Parceiros suavizam tom do discurso sobre política comercial dos EUA
O Fundo Monetário Internacional (FMI) começou sua reunião anual em Bali, na última semana, com um severo alerta sobre práticas protecionistas, anunciando uma redução de suas projeções para o crescimento econômico global motivada, em parte, pelos conflitos comerciais. Porém, o encontro encerrou com presidentes de bancos centrais e ministros de finanças adotando um discurso bem menos agressivo e aterrorizante do que o proferido por parceiros comerciais dos Estados Unidos em reuniões anteriores.
Críticas ao feroz uso de tarifas por parte dos norte-americanos se tornaram comuns em encontros internacionais ao longo do último ano. Dessa vez, autoridades reunidas em Bali apontaram algum alento no progresso dos Estados Unidos em resolver algumas das disputas comerciais, ainda que o impasse com a China tenha escalado.
Em conversa com repórteres no sábado, o presidente do Banco Central da Alemanha (Bundesbank), Jens Weidmann, disse ter visto "certa mudança de humor" e avaliou que recentes avanços, como o acordo entre Estados Unidos, Canadá e México, "tornaram o cenário de escalada descontrolada um pouco menos provável".
É uma significativa alteração do discurso ouvido na reunião de junho do G-7 - grupo das sete maiores economias do mundo -, que terminou com uma forte condenação das práticas comerciais norte-americanas pelos outros seis membros do clube, incluindo a Alemanha.
Desde então, os Estados Unidos concluíram as negociações com México e Canadá sobre o acordo trilateral que substitui o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês); "congelaram" a imposição de tarifas sobre carros enquanto se desenrolam as conversas com a União Europeia; aceitaram negociar com o Japão e finalizaram o pacto de livre comércio com a Coreia do Sul.
Além disso, Donald Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, parecem ter concordado em se encontrar em novembro, aumentando as esperanças de que a disputa entre as duas nações poderia ser contida, se não resolvida.
O ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, expressou otimismo em relação às conversas entre Europa e Estados Unidos, dizendo a repórteres em Bali que acredita que as negociações "não levarão à expectativa de escalada comercial" e destacando que há confiança em ambos os lados.
Ontem, o presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, demonstrou sentimentos similares com relação às perspectivas de disputas comerciais. "Como protecionismo, conflitos ou guerras comerciais são ruins para todas as economias em algum momento, terão de ser interrompidos", disse.
Mesmo assim, os Estados Unidos continuam a ameaçar nações com aumentos de tarifas. Trump já advertiu que, caso Pequim adote medidas retaliatórias, o governo norte-americano pode aplicar um último round de tarifas sobre outros US$ 267 bilhões em importações chinesas.
Apesar disso, o presidente do banco central da China, Yi Gang, enfatiza o compromisso do país com as negociações. "Uma solução construtiva é melhor do que uma guerra comercial", afirmou neste domingo.
Jean Lemierre, chairman do BNP Paribas, disse acreditar que Estados Unidos e China irão chegar a um acordo dentro dos próximos dois anos. Fonte: Dow Jones Newswires.