"Onda de lama" deve reduzir em até 40% número de turistas no litoral de Linhares
Afirmação é do presidente da Espírito Santo Convention & Visitors Bureau, Alfonso Silva, que acredita que a região mais afetada será Regência, em Linhares, onde fica a foz do Rio Doce
Com a chegada da "onda de lama" com rejeitos de mineração ao mar da vila de Regência, em Linhares, onde fica a foz do Rio Doce, e a incerteza sobre até onde esses resíduos podem chegar ao longo do oceano, criou-se uma certa apreensão, entre turistas e profissionais diretamente envolvidos no mercado do turismo, em relação às condições das praias do Espírito Santo para o verão que está por vir.
Preocupados com a possibilidade de a lama atingir outros pontos do litoral capixaba, donos de hotéis, restaurantes e de outros estabelecimentos
No entanto, o presidente da Espírito Santo Convention & Visitors Bureau, Alfonso Silva, não acredita que esse desastre ambiental também se tornará uma tragédia para o turismo capixaba de modo geral, especialmente nos balneários mais badalados - como Guarapari, Anchieta, Piúma, entre outros. Ele admite que a região de Regência deverá ser severamente afetada por conta da queda do número de visitantes, mas afirma que outros pontos do litoral capixaba tendem a receber ainda mais turistas neste ano em relação a anos anteriores.
"Com a alta do dólar, aquela pessoa que pretendia viajar para o exterior tende a ficar por aqui e frequentar as praias do nosso litoral. Portanto acredito que esse verão será ainda melhor para os balneários mais badalados, que recebem um volume maior de turistas nessa época do ano. Uma pena que Regência provavelmente não vai poder aproveitar essa oportunidade", lamentou.
Alfonso acredita que a queda no número de turistas em Regência deve ficar entre 30% e 40%, mas destacou que não acredita que isso representará
Confira a entrevista:
Folha Vitória - Qual o impacto no turismo capixaba que a chegada dessa lama com rejeitos de minério ao litoral do Espírito Santo pode representar?
Alfonso Silva - Acho que esse acidente [o rompimento das barragens da Samarco em Mariana-MG e a chegada da onda de lama à foz do Rio Doce] vai
FV -
AS - Tradicionalmente Regência não é um local com grande fluxo de turistas no verão, não é um dos balneários mais procurados pelo grande público. É uma praia que possui características diferentes, ou seja, não é muito atrativa para famílias, por exemplo. É uma região que costuma atrair
FV -
AS - Acho que não. Essa questão dos cancelamentos é normal no turismo de lazer, acontece muitas vezes. A pessoa faz uma reserva e, a medida em que a data vai chegando, ela pode mudar de ideia e ir para outro lugar. Temos que levar em consideração que as condições econômicas das pessoas não estão tão boas assim hoje em dia, por conta da crise, e isso também pode resultar em cancelamentos. Portanto não acredito que a chegada da lama cause um impacto no turismo tão significativo assim quanto muitos estão falando. É comum que esse desastre provoque uma apreensão na comunidade em geral, mas acho que as pessoas não deixarão de vir ao Espírito Santo por causa disso.
FV - Com a queda no número de turistas, quais estabelecimentos deverão ser mais prejudicado?
AS - Acho que a queda no turismo afeta, de modo geral, toda a cadeia produtiva. Não tem como dissociar um setor do outro, todos acabam sofrendo.
FV - Que estratégias o município de Linhares pode adotar para minimizar o impacto gerado pela queda do turismo em Regência?
AS - Acho que Linhares pode focar em outros atrativos do município, talvez o agroturismo ou as lagoas da região. Mas é preciso pensar em uma outra