. Também é possível inserir um outro título, mas sempre de acordo com a faixa etária e sob o conhecimento da coordenação pedagógica”, explica, ressaltando que, antes de começar a montagem da peça, é feita uma introdução ao trabalho a partir de jogos teatrais, muito importantes para o processo como um todo.

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Os alunos do 7º ano produziram uma peça baseada no livro Diário de um Banana.

Arte, na prática

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E o teatro, na Escola Monteiro, não se restringe ao ensino fundamental II. “Fomos criados como uma escolinha de artes há 55 anos e seguimos abertos às possibilidades de aprendizado, de desenvolvimento de habilidades, de felicidade no aprender, de formação mais ampla, criativa e sensível que a arte nos oferece. Nesse sentido, temos também uma oficina de teatro, como atividade extracurricular, para alunos de 4º e 5º anos que se interessam pelo tema. E iniciamos também um trabalho de teatro e ioga direcionado aos nossos funcionários”, afirma Penha Tótola,diretora pedagógica da Escola Monteiro.

Responsável pela oficina de teatro para alunos na faixa dos 10 anos, a professora Renata Piona, também reforça as inúmeras possibilidades de desenvolvimento que a linguagem teatral oferece.

“A partir de jogos e elementos do teatro, com a experimentação do corpo em cena e em movimento, trabalhamos o senso de autonomia dos alunos, o convívio social e as inúmeras trocas que ativam o senso de pertencimento, a criatividade e contribuem para dar contorno à subjetividade e à individualidade dos participantes.”, afirma.

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Oficina no ensino fundamental 1: jogos e elementos do teatro trabalham autonomia e convívio social
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Funcionários e professores da Escola Monteiro também participam de oficinas de teatro e ioga.
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Para os funcionários, o trabalho de ioga e teatro é desenvolvido pela professora Lorena e pelo professor de ioga, Lucas Eller. “A oficina começou em maio deste ano com objetivo de contribuir para a gestão da qualidade de vida dos participantes, através de práticas de autocuidado e integração. Trabalhamos o ‘eu comigo, eu com o outro e eu com o grupo’, proporcionando um momento contemplativo de conexão consigo, de desacelerar e aliviar o estresse, fortalecer o equilíbrio emocional, desenvolver criatividade, espontaneidade e cooperação e aprofundar o vínculo entre os profissionais da instituição em prol uma cultura de paz, tolerância e respeito. O aqui/agora é o tempo da descoberta e do aprendizado”, finaliza Lorena. 


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