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Fóssil de égua com potro no útero é encontrado

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Uma égua prenha da espécie pré-histórica Eurohippus messelensis foi descoberta por cientistas na Alemanha. De acordo com os pesquisadores, do Instituto de Pesquisa Senckenberg, o espécime de 47 milhões de anos estava muito bem preservado, mantendo o feto do potro, parte do útero e vestígios da placenta - algo extremamente raro em fósseis.

Segundo os autores do estudo, a descoberta demonstra que a reprodução dos cavalos primitivos era semelhante à dos cavalos modernos, apesar das enormes diferenças de tamanho e estrutura.

O Eurohippus messelensis tinha o tamanho de um cão moderno da raça fox terrier, quatro dedos em cada pata dianteira e três dedos em cada pata traseira.

O fóssil foi encontrado há cerca de 15 anos, mas só agora, ao ser estudado com uma técnica de microrraio-X, foi possível revelar a estrutura conhecida como "ligamento largo", que liga o útero à coluna vertebral e ajuda a suportar o peso do potro em desenvolvimento. Com a técnica, os restos da parede uterina tornaram-se visíveis.

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Segundo Jens Lorenz Franzen, autor principal do estudo, o espécime foi encontrado em uma escavação em Grube Messel, em uma antiga mina de carvão e xisto betuminoso, nas proximidades de Frankfurt. O local é conhecido por seus fósseis em excelente estado de preservação. "Quase todos os ossos do feto ainda estão articulados em sua posição original. Apenas a cabeça está esmagada", disse.

Segundo Franzen, o tamanho do feto e a presença de dentes de leite totalmente desenvolvidos indicam que ele estava próximo do nascimento, quando morreu com a mãe. Mas a posição no útero indica que os dois não morreram durante o parto. "O feto estava de cabeça para baixo, enquanto suas patas dianteiras não estavam esticadas, como ocorre logo antes do nascimento", declarou o cientista.

Participaram também do estudo Jörg Habersetzer, do grupo de Franzen, e Christine Aurich, da Universidade de Viena, na Áustria.

Bactérias

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Segundo o cientista, há 47 milhões de anos, no período eoceno, a égua provavelmente foi envenenada por gases vulcânicos ao beber a água de um lago que havia no local. Não existia oxigênio no fundo do lago quando os animais mortos provavelmente submergiram e foram envolvidos em sedimentos lamacentos.

Ali, bactérias anaeróbicas imediatamente começaram a decompor a pele, músculos e outros tecidos moles. Com isso, as bactérias produziram dióxido de carbono, que, por sua vez, precipitou os íons de ferro na água.

Como resultado, órgãos como a placenta não foram fossilizados diretamente, mas permaneceram visíveis como uma sombra escura deixada pelas bactérias, que consumiram o tecido e depois foram fossilizadas.

Segundo Franzen, graças à lenta petrificação das bactérias, elas criaram um fino resíduo que retratou os tecidos moles. Com a técnica de microscopia avançada, os pesquisadores puderam ver os vestígios desses tecidos moles como se fossem imagens marcadas na superfície dos ossos fossilizados.

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"Essas bactérias nos ajudaram de um jeito maravilhoso. A técnica nos permitiu visualizar partes dos pelos e das orelhas e até mesmo tecidos internos como vasos sanguíneos."

Segunda vez

De acordo com os pesquisadores, é apenas a segunda vez na história que cientistas têm a oportunidade de observar a placenta de um mamífero fossilizado. Em 2006, o grupo de Franzen publicou na revista Paleontographica a descrição de uma outra égua grávida fossilizada com um feto e sua placenta. O espécime havia sido encontrado em 1991 em Eckfeld, também na Alemanha Mas, segundo os autores, o estado de preservação do novo fóssil é muito melhor.

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