Enfermeiros denunciam agressões e ameaças nas Unidades de Saúde do ES
O presidente do Coren-ES, Wilton Patrício, acredita que a falta de atendimento de qualidade nas unidades, aliada à ausência de segurança sejam as principais causas da violência
Xingamentos, agressões verbais, ameaças. Esses atos de violência são vistos de forma recorrente nas Unidades de Saúde públicas dos municípios da Grande Vitória. E as principais vítimas são os profissionais que ficam na linha de frente.
Segundo o Conselho Regional de Enfermagem do Estado, o número de registros de agressões verbais e até física vem se multiplicando na região metropolitana. As cidades da Serra e de Cariacica são as campeãs em boletins de ocorrência.
O presidente do Coren-ES, Wilton Patrício, acredita que a falta de atendimento de qualidade nas unidades, aliada à ausência de segurança sejam as principais causas da incidência.
“Os profissionais são agredidos graças à demora no atendimento, a falta de médicos e de estrutura para bem atender. A falta de profissionais de segurança nos ambientes também facilita a ação dos pacientes”, explicou Patrício.
Devido às agressões, muitos profissionais desenvolvem doenças psicológicas e se afastam de suas funções. “Nossa equipe está defasada e isso acaba piorando a situação porque o paciente que não é atendido por conta da falta de pessoal é o mesmo que agride quem está trabalhando”, salientou uma enfermeira que atua na Serra há nove anos.
“Além das agressões físicas, tem gente que é coagido de forma mais forte. Um colega que está afastado tem medo de voltar, pois um dos pacientes alegou conhecer traficantes da região e ameaçou voltar com eles. Até gente armada com faca nós já vimos no ambiente de trabalho”, ressaltou a profissional.
O presidente do Coren afirmou que já notificou a Prefeitura da Serra e o Ministério Público sobre o problema; algumas medidas foram tomadas, mas a violência ainda acontece em diversos locais.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Cariacica disse que recebe com estranheza o levantamento, já que não tem notificações de agressões a enfermeiros no município. Disse ainda que “cada caso é investigado e são tomadas as medidas para garantir a segurança do funcionário”.
Já a Prefeitura da Serra informou que as unidades de pronto atendimento 24 horas de Serra Sede e Carapina e a Maternidade de Carapina possuem vigilância em tempo integral e as unidades regionais possuem guarda patrimonial. O caso da ameaça por faca está sob investigação da Polícia Civil.