Uma parte da história de Helio, eu garanto, poucas pessoas sabem e outras nem imaginam. Quem diria que o nosso colunista, formado em odontologia, e o homem por trás de algumas das festas mais baladas do Espírito Santo, também fez parte da história da política capixaba. Não, não, não, calma aí. Ele não foi vereador, nem deputado, nem mesmo governador ou senador, apesar de muitos acharem que poderia ter sido ou que desempenharia muito bem esse papel. Na verdade, durante a gestão de Christiano Dias Lopes Filho, que governou o Estado entre os anos de 1967 e 1971, Helio foi Chefe do Cerimonial do Governo.

Quando surgiu o convite, durante um jantar na sede do governo, Helio já tinha uma estreita relação de amizade com o governador e a primeira-dama. Como o país vivia tempos nebulosos, em razão da ditadura militar, iniciada em 1964, praticamente todos os dias o estado recebia a visita de generais, ministros e outras personalidades. Em razão disso, o casal estava com enormes dificuldades em receber esse monte de gente. Assim surgiu o convite, que foi aceito prontamente.

Logo no outro dia o governador criou o cargo, que até então não existia no Espírito Santo. E, para ficar por dentro de tudo que acontecia, a mesa de Helio ficava entre o gabinete do governador e a residência oficial. Dessa forma, a proximidade era máxima e a confiança total.

Entre tantas figuras ilustres recebidas no Palácio Anchieta, e tantas histórias vividas e ouvidas durante a sua função, uma merece destaque. O governador, que era conhecido pela enorme educação, mas também pelo pulso firme, estava de relações rompidas com o coronel do 38º Batalhão de Infantaria, localizado na Prainha de Vila Velha. Com o governo militar a pleno vapor, o homem queria porque queria mandar no Espírito Santo. Mas Christiano não dava colher de chá para ninguém. E se alguém saísse da linha o pau quebrava.

Em razão da visita do general Sizeno Sarmento, comandante do 1º exército, e uma espécie de primeiro ministro do governo, o governador do Estado, Helio e o chefe da Casa Civil, José Carlos da Fonseca, partiram para o aeroporto de Vitória. O objetivo da visita era a formatura do Núcleo de Preparação de oficiais da Reserva. Mas, ao chegarem no aeroporto, encontraram com aquele coronel.

Ao desembarcar no estado, logo o general foi cumprimentar o governador, que reafirmou o convite para a formatura, que aconteceria no 38º Batalhão. Sem pensar duas vezes, Christiano apontou para o coronel e disse: enquanto ele estiver lá eu não piso os meus pés. Imagine a inquietação e a confusão que essas palavras renderam.

Mas o governo de Christiano Dias Filho foi muito mais do que isso. Apostou em projetos rodoviários, criou o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), o slogan “Mar e Montanha”, um dos mais marcantes quando se refere ao Espírito Santo, a Cesan, o Porto de Capuaba, entre tantas outras benfeitorias. E o Helio estava sempre ao seu lado, observando, dando pitacos e trabalhando para receber bem, uma das características que sempre fez questão de fortalecer em relação ao turismo em território capixaba. 

Após o período em que contribuiu com o governo de Christiano, Helio não fez mais parte, efetivamente, de nenhuma gestão. Ainda assim, a partir da coluna social, e das relações de amizade,  sempre esteve próximo da política capixaba: apoiando boas ideias, incentivando projetos, frequentando o Palácio Anchieta e divulgado o Espírito Santo para o Brasil e para o mundo. 

Helio Dórea- 65 anos de Colunismo Social

Conheça mais sobre a história de Helio Dórea, um dos mais importantes contadores de histórias do Espírito Santo, a partir de dez reportagens do Caderno Especial. Em 2020, Helio completa 65 anos de colunismo diário. 

Do sonho de cursar medicina nasce uma trajetória de sucesso - Confira a primeira reportagem da série

Nada é por acaso: o convite para escrever no jornal "O Diário" - Confira a segunda reportagem da série

Um novo jeito de fazer colunismo social: 41 anos de muitas histórias- Confira a terceira reportagem da série

Lutas e conquistas: o papel do jornalista a partir da coluna social - Confira a quarta reportagem da série