Comunidades podem fortalecer negócios no meio corporativo
O conceito de “terceiro lugar” tem ganhado força no cenário de troca e compartilhamento de ideias sem julgamentos
O conceito de comunidade vem ganhando protagonismo no ambiente empresarial, mostrando que um espaço de apoio mútuo pode impulsionar o crescimento tanto de empresas quanto de seus colaboradores. É o que demonstra o relatório CMX Community Industry Trends Report de 2024, no qual 71% dos entrevistados afirmam ter notado um aumento no interesse pela comunidade nos últimos 12 meses.
A existência de comunidades organizadas ao redor de interesses comuns, como finanças, gestão ou inovação, oferece a oportunidade para que profissionais compartilhem experiências, melhores práticas e ideias, buscando criar um ambiente enriquecedor e de desenvolvimento contínuo.
Esse modelo se entrelaça com o conceito de “terceiro lugar”, que, na sociologia, se refere a um espaço de convivência fora de casa (primeiro lugar) e do trabalho (segundo lugar), onde as pessoas podem se expressar livremente e criar conexões.
Neste contexto, o terceiro lugar aparece como um ambiente de descompressão, onde profissionais encontram um refúgio para compartilhar seus desafios, receber apoio emocional e trocar conhecimentos, sem os limites hierárquicos típicos do local de trabalho.
As comunidades que integram este conceito possibilitam desenvolver uma cultura organizacional mais colaborativa, inovadora e inclusiva. Ainda segundo o relatório da CMX Community Industry, 81% dos entrevistados afirmam que as comunidades foram muito bem-sucedidas em impactar os objetivos de seus negócios.
Na comunidade Power Tax Brasil, onde profissionais de diversas áreas se reúnem para discutir legislação e práticas empresariais, Nicolas Meira, gerente tributário na Philip Morris Brasil e fundador da comunidade, destaca que os terceiros lugares são pilares para a confiança e o compartilhamento de ideias sem julgamento.
“Para mim, o pilar de qualquer comunidade é a confiança que temos nas pessoas que lideram essas comunidades. Além disso, ter uma relação de confiança entre os participantes, para que possamos compartilhar ideias sem medo de estarmos certos ou errados, é algo importantíssimo para que tenhamos um ambiente seguro para o debate e, consequentemente, para a troca de ideias e aprendizados”, destaca Nicolas.
A comunidade Women Leaders in Fintechs (WLF) se dedica a facilitar o desenvolvimento de lideranças femininas através do networking, fomentando um ambiente inclusivo que valoriza diferentes perspectivas.
“Em tempos em que o desenvolvimento profissional, o acesso à informação e às pessoas, o fomento de negócios e a expansão de conexões acontecem em comunidades, elas se tornam estratégicas para ajudar as empresas a criar culturas organizacionais mais inclusivas, inovadoras e colaborativas”, afirma Kaliane Abreu, Head of Tax Latam da Emergent Cold Latam, fundadora e presidente da WLF.
Para Karen Miura, da comunidade Maternidade Executiva, que auxilia mulheres a conciliar a vida de mãe e a carreira profissional, esses ambientes são uma zona de conforto para compartilhar anseios e problemas.
“As comunidades servem como espaços que se tornam zonas de conforto e, ao mesmo tempo, de inovação, onde podemos discutir abertamente temas que, muitas vezes, não encontram espaço no ambiente de trabalho formal. Construir e manter esses lugares seguros é fundamental para promover a diversidade de pensamento e o bem-estar coletivo”, destaca Karen.
Para Angela Pugliesi, presidente da comunidade W-CFO Brazil — voltada para mulheres executivas, os terceiros lugares devem estar alinhados com o ambiente corporativo para as ideias fluírem nos negócios.
“A comunidade é essencial para a sociedade, inclusive para o ambiente corporativo. Para isso, é fundamental que os valores estejam alinhados, assim como o principal propósito da comunidade. Também é importante um ambiente honesto e transparente, onde as pessoas se sintam acolhidas e possam se expressar e colaborar, especialmente doando seu tempo para um impacto social importante”.
Segundo Aline Linss, CEO da Formação Executiva de Negócios Tributários (FENT) que auxilia no preparo técnico e estratégico para profissionais do mercado financeiro, o pensamento coletivo supera o individual, e as comunidades têm um grande papel nesse cenário.
“Acredito profundamente que o poder da mente coletiva supera o da mente individual. Quando atuamos em comunidade, alcançamos um nível de excelência transformador, pois o ambiente molda nossas perspectivas e pode impactar nosso destino. Além disso, as comunidades empresariais constroem uma rede de apoio que amplia o potencial de cada membro e fortalece a resiliência e a inovação nos negócios”, completa Aline.
Augusto Flores, CEO da MTX, destaca que as comunidades oferecem a possibilidade de aprender com erros. “Me agrada o conceito de somar. Sempre me associei a pessoas por meio de trocas. É da natureza humana a troca. Isso fortalece conceitos, elimina pontos cegos e nos permite aprender com os erros e acertos dos outros, emulando um balão de ensaio. Por isso estou aqui: para ouvir, aprender, discutir e dialogar”, declara.
Andrea Mansano, a CEO da Diversity on Boards, criou a comunidade depois de um café com quatro conselheiras, para falar sobre o papel das mulheres em conselhos. Esse bate-papo se transformou em uma comunidade de 1.800 membros em 15 países.
Comunidades reunidas
Para discutir o tema das comunidades e do terceiro lugar, um evento reunirá as principais comunidades corporativas do Brasil em São Paulo, no dia 29 de novembro. O Stronger Together, organizado por Karen Miura, CEO da comunidade Maternidade Executiva, proporcionará uma oportunidade para discussões e trocas de conhecimento sobre as tendências mais atuais do mercado.
A conferência contará com a presença de renomados líderes das oito comunidades corporativas, que compartilharão suas experiências na condução dessas comunidades e oferecerão insights aos participantes sobre como aproveitar melhor esse engajamento comunitário.
Estarão presentes os líderes das comunidades: Maternidade Executiva, Women’s Leaders in Fintechs (WLF), TEWA, POWER TAX BRASIL, W-CFO Brazil, Diversity on Boards, FENT e Manicômio Tributário Podcast/MTX.
“O Stronger Together reflete a essência do que acredito ser o futuro saudável das relações humanas: colaboração e inovação através da força do coletivo, ou seja, das comunidades”, destaca Karen Miura.