Visita do Papa João Paulo II ao ES completa 33 anos; relembre
João Paulo II morreu em 2005. Ele foi canonizado e reconhecido como santo em 2014, após passar pelos requisitos necessários da Igreja Católica
O ano era 1991. Há exatos 33 anos, no dia 19 de outubro, a capital do Espírito Santo, Vitória, parava para receber a visita do Papa João Paulo II, autoridade máxima da Igreja Católica. Nem mesmo o céu nublado e o tempo chuvoso registrados na época, atrapalharam a calorosa recepção preparada pelos capixabas.
O acontecimento ficou marcado na história do Estado. Milhares de pessoas se reuniram na então Praça da Enseada do Suá, atual Praça do Papa, para participar da Missa celebrada pelo pontífice. Karol Józef Wojtyła (nome de batismo) foi o primeiro, e até agora o único papa a visitar o estado.
Na ocasião, João Paulo II também visitou o Bairro São Pedro, na época “Aterro de Comdusa”.
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Conhecido como "Peregrino do amor", João Paulo II faleceu em 2005. Anos mais tarde, já em 2014 e após passar por todos os trâmites necessários da Igreja, foi canonizado, reconhecido como santo em um dos processos mais rápidos da história.
Recebido pelo então Arcebispo de Vitória, Dom Silvestre Luiz Scandian, assim que chegou no local da celebração na praça, o papa foi logo para diante da Imagem de Nossa Senhora da Penha, posicionada em um andor com diversas rosas com vista para o Convento da Penha.
Em uma homilia (pregação para explicar um tema ou texto do Evangelho), que durou cerca de 20 minutos, defendeu o direito à vida, ao falar do aborto, e ainda condenou a violência, sendo muito aplaudido pelos fiéis. Logo após a Missa, João Paulo II foi conduzido de helicóptero até a região da Grande São Pedro, também na Capital.
Na década de 90, o cenário era de grande pobreza. A população vivia em meio aos lixões e em casas muito simples e precárias feitas de madeira, sob palafitas sobre o mangue.
Meses de preparação
Antes de tudo acontecer, foi necessário formar uma comissão para atuar nos preparativos para a visita do pontífice ao estado. Abaixo, o decreto de nomeação da Comissão Central Arquidiocesana, assinado por D. Silvestre Luís Scandian, então Arcebispo de Vitória.
Veja:
Em um bate-papo repleto de memórias e recordações, padre Dauri Batisti, há 10 anos a frente da Paróquia de São Pedro, na Praia do Suá, em Vitória, conversou com a nossa reportagem sobre a passagem do Papa por Vitória.
Padre Dauri, na época, era o responsável administrador do chamado setor São Pedro, na região da Grande São Pedro. Foi ele quem ficou a frente da organização da visita de João Paulo II ao bairro "Aterro da Comdusa".
"Foram muitos meses de organização, sendo necessárias duas frentes de trabalho: uma para a Missa na praça e outra para a passagem dele pelo bairro. Ele queria conhecer um bairro carente. Pensamos na decoração, encomendamos uma imagem de São Pedro esculpida em madeira por um artista local, definimos o local do palco, reunimos 200 crianças que se apresentaram em um coral. Inclusive, não tínhamos quem ensaiasse elas. Uma senhora que era da Igreja Batista nos ajudou nisso, relembrou o padre".
A visita a comunidade carente, em 1991, foi marcada por muita alegria e comoção. Em meio a manifestações carinhosas e emocionadas, João Paulo II também presenciou protestos contra o extermínio de crianças.
Diferentemente da passagem pela praça na Enseada do Suá, no local não houve Missa, mas sim um Ato Litúrgico, seguido de pronunciamento. Padre Dauri contou como foi a chegada do papa.
"Chovia muito na hora em que ele chegou. Lembro daquele helicóptero grande se aproximando do heliponto construído especialmente para que pudesse visitar a região. As ruas tinham sido aterradas pouco tempo antes e por causa da chuva, havia muita lama e poças de água, mas isso não o impediu de quebrar o protocolo. Me marcou muito ele ter feito questão de descer do palco em meio aquilo tudo e se aproximado da comunidade. Foi um corre-corre."
Doação e construção do Centro Pastoral
A visita durou cerca de 40 minutos. Além de visitar o bairro, antes de ir embora, o papa fez uma doação. Padre Dauri conta que João Paulo II fez uma doação no valor de US$ 100 mil para a construção de um centro pastoral com salas, cozinha e espaços para encontros e reuniões destinado à formação de lideranças católicas.
Tempos mais tarde, o espaço tornou-se a sede da atual Paróquia. A Igreja foi construída anos depois.