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Geral

Cigarro eletrônico e sedentarismo bloqueiam avanços em saúde

Tabaco, álcool, ultraprocessados e distúrbios do sono contribuem para o crescimento das doenças crônicas no país. Especialistas apontam soluções para tentar frear esse aumento.

Dino - Divulgador de Noticias
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Foto: Divulgação/DINO
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A pandemia de COVID-19 acirrou hábitos nocivos na população, como o consumo de bebidas alcoólicas. Dados do Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) revelam que houve aumento de 20,6% no consumo abusivo de álcool, que equivale a 5 ou mais doses em uma mesma ocasião. As pessoas que mais sofrem são as mais vulneráveis socioeconomicamente, aquelas de menor escolaridade, além de negros, pardos, desempregados e moradores das regiões Norte e Nordeste. Assim como o excesso de álcool, o uso de tabaco pelos brasileiros também preocupa, mesmo que ele tenha apresentado estabilidade na pesquisa do Covitel, que entrevistou 9 mil pessoas das 5 regiões do Brasil. Segundo a Dra. Luciana Sardinha, Assessora Técnica de Epidemiologia e Saúde Pública da Vital Strategies, governos, instituições e profissionais da saúde não podem entrar na zona de conforto e ignorar o problema, pois a indústria do cigarro tem investido alto em estratégias para promoção dos dispositivos eletrônicos usados para fumar. “No Brasil, 7,1% da população já está consumindo cigarro eletrônico, sendo que 4,2% experimentaram pelo menos uma vez. Entre os jovens de 18 a 24 anos, quase 20% já tiveram algum contato com o cigarro eletrônico. Apesar de todo o trabalho que o país fez no passado, precisamos atuar muito nessa área”, destacou Dra. Luciana.

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De acordo com líderes que participaram do 11º Encontro do FórumDCNTs, promovido na capital paulista em 21 de outubro, para reverter esse cenário é necessário um conjunto de ações que envolvam parceria entre as instituições públicas, empresas privadas e terceiro setor, além da conscientização e adesão da sociedade civil. Este movimento, chamado de intersetorialidade, é destacado pelo Dr. Marco Akerman, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), como uma “necessidade política, econômica e de gestão” e deve ser trabalhada na prática, apesar de toda sua complexidade. “O importante é identificar problemas complexos sem solução conhecida para nos unirmos estrategicamente. Vimos, por exemplo, que só o setor saúde não foi capaz de resolver a pandemia. Ao mesmo tempo, sem esse setor também não seria possível resolvê-la”, disse o professor.

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O papel da alimentação adequada e saudável como estratégia de prevenção e cuidado de todas as condições crônicas não transmissíveis (CCNTs) foi destacado pela Dra. Laís Amaral, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), e pela Sra. Marília Albiero, da ACT Promoção da Saúde. Segundo elas, faltam políticas públicas eficazes e campanhas de educação alimentar e nutricional para a população. “Precisamos avançar com medidas regulatórias que facilitem as escolhas saudáveis e dificultam as não saudáveis, como melhorar a rotulagem dos alimentos, regular de forma efetiva a publicidade e a tributação de alimentos ultraprocessados, e a venda deles em escolas”, declarou a Dra. Laís. De acordo com a Sra. Marília, “a população desconhece que a alimentação não saudável é fator de risco para todas as CCNTs e, como consequência desse desconhecimento e dos preços baixos de alimentos ultraprocessados, acabam sofrendo as consequências associadas a esse tipo de consumo alimentar”.

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Por fim, o Coordenador Geral do FórumDCNTs, Dr. Mark Barone, também ressalta a importância de “fomentar parcerias entre diferentes instituições públicas, privada e do terceiro setor, para o enfrentamento verdadeiro e efetivo dos fatores de risco e das condições crônicas não transmissíveis, melhorando tanto a prevenção quanto o tratamento delas”, disse. Segundo Dr. Mark Barone, os desafios na área da saúde aumentaram com a pandemia de COVID-19 e, consequentemente, as chances de o Brasil atingir o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3.4 da Organização Mundial da Saúde (OMS) até 2030 reduziram muito. “Em 2018, o Brasil estava bem posicionado para o atingimento do ODS 3.4, reduzindo em 1/3 as mortes prematuras por CCNTs, mas o cenário mudou com a pandemia e estamos distantes da meta agora”, falou Dr. Mark.

Segundo dados da OMS, a porcentagem de pessoas que morrem anualmente por CCNTs no Brasil chega a 75%. Entre os fatores de risco para as mortes, muitas delas precoces – antes dos 70 anos de idade - estão o consumo abusivo de álcool, tabagismo, diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e câncer. "Todos os fatores de risco são importantes, mas destaco dois: a prevalência da inatividade física e da obesidade. A meta nacional agora é frear o aumento dos casos de obesidade”, declarou o fundador do FórumDCNTs. De acordo com a OMS, 84% dos adolescentes de 11 a 17 anos não praticam atividades físicas, e 47% dos adultos acima de 18 anos estão sedentários. A OMS alerta ainda que 9% dos adolescentes de 10 a 19 anos e 22% dos adultos no Brasil têm obesidade. Dr. Mark destacou, também, que mais recentemente foram elaboradas e entregues pelo FórumDCNTs e seus parceiros propostas aos candidatos a presidente e governador, a fim de garantir o compromisso deles com agendas prioritárias da saúde desde o início de seus mandatos.

Fonte: FórumDCNTs

 

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