Qual é a qualidade do ar na Grande Vitória? Saiba como monitorar
As principais fontes de poluição são as indústrias minerais e siderúrgicas; veículos, portos e aeroportos e construção civil
As regiões metropolitanas são caracterizadas pelo desenvolvimento urbano, com infraestrutura, tecnologia, centros comerciais e industriais. Não é preciso andar muitos quilômetros por uma metrópole para perceber que há fluxo intenso de veículos, construção civil, produções industriais e outras atividades que fazem parte do meio urbano.
Essas evoluções, no entanto, emitem poluentes que interferem diretamente no ambiente e podem, também, afetar a saúde das pessoas.
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De acordo com o Índice da Qualidade do Ar, documento organizado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), a maior parte da atenção com a qualidade do ar recai especialmente sobre a Grande Vitória.
Segundo o documento, as principais fontes de poluição são as indústrias minerais e siderúrgicas; veículos (escapamento, evaporação de combustíveis, desgaste de pneus e freios), portos e aeroportos e construção civil.
Problemas de saúde e incômodo com poeira e odores são os impactos mais evidentes da poluição do ar na região. A médica pneumologista Dyanne Dalcomune explica que os poluentes podem afetar, principalmente, a saúde de crianças e idosos.
"Poluentes como o enxofre, óxido nítrico, gás carbônico e monóxido de carbono tanto inflamam os pulmões quanto intensificam as doenças que as pessoas já tenham. E esse problema afeta mais as crianças e os idosos. As crianças porque ainda não têm imunidade, o pulmão ainda não está totalmente desenvolvido, e os idosos porque possuem o envelhecimento da imunidade e alguma função do corpo que pode não funcionar tão bem por conta do envelhecimento", disse.
Como acompanhar a qualidade do ar na Grande Vitória?
Qualquer pessoa pode acessar o site do Iema e acompanhar o monitoramento sobre a qualidade do ar (clique aqui). A classificação é definida da seguinte forma:
BOA: de 0 a 40
MODERADA: > 40 a 80
RUIM: > 80 a 120
MUITO RUIM: > 120 a 200
PÉSSIMA: > 200.
Atualmente, os pontos da Grande Vitória informam que a qualidade do ar na região está na classificação boa.
Vinícius Rocha é coordenador de Qualidade do Ar do Iema e explica como funciona o monitoramento.
"São nove pontos de monitoramento na Grande Vitória, onde nós avaliamos as emissões de fases, material particulado e poeira sedimentável a cada hora. As estações estimam a concentração para cada poluente e realizam o Índice de Qualidade do Ar (IQA), que pode ser consultado no site do Iema", disse Vinícius.
Uma das questões que preocupou as autoridades locais e os moradores foram os incêndios registrados no Espírito Santo durante o período de secas.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Estado teve 635 focos de incêndio até novembro de 2024. O período crítico começou em julho, quando as queimadas aumentaram de forma aguda.
Para se ter uma ideia, de julho até setembro deste ano, os incêndios aumentaram 175% em relação aos mesmos três meses de 2023. Os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).
No entanto, apesar dos números alarmantes, a interferência na qualidade do ar no Estado não foi preocupante.
"A ocorrência das queimadas sinalizou um alerta e passamos a acompanhar de perto as estações de monitoramento. Porém, não observamos alterações significativas na qualidade do ar local. É claro que as queimadas, como um evento adverso, podem interferir na qualidade do ar, mas o que a gente percebeu é que o IQA permaneceu bom na Grande Vitória. A gente continua acompanhando, principalmente em relação ao material articulado e ao CO2 associado à queima, mas em mais de 90¨% dos pontos a qualidade do ar ficou classificada como boa", explicou o coordenador de Qualidade do Ar do Iema.
As metas para melhorar a qualidade do ar
No mês de junho, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou uma resolução que torna os padrões mais restritivos de qualidade do ar com prazos a serem cumpridos.
A primeira fase termina em 2024. Já em 2025, é iniciada uma nova fase com padrões mais restritivos e, dessa forma, a terceira fase acontece em 2033 e a quarta fase em 2044.
Todas essas fases têm como objetivo alcançar o padrão de qualidade do ar recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como explica a professora Elisa Valentim Goulart, do Núcleo de Pesquisa em Qualidade do Ar (NQUALIAR) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
"A OMS tem uma diretriz que indica o que seria o ideal, temos uma legislação estadual e existem as recomendações federais. Atualmente, está em vigor uma nova legislação, aprovada em julho deste ano, que estabelece critérios de qualidade do ar, informando quais são os poluentes e quais são os limites, mostrando os padrões que devem ser seguidos. Essa legislação determinou metas para chegar ao padrão definido pela OMS".
O Espírito Santo, porém, já cumpriu a terceira meta, esperada para 2033, ou seja, com nove anos de antecedência.
De acordo com o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, apesar do avanço, as medidas para evitar poluição do ar precisam continuar.
“Com exceção da poeira sedimentar, todo o resto é medido de forma automática no Espírito Santo. Estamos em contratação do novo sistema para a poeira sedimentar, ainda não existe um método eletrônico e automático, então a gente faz de forma manual todo mês. A gente esteve no Conama aprovando a nova resolução da qualidade do ar. A cada fase fica mais restrita a quantidade de poluentes. Nós aqui no Espírito Santo, por conta desse trabalho, já cumprimos a terceira fase, que só entra em vigor em 2033 para todos os parâmetros”, explicou.
As estações na Grande Vitória são geridas pelo Iema e fazem parte de uma das três redes de monitoramento de todo território capixaba, chamado de RAMQAr RGV.
Existem, ainda, o RAMQAr Sul, composta por seis estações em Guarapari e Anchieta, gerida pela empresa Samarco, e a RAMQAr Norte, com duas estações em Linhares, coordenada pela empresa Linhares Geração.
No site do Iema, os moradores da Grande Vitória podem obter informações sobre a qualidade do ar, como: poluentes, histórico, legislação, monitoramento, fontes poluentes e estudos.