/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_TOPO |
Geral

Ocupação na Mata Atlântica fez sumir metade das populações de mamíferos

Estadão Conteudo

audima
audima
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02

Pelo menos metade dos grupos de mamíferos da Mata Atlântica já se encontra, em média, extinta localmente em vários pontos do bioma. É o que mostra um levantamento que analisou pela primeira vez 500 comunidades desses animais ao longo de toda a Mata Atlântica e os impactos nelas provocados por distúrbios humanos desde a chegada dos portugueses ao Brasil.

A vegetação que cobria toda a costa brasileira hoje está restrita a pouco mais de 12% do seu tamanho original, e vários estudos já haviam documentado a perda de espécies. O novo trabalho, no entanto, publicado nesta terça-feira, 25, na revista PLoS ONE, inova na escala geográfica, ao estimar a situação das espécies de médios e grandes mamíferos de norte a sul do bioma de modo comparativo, mostrando onde a situação está pior e melhor - ou menos pior.

"Não estamos documentando nenhuma extinção em escala regional ou de bioma, mas milhares de eventos de extinções locais", explica o biólogo Carlos Peres, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e um dos autores do trabalho.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03

Os pesquisadores, liderados por Juliano Bogoni, hoje pós-doutorando na Esalq/USP, trabalharam com um "índice de defaunação" para examinar a perda de espécies entre quase 500 conjuntos de espécies de mamíferos de médio a grande porte ao longo e observaram que os índices são altos - mais de 50% - para a maior parte da Mata Atlântica.

O cenário é pior no norte do Nordeste, onde a defaunação chega a 90%. Em seguida vem a porção mais ao sul do Nordeste, com 85%. O melhor é no Sudeste, com 49% - justamente onde estão os principais remanescentes da floresta no País, em especial os núcleos da Serra do Mar.

"Mas mesmo na Serra do Mar, falar em metade das espécies é um quadro grave. Hoje temos uma pálida sombra do que já foi a majestosa diversidade da Mata Atlântica", diz Bogoni. Segundo ele, os locais mais defaunados se sobrepõem com as áreas mais antropizadas do interior, pressionadas por atividades como agricultura e silvicultura.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04

Os grupos mais impactados são os predadores de topo de cadeia e grandes carnívoros em praticamente todo o País, como onças-pintadas e onças-pardas; os meso-predadores - carnívoros menores, como jaguatirica e gato-maracajá, que ocupam o lugar quando as onças somem; e os grandes herbívoros, como as antas.

Peres afirma que os dados mais uma vez reforçam a necessidade urgente de ações para proteger o bioma. "É preciso fortalecer o sistema de unidades de conservação, que são ainda os últimos refúgios de toda essa fauna. Não há conservação sem um voto de compromisso do governo e da sociedade em manter as nossas áreas protegidas", defende.

/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |
/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade.