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Apae Serra reinaugura clínica e celebra vidas transformadas

Na Serra, desde o dia 30 de junho, quem necessita de cuidado especial conta com um novo espaço de atendimento

Guilherme Lage

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução/Apae Serra
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A vida, muitas vezes, pode apresentar inúmeros desafios, seja de que ordem forem: financeiros, físicos, emocionais. A verdade é que quando nos deparamos com situações que nos tiram da zona de conforto, é sempre bom poder contar com uma ajudinha dos amigos, já diziam os Beatles, lá em 1967. 

Há pessoas, no entanto, que necessitam de cuidados especiais e específicos. Pode ser desde que nasceram, ou a consequência de algum acidente, ou imprevisto durante a vida. Para atender a essas necessidades e prover apoio e acolhimento, existem as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes). 

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Na Serra, desde o dia 30 de junho, quem necessita deste tipo de cuidado especial conta com um novo espaço de atendimento, após a reinauguração da clínica da Apae, que conta com 29 novas salas, o que inclui um auditório. 

O coordenador geral do espaço, Carlos Augusto Brommonschenkel, relata que atualmente a Apae Serra atende a 1270 usuários, de todas as idades. O novo espaço oferece mais comodidade e conforto para os pacientes. 

"Como o espaço era pequeno, ampliamos a recepção para dar mais conforto aos pacientes e também para as famílias enquanto aguardam pelo seu atendimento", contou. 
Foto: Reprodução/Apae Serra
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Carlos trabalha na Apae há 11 anos e se orgulha de ver o trabalho da instituição impactar a vida de milhares de pessoas na região. 

Ali, além do atendimento humanizado, os pacientes têm acesso a especialidades como ortopedia, odontologia, neuropediatria, psiquiatria, pediatria e otorrinolaringologia e fonoaudiologia. 

Além disso, as crianças que frequentam a instituição recebem reforço escolar, sempre no contraturno de suas atividades em suas escolas convencionais. 

E para ajudar nessa empreitada, a Apae Serra conta com o apoio do Instituto Americo Buaiz (IAB), que, segundo Carlos, ajudou a dar visibilidade à causa das pessoas com deficiência. 

"A parceria que firmamos esse ano tem nos ajudado muito. É muito importante dar visibilidade à causa, não só no município, mas também fora. Mostrar a causa da pessoa com deficiência é extremamente necessário, e essa parceria nos ajuda nesse propósito. É muito gratificante saber que fazemos a diferença na vida das pessoas", disse. 

Além disso, o coordenador relata que o maior objetivo da instituição é oferecer atendimento não apenas humanizado, mas também individualizado a cada um de seus alunos. 

Isso, segundo ele, é transmitido também às famílias, que participam de rodas de conversa e programações especiais. 

"Na medida do possível, por termos muitos usuários, tentamos sempre dar atenção especial a cada um dos alunos. Sempre que possível fazemos rodas de conversa com as famílias, atendimentos individualizados. Nosso objetivo é sempre oferecer um trabalho que ofereça qualidade de vida à pessoa com deficiência, pois elas têm vidas plenas. Queremos sempre oferecer trabalho de excelência", afirmou. 

Preparação para o mercado de trabalho 

Foto: Reprodução/Apae Serra

Além do auxílio escolar, a Apae Serra também prepara seus alunos para os desafios do futuro, dentre eles, está aquele que procura garantir a autonomia de todos eles: o ingresso no mercado de trabalho. 

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Para isso, a instituição conta com um programa especial chamado "Emprego Apoiado", que funciona da seguinte forma: são selecionados 20 alunos que participam de profissionalização em empresas. Pelo trabalho, cada um deles recebe uma bolsa. 

A iniciativa ocorre em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e tem duração de um ano e meio. Os alunos põem a mão na massa em redes de supermercado e outras instituições comerciais para aprenderem a profissão na prática. 

E não pense que é fácil. Uma psicóloga da Apae acompanha de perto o desenvolvimento de cada aluno, lado a lado com as instituições comerciais. 

"Temos o projeto Emprego Apoiado, hoje temos parceria com duas empresas. Os alunos da instituição recebem uma bolsa dessa empresa para atuar como auxiliar administrativo. Nós da instituição visitamos a empresa a cada dois meses, a pedido da própria empresa ou dos familiares, acompanhamos tudo de perto", relatou. 
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Histórias marcantes 

Foto: Reprodução/Apae Serra

Em mais de uma década de trabalho na Apae, o que não falta são histórias emocionantes no repertório de Carlos. Uma delas, inclusive, ocorreu lá em 2013, no começo de sua caminhada profissional na instituição. 

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O coordenador traz na memória um garotinho que marcou sua vida por conta de sua inocência, que precisou encarar seus medos, e mesmo com a pouca idade, demonstrou coragem e ternura - características típicas da infância. 

