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Crianças têm que se mexer mais e usar menos telas, afirmam especialistas

Há alguns anos, o que se vê são crianças cada vez mais conectadas, que relacionam a diversão com a tecnologia

Redação Folha Vitória
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Foto: Divulgação / Pexel
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Criança precisa brincar. Mais que diversão, as brincadeiras ao ar livre servem para estimular e desenvolver os pequenos. São nos primeiros anos de vida que o cérebro mais precisa de estímulos, uma vez que 90% das conexões cerebrais são estabelecidas até os 6 anos. Correr, brincar e pular são atividades importantes que afastam as crianças das telas e desenvolvem a autonomia.

Há alguns anos, o que se vê são crianças cada vez mais conectadas, que relacionam a diversão com a tecnologia. Mas, de acordo com a médica pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, Evelyn Eisenstein, essa superexposição às telas traz uma série de prejuízos para o desenvolvimento da criança.

“As crianças estão sendo muito expostas às telas. São brincadeiras artificiais e muito perigosas. Vemos, atualmente, muitas crianças tendo transtornos do sono, mais irritabilidade, mudanças de humor, crianças que não dormem, não comem, ficam sedentárias, o que gera problema de obesidade. É muito importante brincar na natureza”, explicou Evelyn.

Foto: Renata Zacaroni
Seminário no Parque Botânico Vale, em Vitória, abordou mudanças com a implantação do Marco Legal da Primeira Infância. 
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Ainda de acordo com a Evelyn, a criança tem dificuldade de interagir da forma correta com a tela. “Crianças não são mini adultos. Dos zero aos dois anos, a criança está no desenvolvimento cerebral, mental, da maior importância. O estímulo luminoso, visual, auditivo, se torna tóxico porque é em demasia do que a criança pode desenvolver”, contou.

A professora Lorena Figueiredo, mãe da Helena, conta que busca estratégias ao ar livre para entreter a filha. “A gente procura lugares diferentes. O Parque da Vale, praias, ambientes sempre abertos para evitar o uso de telas. Tentamos sempre o contato com a natureza. A Helena usa, mas muito pouco. Eu acho que prejudica o desenvolvimento da criança porque ela deixa de desenvolver para ir para a tela”, contou a mãe.

A pediatra reforçou a importância da brincadeira. “Brincadeira saudável é brincar ao ar livre. Uma ou duas horas brincando, correndo, pulando, desenvolvendo habilidades psicomotoras ao invés de ficar passivamente em frente a uma tela de computador, televisão ou celular. Assim se estimula, inclusive, hormônios de crescimento. A criança que brinca desenvolve sua autonomia”, finalizou.

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As brincadeiras longe das telas precisam respeitar ainda algumas exigências. Além de pensar em brincadeiras que se adaptem corretamente às limitações de cada idade, é importante estarmos atentos os possíveis riscos que o ambiente pode oferecer. Membro do International Play Association Brazil, Janine Dodge falou mais sobre a necessidade de adequar as brincadeiras com a idade.

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“Um bebê não tem condições de falar e nem de se movimentar, mas ele comunica de uma forma importante. É pela interação com os pais que a criança descobre se o mundo é seguro ou não. Toda a oportunidade de tocar, olhar no olho e dar carinho são essenciais. Conforme a criança cresce, as brincadeiras mudam. A que está começando a conhecer o corpo, brincadeiras como o cabeça, ombro joelho e pé, que parecem tão simples, têm propósitos muito importantes para a criança”, disse.

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Para finalizar, explicou que algumas brincadeiras estimulam a interação e capacidade cognitiva das crianças. “Um pouco mais velha, brincadeiras de siga o mestre são muito interessantes. Envolvem o envolvimento físico, um desafio motor, e uma noção de relação social. Na brincadeira ela precisa esperar, seguir. A habilidade de ouvir, respeitar e responder são essenciais e iniciam no brincar”, afirmou a especialista.

Além de cuidar das brincadeiras, é preciso estar atento ao ambiente. A assessora da Secretaria Nacional de Assistência Social, Ivania Ghesti, explicou que as brincadeiras precisam ser monitoradas. “É muito importante que a brincadeira aconteça com a supervisão de um adulto, porque a criança ainda não tem completa noção para se proteger”, explicou.

De acordo com a especialista, o adulto precisa estar ali monitorando o local para evitar riscos. “É preciso observar sem se intrometer. A criança precisa se sentir segura, ter liberdade. Quando ficamos o tempo todo alertando para os cuidados, a criança não se sente confiante. O adulto tem o papel de preparar o ambiente para que esteja adequado para não ter riscos na hora da brincadeira”, contou Ivania.

Marco Legal da Primeira Infância

Foto: Divulgação
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Há três anos o direito ao brincar, ao cuidado de profissionais qualificados em primeira infância, a ter mãe, pai e/ou cuidador em casa nos primeiros meses de vida, a ser prioridade nas políticas públicas são assegurados às criança pelo Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257).

A legislação, que completou três anos no dia 8 de março, é resultado de um amplo processo participativo que reuniu sociedade civil, governo, especialistas, universidades e diversos outros atores. Ao longo de cinco anos, essa articulação organizou debates e audiências públicas em diferentes regiões do país para a construção de uma proposta que foi sancionada em 2016.

Após três anos, a legislação acumula avanços, aprendizados e desafios naquilo a que se propõe: garantir o desenvolvimento integral de crianças de zero a seis anos.

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