Espírito Santo cria comitê de emergência e inicia obra na foz do Rio Doce em Regência
A Defesa Civil Estadual tem monitorado o trajeto da lama. Já se definiu a emissão de alertas para avisar a população sobre a chegada, pois é comum as pessoas acamparem na margem do Rio Doce
Vitória - O governo do Espírito Santo montou um comitê de emergência para garantir o abastecimento de água para a população das cidades de Colatina, Baixo Guandu e Linhares, municípios que devem ser atingidos pela lama com rejeitos de minério da Samarco.
Essa delegação inclui o chefe de gabinete do governador, Neivaldo Bragato, o secretário de Saneamento, João Coser, e representantes da agência de recursos hídricos e da Defesa Civil, entre outros. Ela esteve reunida em Colatina com os prefeitos da cidade e de Baixo Guandu, além do secretário ambiental de Linhares. Foi colocada toda a estrutura do Estado à disposição das cidades, que já sofrem com a estiagem prolongada.
A Defesa Civil Estadual tem monitorado o trajeto da lama. Já se definiu a emissão de alertas para avisar a população sobre a chegada, pois é comum as pessoas acamparem na margem do Rio Doce.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento e Meio Ambiente de Linhares, Rodrigo Paneto, o abastecimento de água em Baixo Guandu e Colatina será interrompido nos próximos dias, visto que a captação é feita diretamente no Rio Doce, que pode subir até 2 metros com os rejeitos.
Ele explicou ainda que Linhares tem dois pontos de captação: Rio Doce e Rio Pequeno. E a vazão do segundo consegue manter o abastecimento nas outras duas cidades. Dez carros-pipa vão puxar água de Linhares 24 horas, sendo sete para Colatina e três para Baixo Guandu.
Entre as medidas adotadas pela prefeitura em parceria com o governo do Estado também está a abertura da foz do Rio Doce, na região de Regência, a 50 quilômetros do centro. "Faremos uma obra (a partir de amanhã) para que, ao chegar à foz, a mancha siga com mais rapidez e fluidez para o Oceano Atlântico", explicou Paneto.
Receio e estoque
Conforme amostras coletadas e analisadas anteontem, a água com rejeito de minério teve resultados de oxigênio dissolvido e turbidez em desacordo com os limites da legislação, além de aparência desagradável. A turbidez na água foi provocada pela presença do rejeito de minério, que deixou a sua aparência opaca (marrom avermelhada), podendo reduzir a penetração da luz. Isso prejudica a vida aquática - por isso, o temor da mortandade de peixes.
Em Colatina e em Baixo Guandu, por precaução, as aulas nas escolas públicas e particulares serão suspensas. Os moradores também não escondem o receio de acontecer uma contaminação. A gari Elisângela dos Reis Ferreira, de 50 anos, mora às margens do rio, no centro de Colatina. "Como vamos ter certeza de que essa água não vai trazer sujeira e riscos para a nossa saúde?", questionou.
Com medo de que falte água para beber, o professor Wanderson Rodrigues Motta, de 39 anos, correu até uma distribuidora de bebidas em Colatina, onde comprou alguns fardos de água mineral para deixar estocado em casa. "A situação já não era boa com a estiagem. Com a lama, o problema só se agrava."
Mineradora
A Samarco informou, por meio de nota, que "a expansão da mancha que avança no Rio Doce está sendo permanentemente monitorada" por seus técnicos. A empresa acrescentou que está em constante contato com as autoridades competentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.