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Cientistas da UFRJ apoiam retorno às aulas e divulgam medidas para reduzir riscos

Dados colhidos até agora indicam que as escolas não desempenham papel importante na transmissão do novo coronavírus

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
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Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
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O Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 mantido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiu nota técnica nesta sexta-feira (30), na qual classifica a reabertura das escolas como "necessária e imprescindível" e destaca a importância de medidas para minimizar os riscos de exposição de alunos, professores e funcionários.

"A experiência internacional nos ensina que existe um caminho para a reabertura de escolas, através da implementação de medidas para minimizar o risco de transmissão viral", diz a nota, que se refere à rede escolar do Estado do Rio de Janeiro. "Precisamos agir para que o retorno às aulas aconteça o mais breve e da maneira mais segura possível para alunos e profissionais envolvidos", afirmam os cientistas.

"A dinâmica do dia a dia da comunidade escolar precisa ser resgatada, sob pena de termos efeitos mais danosos e irreversíveis sobre as perspectivas de vida de toda uma geração, principalmente os mais vulneráveis", segue a nota. "Que, neste retorno, todos os alunos tenham acesso de igual modo ao conteúdo do ensino, seja de forma remota ou presencial".

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Segundo os pesquisadores, os dados colhidos até agora indicam que as escolas não desempenham papel importante na transmissão do novo coronavírus. "Estudos realizados em fevereiro e março, ainda antes das medidas de isolamento social serem implementadas, já sinalizavam algumas lições: existem poucos relatos de transmissão a partir de crianças, levando a grandes surtos, especialmente no cenário escolar, e a transmissão na comunidade de crianças mais velhas é maior", afirma a nota técnica. Já os adultos têm participação muito mais significativa na cadeia de transmissão na escola. O estudo de três casos ocorridos em escolas de Singapura indicaram que duas crianças de cinco e oito anos adoeceram sem transmissão secundária, enquanto um adulto adoeceu transmitindo para outros 16 adultos dentro da escola, e estes contaminaram 11 familiares.

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Segundo os pesquisadores, após sete meses com as escolas fechadas, é preciso reavaliar os benefícios e os "efeitos colaterais" da medida, como o fato de que a evasão escolar corre o risco de aumentar de forma irreversível.

Coordenado pelo pesquisador Roberto Medronho, o grupo de trabalho afirma que "o exemplo no uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento deve ser feito e liderado por professores, pais e responsáveis. Deve também ser enfatizado que ninguém deve ir à escola ao menor sinal de doença".

Os cientistas elencaram 17 medidas para auxiliar no combate à disseminação do coronavírus nas escolas: 

1) deve haver ampla divulgação sobre como reconhecer sinais e sintomas da doença, modos responsáveis de circular pela cidade e a não participação de eventos presenciais, caso a pessoa esteja sob suspeita ou confirmação de infecção pelo coronavírus; 

2) máscaras faciais devem ser usadas por todos os adultos e pelas crianças acima de dois anos de idade; 

3) os membros da comunidade escolar (alunos, professores e colaboradores) devem manter o distanciamento social mínimo necessário; 

4) a higienização das mãos deve ser incentivada a todo momento e com o máximo de frequência possível; 

5) deve-se evitar levar as mãos aos olhos, boca e nariz; 

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6) não pode haver aglomeração nos espaços físicos da escola que reúnem professores e funcionários (sala de reuniões, secretarias e refeitórios, por exemplo); 

7) banheiros e demais dependências da escola devem ser limpos com frequência; 

8) deve haver água potável disponível, sem o uso de bebedouros comuns; 

9) as salas de aula devem ser o mais ventiladas possível; 

10) deve-se tentar oferecer aulas híbridas, que os alunos possam acompanhar remotamente; 

11) deve ser reforçada a recomendação do uso de máscaras e álcool em gel 70% em transportes públicos; 

12) devem ser estabelecidas regras de conduta diante de casos suspeitos de adoecimento pela Covid-19; 

13) alunos incluídos nos grupos de risco de adoecimento grave pela Covid-19 devem ter a opção do ensino remoto; professores e funcionários que integram esses grupos devem seguir trabalhando de casa; 

14) deve-se identificar e manter contato com os agentes da vigilância epidemiológica responsáveis pelo território onde a escola está inserida, assim como com responsáveis pelas unidades de saúde próximas à escola; 

15) deve-se manter contato com a comunidade para envolvê-la na proteção do ambiente escolar; 

16) alunos, professores e funcionários não devem ir à escola se estiverem doentes, com suspeita ou confirmação de Covid-19, ou se estiverem no período de incubação (quarentena), após contato suspeito; 

17) os indicadores epidemiológicos devem ser acompanhados permanentemente, para orientar possíveis mudanças no plano de reabertura.

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