Presos no ES passam a ter programa de saúde mental em presídios
O novo serviço conta com apoio de instituições como Alcoólicos Anônimos (AA), palestras e atividades educativas para tratar a população carcerária
A Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) está promovendo um programa de Saúde Mental nas unidades prisionais. O serviço conta com palestras e atividades educativas para tratar da saúde mental dos internos.
Os pacientes serão assistidos pelo programa segundo as suas particularidades e farão acompanhamento com uma equipe psicossocial, composta por médicos especialistas em saúde mental, psicólogo e assistente social.
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A gerente de Saúde do Sistema Penitenciario (GSSP), Jananaina Arenas Cavadas de Sousa Mendes, explica que o programa se baseia em várias ações de atenção primária.
“Para a classificação dos pacientes é utilizado o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC), que é um sistema de organização e estratificação de risco que considera os determinantes sociais de saúde vigentes. Dessa forma, as equipes possuem um mapeamento de 100% dos pacientes cadastrados e estão com radar ativo desde o primeiro atendimento, que é realizado na triagem”.
Palestras, atividades educativas e demais atendimentos da área psicossocial têm sido promovidas e realizadas para assistência nas unidades prisionais.
Parcerias com AA e NA
Várias Instituições têm formado parceria junto ao programa da Sejus para promover a saúde mental da população carcerária e também naquilo que diz respeito ao tratamento de dependência química e alcoolismo.
Algumas dessas instituições são Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA), que têm ajudado a desenvolver atendimentos em penitenciárias do Estado.
O diretor do Centro de Detenção provisória em Guarapari (CDPG), Wesley Frizzera, destaca a atuação da irmandade Narcóticos Anônimos na unidade prisional há quatro meses e conta que o trabalho tem apresentado resultados consideráveis. Mais de 50 internos estão envolvidos no programa.
“A participação é opcional, só participa o interno que realmente tem interesse pelo tratamento. Os benefícios são inúmeros. Quando livre do vício, percebemos que a perspectiva de vida dessas pessoas muda completamente e é possível vislumbrar um futuro diferente”, destaca.
O diretor complementa:
“Procuramos buscar alternativas para a oferta de um tratamento penal justo, baseado em um programa de ressocialização que possibilite à pessoa privada de liberdade melhores condições para o retorno ao convívio social. Infelizmente, identificamos no sistema prisional uma parcela considerável de dependentes de álcool e drogas. A parceria firmada é uma experiência bastante valiosa. Identificamos melhorias consideráveis no comportamento dos presos atendidos, com diminuição da ansiedade e de ocorrências disciplinares.”
No Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPFCI) cerca de 20 internas participam das reuniões dos Alcoólicos Anônimos (AA).
Os encontros acontecem duas vezes por mês. A diretora da unidade feminina, Mikeli Patta Catein, relata que a metodologia de trabalho colocada em prática pelo Alcoólicos Anônimos produz impactos positivos.
“Por meio da troca de experiências, os relatos de vida e o processo de escuta, percebemos impactos positivos nas internas participantes. Isso pode ser constatado pela mudança de comportamento. As internas relatam o quanto suas vidas mudaram após o momento em que elas passaram a integrar o grupo e que essa participação faz diminuir a ansiedade e o desejo de consumir álcool."
"O trabalho realizado também traz mudanças significativas no comportamento e disciplina dentro da unidade prisional. Além disso, o grupo busca trazer para as internas o protagonismo de suas vidas, fazendo com que elas assumam a responsabilidade de seus atos durante este processo”, conclui Mikeli Patta Catein.