"Tem uma que sempre me lembro. Um menininho de uns 6 ou 7 anos que estava no consultório odontológico. Precisavam extrair um dente, mas ele estava muito agitado. Então a família me pediu para ajudar a segurá-lo. Eu simplesmente não consegui. Então me pediram para ficar no cantinho da sala, para ele poder me ver durante o procedimento. Depois de tudo, ele veio, com uma fraldinha na boca e disse 'tio, me desculpe', e me deu um abraço. Essas coisas nos marcam", contou. 

Vidas transformadas e trajetórias inspiradoras 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

O trabalho de uma instituição como a Apae precisa sempre enxergar no outro um aliado. Afinal de contas, para transformar a vida das pessoas para a melhor, é preciso dar as mãos, estendê-las, oferecer conforto e compreensão. 

Instituições como essa são feitas de pessoas para pessoas, e é no cuidado, na preocupação com o próximo, que realmente nascem as histórias de esperança que inspiram continuidade. 

Uma dessas histórias inspiradoras é da pequena Maya Oliveira, uma menina de 2 anos e 7 meses, que frequenta a Apae desde que tinha 8 meses. 

Ela, que tem síndrome de down, frequenta a instituição ao lado da mãe, a empreendedora Dayane Oliveira, que enxerga na Apae uma parceria indispensável para trilhar o desenvolvimento e autonomia de Maya. 

"Nós iniciamos nosso acompanhamento na Apae com a fisioterapia, ela era bebê. Começamos com a Amanda, que era fisioterapeuta da Maya, e após alguns meses conseguimos uma vaga com a terapeuta ocupacional, que é a Bárbara e passado um ano, passamos para a fono, que é a Jose. E recentemente conseguimos uma vaga com a Bruna, que é psicóloga", relatou. 
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Dayane relata que esses atendimentos foram de extrema importância no desenvolvimento da pequena. Maya, como ela conta, é uma criança extremamente ativa e com o auxílio da Apae se torna a cada dia uma menina cada vez mais esperta e inteligente. 

Isso transparece na própria fala da filha, que a cada dia que passa, já acrescenta mais e mais palavras ao seu vocabulário. 

"Embora ainda não esteja verbalizando de acordo com a faixa-etária, tem várias palavrinhas no vocabulário e se comunica bastante com a gente. Ela teve alta recentemente da fisioterapeuta motora, porque atingiu os marcos de andar, descer e subir rampas e escadas. Ela atingiu esse desenvolvimento", contou. 

Maya segue ainda firme e forte na fonoaudióloga, psicóloga e na terapia ocupacional, todas uma vez por semana. 

Uma luta incansável pelas pessoas com deficiência 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Dayane é bem clara em declarar "sou mãe da Maya", quando perguntada sobre a ocupação que mais se orgulha. Este amor pela própria filha se traduz em luta não apenas por ela, mas por todas as pessoas com deficiência. 

O maior objetivo da família é que Maya se torne uma adulta independente, que possa lidar com as pessoas de forma natural. Para atingir esse sonho, o próximo passo é a alfabetização da bebê, quando chegar à idade adequada. 

E é no compasso dos pequenos passinhos de Maya que a mãe se inspira e afirma: o atendimento da Apae deveria chegar a todas as pessoas com deficiência que precisam dele. 

"Nós somos privilegiados por termos o atendimento de excelência da Apae, mas não deveria ser assim. Todas as pessoas deveriam ter acesso a esse atendimento de qualidade. Eu, como mãe da Maya, sei como essas terapias são divisores de água na família e na vida de uma pessoa com deficiência. E eu sei o que estou falando, porque Maya faz acompanhamento também em uma clínica particular e elas não têm a metade do que a Apae oferece aos nossos filhos". 
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Para finalizar, Dayane não poderia deixar de agradecer aos profissionais que ajudam a família em sua caminhada para o futuro da filha, que segue em brilhante construção. 

"Falar sobre a importância da Apae é extremamente gratificante. É devolver um pedacinho do que eles fazem pela Maya e por tantos outros. Falar sobre pessoas com deficiência é muito importante, tem muito valor para nossa sociedade. Quanto mais aprendemos, menos capacitistas nos tornamos", finalizou. 

Início de uma parceria duradoura 

Apesar da parceria recente, o IAB já enxerga a grande mudança causada por sua união com a Apae, como descreve a gerente executiva Paula Martins, no sentido de trazer à tona a realidade das pessoas com deficiência. 

"Esse é o primeiro ano que apoiamos a Apae Serra, uma instituição já bastante consolidada, mas que tem passado por melhorias e ampliações constantes. É sempre importante para o IAB abraçar ONGs com a temática PCD, uma realidade que cresce a cada ano", disse. 

Além disso, é importante divulgar opções de tratamento que não cobrem de seus usuários, o que, segundo a gerente executiva, garante o aumento de acesso ao cidadão que necessita desses serviços, para um desenvolvimento pleno e contínuo. 

"Divulgar opções gratuitas de tratamentos e terapias para tantas pessoas , aumenta a possibilidade de acesso do cidadão que precisa. Passa a conhecer, se reconhecer, entender a realidade na qual está inserido e para que tenha direcionamento". 
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