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Lama atinge reserva de desova de tartarugas-gigantes e se aproxima de São Mateus

Pescadores do Espírito Santo (Fecopes) entraram na Justiça com um pedido de liminar para que sejam mensalmente indenizados pela Samarco Mineradora

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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A lama está se aproximando das praias de São Mateus, no norte do Estado Foto: Divulgação/Governo
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São Paulo - Mesmo com a ação de ambientalistas, que tentaram salvar as tartarugas em Regência, Linhares, na região Norte do Espírito Santo, por meio da retirada dos animais, os berçários de caranguejos e de peixes, conhecidos como igarapés, foram atingidos pela lama barrenta que chegou à região.

A primeira tentativa de ambientalistas para evitar essa situação foi barrar os resíduos com a instalação de 9 quilômetros de boias na região, há aproximadamente uma semana. Na ocasião, a mineradora informou que tal medida reteria até 80% dos resíduos, o que não aconteceu.

No entanto, segundo o chefe da Reserva de Comboios, Antônio de Pádua Almeida, os ninhos das tartarugas que estavam próximos à foz do Rio Doce foram retirados previamente, para que a lama não os atingisse, mas a chegada dos rejeitos à parte norte da reserva ameaça outros ninhos.

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"Conseguimos retirar os filhotes que nasceram e os soltamos em outro ponto no mar como medida de emergência, mas não sabemos se eles serão ou não contaminados. Se o grosso dessa lama vier e ficar depositado tanto na foz quanto nas praias, não sabemos o impacto que vai trazer para a biodiversidade", disse Almeida.

Aves mortas

Em Regência, no litoral de Linhares, onde fica a foz do Rio Doce, a lama com rejeitos de minério continua provocando estragos na região e afetando diretamente a biodiversidade. Além de dizimar quase três toneladas de peixes ao longo do Rio Doce e afetar caranguejos da espécie Guaiamum, ameaçados de extinção, a lama agora pode estar contribuindo para a morte de dezenas de aves migratórias.

Nos últimos três dias, 13 aves conhecidas como "andorinhas do mar" foram encontradas mortas na foz do Rio Doce. Técnicos do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos estão percorrendo a faixa de areia e recolhendo os animais. 

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Somente na manhã desta quinta-feira (26), a equipe da TV Vitória/Record flagrou outras três andorinhas do mar mortas. Uma delas, inclusive, estava com identificação na pata, colocada provavelmente por algum pesquisador.

E por conta da lama no mar, as praias de Linhares continuam interditadas. Além das praias de Regência e Povoação, que já estavam indisponíveis para banhistas, agora é Pontal do Ipiranga que está interditada.

Lama se espalha

O município de São Mateus, no norte do Estado, pode ser a próxima região a ser atingida pela lama com rejeitos de mineração que desaguou no litoral capixaba, no último fim de semana, na localidade de Regência, em Linhares, onde fica a foz do Rio Doce. 

De acordo com a secretária de Comunicação de São Mateus, Sandra Pacheco, os resíduos de minério já estão a cerca de 15 km de Urussuquara e Barra Nova, que são regiões de manguezais e onde muitas pessoas dependem deles para sobreviver. 

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A secretária informou ainda que a prefeitura já entrou em contato com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Seama), Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e Defesa Civil estadual para saber como agir quando a lama chegar.

De acordo com o Iema, no sobrevoo realizado por técnicos do instituto nesta quinta-feira (26) foi identificado que a onda de lama deslocou-se aproximadamente 10 quilômetros ao sul, 6 quilômetros ao leste e 22 quilômetros ao norte da foz do Rio Doce. Segundo o Iema, o deslocamento dos resíduos recebe influência do comportamento das ondas e da direção do vento e, portanto, é difícil prever para onde a lama seguirá e quais pontos ela pode atingir.

Mesmo que os rejeitos de minério cheguem a São Mateus, eles não devem interferir na captação da água, já que o município é abastecido pelo Rio Cricaré. No entanto, o fornecimento de água no município está sendo feito por carros-pipa, já que o Rio Cricaré está salgado por conta da invasão da água do mar. 

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Segundo a prefeitura, isso ocorre porque, com a falta da chuva, o nível do rio está mais baixo do que o normal e, quando a maré enche, a água do mar acaba invadindo. Sandra Pacheco informou que atualmente o Rio Cricaré está registrando 5 gramas de sal por litro, quando o limite permitido é 0,25.

Segundo a prefeitura, por conta do problema no abastecimento de água, a agricultura de São Mateus está sendo seriamente afetada. A secretária disse que o prejuízo do setor no municipio é de R$ 235 milhões e que alguns bancos estão convocando os agricultores para renegociar as dívidas.

Indenização

Pescadores cadastrados na Federação das Colônias e Associações dos Pescadores e Aquicultores do Espírito Santo (Fecopes) entraram na Justiça com um pedido de liminar para que sejam mensalmente indenizados pela Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. 

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Um audiência de conciliação foi agendada para o dia 2 de dezembro. Em nota, a Samarco informou que ainda não foi notificada da intimação citada.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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