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Luzes misteriosas: entenda o que são os fenômenos aéreos não identificados

Após a viralização de luzes misteriosas no Sul do Brasil, o astrônomo e coordenador do projeto de monitoramento de meteoros Exoss, Marcelo de Cicco, foi convidado para explicar o fenômeno

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução | YouTube | Câmera Pôr do Sol Guaíba
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Luzes misteriosas foram vistas por pilotos de aviões e por moradores no céu do Sul do Brasil nas últimas semanas. As imagens dos fenômenos aéreos não identificados (UAPs, na sigla em inglês) viralizaram na internet e deixaram os observadores intrigados.

No entanto, foram realmente luzes? Elas podem ser classificadas como fenômenos aéreos não identificados? Para falar sobre o fenômeno, o Programa Ciência no Rádio convidou o astrônomo Marcelo de Cicco.

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Ele é coordenador do projeto de monitoramento de meteoros Exoss, ligado ao Observatório Nacional (ON). Possui graduação em Astronomia pelo Observatório do Valongo/URFJ e mestrado e doutorado em Astronomia pelo ON. Atualmente, Marcelo é pesquisador da Diretoria de Metrologia Científica do INMETRO.

O que são os fenômenos aéreos não identificados (UAPs)

Foto: Reprodução | YouTube | Aeroporto Salgado Filho
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Imagens registradas pelas câmeras de segurança do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul

Marcelo de Cicco explicou que os fenômenos aéreos não identificados (UAPs) não se referem a objetos ou luzes de origem extraterrestre, mas sim a um objeto no céu que, no momento, não tem explicação.

Ele afirma que pode ser um objeto ou uma luz. Porém, em geral, essas aparições podem ser fenômenos naturais, como planetas, reflexos, nuvens e outras ocorrências atmosféricas.

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Assim como objetos ou luzes geradas pelo homem, como drones, balões e lasers, ou até mesmo, em último caso, permanecem sem explicação.

"Nestes casos, em participar, nós do Exoss acreditamos se tratar de um conjunto de fatores que vêm ocorrendo nas noites, podendo ser uma mistura de vários eventos naturais e do homem", explica Marcelo.

Segundo o astrônomo, as imagens registradas por câmeras mostraram diversas luzes pontuais, com um leve rastro, ou seja, pode ter sido a passagem de algum tipo de drone e drones soltando fogos de artifício, além de outros efeitos artificiais.

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Passageiros a bordo de um avião em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, também registraram o momento e mostraram as luzes paradas.

Foto: Reprodução / Youtube

Marcelo acredita que pode ser devido a efeitos de movimentos relativos e paralaxe (deslocamento aparente de um objeto quando se muda o ponto de observação).

Luzes podem ter sido treinamentos aéreos militares

Os registros de câmeras de alta definição mostraram características bem altas de rastro de meteoros ou algum satélite. Naquele momento, os militares da Força Aérea Brasileira (FAB) iniciaram treinamentos aéreos na região Sul do Brasil, próximo aos locais onde as luzes foram vistas.

De acordo com o Observatório Nacional, nenhuma dessas luzes foram registradas em radar. Ou seja, fortalece a hipótese de um fenômeno natural ou se alvos que estejam longe do alcance dos radares.

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Marcelo de Cicco também não descarta a hipótese de que as luzes podem ter alguma relação com os satélites da Starlink, porque as condições astronômicas dos dias em que as luzes foram vistas podem embasar a teoria de alguns flares da Starlink na região.

"Mas não acredito que todas as luzes vistas sejam de satélites Starlink. Fizemos uma análise inicial, com base no dia 9 e 10 de novembro, utilizando a base de dados do NORAD, com o total de quase 3300 satélites do Starlink", disse.
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Ele contou que a Exoss concluiu que cerca de 2690 satélites estavam passando nos céus de Porto Alegre. "Calculamos então o número de satélites em altura de visibilidade ideal de objetos espaciais e chegamos a 714 satélites. Vale salientar que muitos desses satélites podem ser contados de forma repetida, pois eles têm um período orbital de cerca de 90 minutos", explicou Marcelo.

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Com base nessa teoria e em cálculos complementares, a equipe do Exoss chegou a conclusão de que existe a possibilidade desses flares estarem acontecendo por conta de alguns Starlinks em altas latitudes.

No entanto, apesar dos cálculos, a teoria não explica a totalidade de casos que aconteceram no Sul, sendo um conjunto de efeitos naturais e do homem: meteoros, drones, treinamento militar na região e o novo efeito de flares de Starlinks.

“Caso sejam de fato flares de Starlink, deveremos ver esses fenômenos se repetirem até o final do ano, e paulatinamente diminuírem até a chegada do inverno”, explica o astrônomo.

Equipe da NASA participa de estudo sobre os UAPs

Recentemente, a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA, na sigla em inglês) selecionou 16 pessoas para participar de uma equipe de estudo independente sobre os fenômenos aéreos não identificados.

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Durante nove meses, a equipe estabelecerá as bases para estudos futuros sobre a natureza dos UAPs. Para isso, a equipe identificará como os dados coletados por entidades governamentais civis, dados comerciais e dados de outras fontes podem ser potencialmente analisados ​​para esclarecer os fenômenos.

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Em seguida, a equipe recomendará um roteiro para uma possível análise de dados de UAPs pela agência daqui para frente. Um relatório completo contendo as descobertas da equipe será divulgado ao público em meados de 2023.

*Com informações do Observatório Nacional.

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