Pesquisa revela que brasileiro desconhece presença do açúcar nos alimentos
A falta de clareza fica ainda mais evidente quando os participantes responderam quais alimentos continham o ingrediente
Pesquisa encomendada pelo WW Vigilantes do Peso em parceria com a Opinion Box revela que 37% dos brasileiros ultrapassam o consumo diário de até seis colheres de chá de açúcar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão de até 25 gramas do produto por dia.
O levantamento ouviu mais de mil pessoas, de 18 a 50 anos de idade, em todas as regiões do Brasil. A pesquisa mostra ainda que a falta de conhecimento sobre a presença do açúcar nos alimentos influencia no excesso do consumo.
Apesar de 85% dos participantes afirmarem que estão cientes das diretrizes da OMS, boa parte deles demonstrou não saber claramente quais alimentos possuem açúcar na composição. Isso porque apenas 23% têm o hábito de ler as tabelas nutricionais "sempre" ou "quase sempre".
A falta de clareza fica ainda mais evidente quando os participantes responderam quais alimentos continham o ingrediente. Enquanto 93% reconheceram que há açúcar em bolos e tortas, o índice cai para 45% na percepção sobre macarrão e massas em geral. Os carboidratos comuns ainda tiveram uma das maiores taxas de consumo semanal dos respondentes (52%), ao lado de outros produtos com açúcar, como doces e biscoitos (53%).
"A OMS considera não só o açúcar que conseguimos ver, como o que adoça o café ou está nas receitas de doces, mas também o que está nos alimentos natural ou artificialmente. Ou seja, o índice de 37% não contabiliza o total de pessoas que ultrapassa a recomendação diária já que, muitas vezes, não sabem quais alimentos contém a substância", avalia o nutricionista do WW Vigilantes do Peso, Matheus Motta.
O conhecimento está ainda mais restrito já que a indústria alimentícia brasileira não tem obrigatoriedade de reportar se o açúcar está presente ou não nos seus produtos. "O que vemos nas embalagens são termos como sacarose, maltodextrina, glucose ou xarope de milho, que são basicamente açúcar disfarçado, mas a maioria das pessoas não sabe", acrescenta Motta.
Os hábitos alimentares mudaram consideravelmente entre os entrevistados da pesquisa durante o isolamento social na pandemia do novo coronavírus. Para 43%, a alimentação "piorou" ou "piorou muito" na quarentena. Além disso, a preferência dos respondentes por alimentos com alta concentração de açúcar cresceu, como doces e biscoitos (25%) e pães (32%), além das carnes (26%).
A pesquisa revelou ainda que os brasileiros aumentaram o consumo de chocolates (21%), bolos e tortas (17%) e bebidas alcoólicas (12%) durante a quarentena, associando os alimentos diretamente aos sentimentos de felicidade e conforto, enquanto o principal motivo para consumir mais os alimentos como macarrão, produtos industrializados, congelados e fast food é a praticidade. Apenas 14% afirmaram que não houve aumento no consumo desses e de outros alimentos durante o período.
O consumo excessivo de açúcar colabora com o desenvolvimento de diferentes doenças no corpo, que podem se manifestar a curto ou a longo prazo. Entre os entrevistados da pesquisa, 91% entendem que consumir muito açúcar pode potencializar o surgimento de diabete; 80% veem a obesidade como um dos principais problemas e 71%, a cárie nos dentes.
"A ingestão desregrada de açúcar também pode resultar em doenças cardíacas, colesterol alto, baixa disposição, acne e dificuldade de foco. Por isso, batemos na tecla de que é importante ter consciência sobre o que o brasileiro está consumindo, além da adoção de hábitos saudáveis para uma vida toda", finaliza o nutricionista do WW Vigilantes do Peso.