Belo Horizonte está entre as 10 cidades mais inteligentes do Brasil
Palestras no Congresso Nacional do Mercado Imobiliário (Conami), na capital mineira, vão debater o conceito de "smart cities" e o papel do mercado imobiliário
Entre as cidades que mais investem em soluções inteligentes para melhorar a qualidade de vida da população, Belo Horizonte figura na vanguarda do processo de urbanização voltado à inovação e à tecnologia. É o que revela o ranking Connected Smart Cities (Cidades Inteligentes Conectadas), realizado pela consultoria Urban Systems, que elegeu a capital mineira como a segunda cidade mais inteligente da região Sudeste do Brasil. Nesse cenário, o mercado imobiliário é um dos aliados do planejamento urbano para o futuro e mira nas demandas de uma nova geração.
O estudo analisou 12 indicadores em 662 municípios brasileiros. No ranking geral, Belo Horizonte ocupa o quarto lugar, atrás apenas de São Paulo, Curitiba e Florianópolis. As smart cities, ou cidades inteligentes, estão cada vez mais em evidência e vão além do uso de tecnologia. O conceito engloba planejamento, gerenciamento e financiamento de iniciativas de inovação urbana.
"Precisamos desmistificar o conceito. Há vários projetos que são super inteligentes e não têm tecnologia por trás; ela é só uma forma de atingir o que você quer", afirma Renato de Castro, especialista em Smart Cities, com mais de 20 anos de experiência e hoje sócio de uma empresa do ramo em Dubai. Ele ressalta que as cidades não são feitas de tecnologias ou prédios, mas de pessoas com necessidades muito simples. "Não estamos fazendo as nossas sociedades mais inteligentes. É a sociedade que está evoluindo para uma cidade mais inteligente. O cidadão não precisa entender de tecnologia para saber se ele vive em um lugar bom ou ruim", analisa.
Em Belo Horizonte, por exemplo, o resultado no ranking se deve às políticas voltadas a soluções na natureza. Entre elas, está a instalação de "jardins de chuva" e de sinal wi-fi em vilas e favelas.
O bom uso e a aplicação do conceito podem potencializar vendas de imóveis. O papel do mercado imobiliário na construção de cidades inteligentes é gerar valor para além do terreno. A tecnologia deve ser uma aliada dos empreendimentos para ampliar toda a potência da cidade e um cuidado com a história do lugar. "Quando atua dessa maneira, consegue ter um projeto com maior liquidez. O empreendimento gera um legado, que se destaca entre os demais, e se converte em rentabilidade ainda maior", afirma Giovana Ulian, diretora da Biossplena Inteligência Urbana, empresa especialista em consultoria de inteligência urbana.
O conceito de Smart Cities é um dos temas discutidos na 21ª edição do Congresso Nacional do Mercado Imobiliário (Conami), evento bienal, organizado pelos sindicatos da habitação (Secovis) de todo o país, que será realizado nos dias 5 e 6 de dezembro, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Uma das palestras vai contar com a presença da especialista Giovana Ulian. Renato de Castro também vai participar do debate e fará sua apresentação, por holograma, diretamente de Dubai. O encontro vai trazer uma série de provocações sobre o olhar para as cidades, a preservação da história, planejamento urbano e o impacto do mercado imobiliário. A edição na capital mineira está sendo organizada pela CMI/Secovi-MG (Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais).
Tendências para mercado
A pandemia, na avaliação dos especialistas, foi um propulsor para as cidades inteligentes. Um dos reflexos disso é o fortalecimento da vizinhança, do senso de comunidade e do comércio de bairro. O conceito reforça a tendência de nova relação com o espaço público, com desenvolvimento de novas centralidades. "Tendência antes da pandemia e depois ficou ainda mais evidente a relevância do fortalecimento da economia local. A ideia é concentrar as atividades diárias em uma região relativamente caminhável. O planejamento estratégico da cidade ajudaria a induzir esses processos e melhorar a qualidade de vida da população", destaca Giovana.
A especialista destaca o papel do mercado imobiliário na criação de um cenário onde a vida acontece, por meio de empreendimentos que possam estimular estilos de vida mais sustentáveis. Outro ponto importante é a experiência do cliente. "O empreendimento pode promover pílulas de experiência de alegria, de divertimento, experiências dentro dos empreendimentos que só viveriam em uma viagem turísticas", complementa.
Para o mercado imobiliário, o conceito de Smart Cities também entra na requalificação urbana de grandes centros. Esse é justamente um dos planos do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico (Codese-BH), organização formada pela sociedade civil organizada, para pensar o futuro de Belo Horizonte e colaborar com os planos de desenvolvimento econômico, social e urbano. "Temos que trabalhar com desenvolvimento econômico, tecnológico, educação e pensar qual cidade é essa que nós sonhamos. "É consenso que o futuro das cidades converge para uma atuação conjunta de diferentes setores sociais", avalia Cássia Ximenes, presidente da CMI/Secovi-MG.