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Eleições colocam esquerda em xeque no Uruguai

Estadão Conteudo

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Pela primeira vez em 15 anos, a esquerda uruguaia chega à reta final de uma eleição na defensiva. A Frente Ampla, partido do presidente Tabaré Vázquez, enfrenta hoje nas urnas uma oposição fortalecida e disposta a formar uma coligação capaz de vencer no segundo turno. Nas últimas semanas, porém, um escândalo protagonizado por um líder opositor devolveu a esperança aos governistas.

A Frente Ampla viveu os últimos anos acuada por uma onda de insegurança (o número de homicídios aumentou 46% em 2019), uma crise na educação (com a taxa de ingresso de 50% no nível secundário, quando Vázquez prometeu chegar a 75%) e uma série de irregularidades, como a que envolveu o ex-vice-presidente Raúl Sendic. Ele renunciou após ter dito que era formado em genética humana, quando não era, e após terem descoberto que ele fez uso abusivo de cartões de crédito corporativos quando era presidente da estatal petrolífera, Ancap, no governo de José Mujica.

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O segundo turno está marcado para o último domingo de novembro. Apenas uma vez desde 1966, quando foi feita a reforma eleitoral, um candidato conseguiu ganhar no primeiro turno. Foi Vázquez em 2004, após a crise econômica de 2002.

As pesquisas mostram um avanço da Frente Ampla, cujo candidato é o ex-prefeito de Montevidéu Daniel Martínez, e o estancamento da oposição. A média dos principais institutos (Cifra, Equipos, Opción, Radar e Factum) dá à esquerda 41% das intenções de voto, 27% ao Partido Nacional, 13% ao Partido Colorado e 11% ao Cabildo Abierto, mas a expectativa é que os três últimos se unam contra o governo no segundo turno. O restante se divide entre pequenos partidos e eleitores que votarão em branco ou nulo.

Nas últimas eleições, as pesquisas subestimaram a Frente Ampla. Com base nisso, as alas governistas esperam chegar aos 43% e advertem que esse é o "número mágico" para se ir ao segundo turno em novembro com chances de vencer.

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Há fatos de última hora que muitas pesquisas não conseguiram avaliar. Um dos principais dirigentes do Partido Nacional e intendente da cidade de Colônia é, desde quinta-feira, 24, protagonista de um escândalo sexual: vazaram áudios nos quais ele dá a entender que ampliaria os contratos de alguns funcionários em troca de relações sexuais com uma dirigente do partido.

O Partido Colorado, aliado do Partido Nacional, que fez grande parte de sua campanha exaltando o modelo chileno, vem recebendo numa onda de críticas pela situação do Chile. Já o Cabildo Abierto, com forte marca militar, vem advertindo que, se a Frente Ampla ganhar, estas poderão ser as últimas eleições no Uruguai, sugerindo que o país poderia seguir o caminho de Cuba ou da Venezuela - declarações rechaçadas por vários partidos.

Na reta final de campanha, a Frente Ampla conseguiu realizar importantes mobilizações que reuniram 300 mil pessoas em Montevidéu, cidade de 1,4 milhão de habitantes - o Uruguai tem 3 milhões e 2,6 milhões de eleitores.

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O Partido Nacional, de centro-direita, é liderado pelo senador Luis Lacalle Pou, filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995). Sua campanha foi marcada por promessas de encolher o Estado, aumentar o policiamento e devolver à polícia o poder de pedir documentos nas ruas - além de fazer uma reforma na educação que retire dos professores a representatividade nas decisões educacionais.

O Partido Colorado, rival do Partido Nacional até a chegada da democracia, em 1985, é liderado pelo economista Ernesto Talvi, que já anunciou apoio a Lacalle no segundo turno. Como dizia o argentino José Luis Borges, "o que os une não é o amor, mas o ódio" - no caso, à Frente Ampla, a qual esperam tirar do poder. Em troca, Lacalle pode dar a Talvi alguns ministérios.

A terceira força da oposição, é o Cabildo Abierto, que muitos consideram um "partido militar". Seu líder é Guido Manini Ríos, ex-comandante do Exército que foi destituído pelo presidente Vázquez em março. Ele foi afastado após acusar a Justiça de ter abandonado "os princípios mais elementares do direito" - aludindo a julgamentos de militares acusados de crimes de lesa-humanidade durante a ditadura militar (1973-1985).

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Ele também é investigado por dar cobertura a um tenente-coronel da reserva que confessou ter jogado num rio o corpo de um preso político. Lacalle Pou depende de Manini Ríos - que, embora tenha adiantado que não apoiará a Frente Ampla, não deixou claro se formará uma coalizão com o Partido Nacional ou com o Colorado.

Plebiscito

Hoje os uruguaios também votarão em um plebiscito, proposto pelo Partido Nacional, para decidir se concedem aos militares o poder de polícia, se serão permitidas blitze noturnas - prática comum nos tempos da ditadura - e se haverá prisão perpétua para quem cometer crimes graves, o que inclui assassinos, molestadores de crianças e autores de homicídios múltiplos.

Para que o projeto seja aprovado, precisa obter 50% dos votos. Pesquisas mostram que a maioria dos cidadãos é favorável às propostas, mas por uma margem tão pequena que há dúvidas sobre o resultado da votação.

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Luis Lacalle Pou, Ernesto Talvi e até o líder do Cabildo Abierto, o ex-comandante do Exército Guido Manini Ríos, já se manifestaram contra o projeto, impulsionado pelo ex-pré-candidato à presidência e senador do Partido Nacional Jorge Larrañaga. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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