Ibama apreende 500 kg de barbatanas de tubarão em Piúma
As investigações apontam que as barbatanas vieram de Santa Catarina e foram trazidas para o Espírito Santo por um comprador, que gastou cerca de R$ 30 mil
Cerca de 500 kg de barbatanas de tubarão foram apreendidos durante uma fiscalização ambiental realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Piúma, no Litoral Sul do Espírito Santo, na tarde de quarta-feira (11).
A perícia do Ibama constatou que as barbatanas eram de tubarão-azul e tubarão-galha branca-oceânico, que está ameaçada de extinção.
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De acordo com o Ibama, o total de barbatanas apreendido corresponderia a 10 toneladas de tubarões pescados. Os fiscais do instituto relataram que o material foi apreendido em um terreno baldio, exposto ao sol para ser desidratado.
"Era uma área completamente insalubre, um terreno baldio. Ele dispunha esse material no sol, mas também em meio a galinhas, a patos", explicou o fiscal José Vicente da Silva.
As investigações apontam que as barbatanas vieram de Santa Catarina para o Espírito Santo. Além disso, já havia um comprador inicial para o material, que havia desembolsado cerca de R$ 30 mil para adquirir os 500 quilos de nadadeiras.
Após a aquisição das barbatanas, o comprador teria contratado um segundo homem para realizar o processo de secagem dos produtos, justamente o que era feito no momento que as nadadeiras foram apreendidas.
O fiscal do Ibama relatou que todo a carga foi apreendida por estar em situação irregular. Não havia notas fiscais e nenhum outro tipo de documento que comprovasse a legalidade da compra.
"Precisa ter a nota fiscal identificando o barco que pescou, um registro de desembarque mostrando quantos tubarões, quantas barbatanas, o peso. Tanto da empresa que fez o processamento inicial, quanto a empresa que está realizando a desidratação, todo esse rito não foi seguido, por isso ela foi considerada irregular", disse.
Barbatanas são vendidas para países asiáticos
De acordo com a investigação, após o processo de secagem, as barbatanas seriam devolvidas ao comprador inicial, que poderia comercializar ou até mesmo exportar as nadadeiras.
Isso ocorre porque, em países asiáticos, as barbatanas de tubarão são consideradas uma iguaria culinária.
A bióloga Nathália Alves Bezerra explica que nestes lugares, as nadadeiras têm um valor comercial bastante elevado.
"Nesses países, as nadadeiras têm um valor comercial bastante elevado em decorrência de alguns preparos, da culinária, que recebe esses materiais e faz sopas de nadadeiras, de barbatanas de tubarões", explica.
Ainda de acordo com ela, a apreensão acende o alerta para a pesca predatória de tubarões, uma vez que muitos animais têm as barbatanas arrancadas e logo depois são devolvidos ao mar, ainda vivos.
Isso faz com que os animais não sobrevivam, pois perdem sua habilidade de nadar com precisão, o que acaba afetando não apenas sua mobilidade, mas também a respiração. Esse tipo de procedimento é proibido no Brasil.
"O tubarão precisa nadar para poder respirar, a água entra pela boca e sai pelas fendas bronquiais, e assim é o processo de respiração, então ele fica tentando se movimentar, mas não consegue, porque o que dá propulsão para a movimentação são as nadadeiras e infelizmente vão morrendo aos poucos. É uma prática extremamente cruel, que no Brasil é proibida", disse.
O homem encontrado no local foi multado e o material apreendido será encaminhado ao Ministério Público Estadual. As fiscalizações continuarão para identificar outros envolvidos neste comércio ilegal.
*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record