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Protesto vai valer nota para estudantes

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Para reduzir os prejuízos ao calendário escolar causados pelas ocupações nas escolas estaduais, uma das unidades decidiu usar o momento como estratégia pedagógica. Professores da Escola Estadual Silvio Xavier, no Piqueri, zona norte de São Paulo, cobrarão dos alunos, que tomaram o colégio por três semanas, um memorial da reorganização proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) e dos protestos que se seguiram. Até a tarde de terça-feira, 15, 57 colégios seguiam ocupados.

A reestruturação da rede, que previa que as escolas tivessem ciclo único, além do fechamento de 93 colégios, foi revogada no dia 4 pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), após uma série de protestos. A promessa é que a medida volte a ser discutida no ano que vem para ser adotada em 2017.

A proposta da Silvio Xavier é aproveitar a "polarização" criada entre alunos que ocuparam a escola e os que se posicionaram contra para debater o assunto nas aulas de História e Geografia. A escola foi desocupada na última quinta. No primeiro dia de reposição, foi feita uma roda de discussão entre estudantes e docentes sobre o tema.

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Os estudantes terão de produzir um trabalho com relatos pessoais, textos explicando a reorganização, recortes de reportagens sobre as ocupações e fotos feitas no colégio. Farão também um grafite em uma área externa. A pesquisa vai compor parte da nota final das turmas nos anos finais do ensino fundamental e médio. Com o calendário apertado, a maior parte das salas não terá provas.

Para os alunos que não participaram da ocupação, a reclamação é por ter de ficar tempo a mais na escola. As reposições de aula devem durar até o fim do ano, incluindo sábados e até um domingo. "Foi ruim perder aula e repor agora, nas férias", disse a estudante do 7º ano Natiely Ferreira dos Santos, de 15 anos. Mas o resultado do processo foi comemorado. "Pelo menos não vai fechar mais a escola. No geral, acho que foi positivo", comentou Laís Cristina de Carvalho, de 13 anos, também do 7º ano. A unidade estava entre as que seriam fechadas.

Prejuízos

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De acordo com a Secretaria Estadual da Educação, dos colégios que foram desocupados, em 42 foram registradas depredações e furtos de autoria ainda desconhecida. Os alunos têm afirmado que criminosos aproveitaram a fragilidade das ocupações para cometer crimes. Em 26 escolas os prejuízos já foram estimados em R$ 566,8 mil. Nas demais, os danos ainda estão sendo avaliados.

A Escola Estadual Coronel Antônio Paiva de Sampaio, em Osasco, na Grande São Paulo, é a que custará mais aos cofres públicos. Com o telhado destruído, portas arrombadas, vidros e lâmpadas quebrados, além de impressora e micro-ondas danificados, a reposição de materiais deve ficar em R$ 350 mil.

A Escola Presidente Salvador Allende Gossens, na zona leste, também terá prejuízo alto: R$ 70 mil. Foram destruídos salas de aula, laboratório de informática, salas da direção e coordenação, cozinha, banheiros e cantina. Também foram quebrados portões, portas, carteiras e cadeiras, que ficaram espalhados pela unidade.

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Outra unidade cuja reforma será custosa é a Francisca Lisboa Peralta, também em Osasco. A pasta estima os gastos em R$ 50 mil, pela perda de holofotes e 200 lâmpadas estragadas, bomba de água danificada, além de materiais furtados.

Além disso, a reportagem apurou que na Escola Moacyr Campos, em Aricanduva, zona leste, dois computadores foram furtados da sala de leitura e algumas fechaduras, quebradas. O prejuízo é de cerca de R$ 4 mil.

Ocupadas

Em unidades que seguem ocupadas, como a escola Caetano de Campos, na Consolação, os alunos planejam evitar desgaste ao movimento estudantil. Eles querem pintar as paredes do colégio com tintas doadas. "Estavam com pichações antes de tomarmos a escola. Queremos deixar melhor do que quando entramos", disse o aluno Lucas Kaoka, de 18 anos.

Já na Fernão Dias, em Pinheiros, zona oeste, primeira a ser tomada na capital, alunos querem fazer uma faxina e reparos, principalmente nas salas de aula. "Se decidirmos realmente sair, precisamos montar um projeto de saída para continuarmos nossa luta e estratégias para termos mais voz e poder de decisão. Quando sairmos, a escola não vai ser mais a mesma, vai ser melhor tanto na estrutura como pedagogicamente", disse o aluno Heudes Oliveira, de 18 anos.

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Na escola Maria José, na Bela Vista, os alunos disseram que manter a unidade ocupada tem sido cansativo, mas que não vão desistir. Os estudantes de escolas ainda ocupadas defendem que a reorganização seja "cancelada" e não apenas suspensa, como anunciou o governador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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