Deslocamento de capixaba morto por tubarão foi o primeiro traslado de corpo feito pelo Notaer
Arthur Medici foi morto após um ataque de tubarão em Cape Cod, na praia de Massachusetts, no último sábado (15), nos Estados Unidos
O traslado do corpo de Arthur Medici, de 26 anos, do Rio de Janeiro para o Espírito Santo nesta sexta-feira (21) foi o primeiro trabalho desse tipo realizado pelo Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer). Medici foi morto após um ataque de tubarão em Cape Cod, na praia de Massachusetts, no último sábado (15), nos Estados Unidos.
"Para ser muito sincero, esse é o primeiro caso. Foi bem sui generis, tanto que a gente se deparou com uma situação bem peculiar. Foi feito um estudo minucioso junto a Infraero, junto a Alfândega do Rio de Janeiro, junto a administração do Aeroporto do Galeão, para que a gente pudesse atender a família nesse momento de comoção", disse o major Cristian Amorim Moreira, do Notaer.
O Notaer, que é coordenado pela Secretaria da Casa Militar, é responsável pela aviação no Espírito Santo. O helicóptero responsável pelo traslado levou duas horas de viagem para ir ao Rio e mais outras duas para voltar. Entre as viagens, foi necessário um pouso na cidade de Campos, no Rio, para reabastecimento da aeronave.
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Segundo o major, foi a família de Arthur quem procurou a secretaria e pediu ajuda no transporte. "Essa semana a família solicitou apoio naquilo que é referente ao transporte do Rio até o Espírito Santo. Tendo em vista o alto custo e também a inviabilização da aviação comercial em trazer o corpo, foram feitos estudos na área operacional e na área legal para viabilizar esse transporte", diz.
"A família precisava de uma certa urgência para trazer o corpo e a gente sabe que existe toda uma burocracia envolvendo esse tipo de transporte. Então, com o envolvimento do Estado, através da Secretaria da Casa Militar, conseguimos viabilizar e antecipar o projeto de deslocamento até o Espírito Santo", complementa Moreira.
O corpo de Arthur chegou por volta de 17h20 desta sexta-feira, no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, em Vitória. O corpo do jovem é velado em uma igreja evangélica no Centro de Vila Velha. Neste sábado (22), será realizado um culto às 10h, na mesma igreja. Na sequência, acontece o sepultamento do jovem no cemitério municipal, também no Centro.
Entenda o que aconteceu
O capixaba estava na praia com o cunhado e a noiva, uma americana. Foi o irmão dela quem conseguiu resgatar Arthur da água, mas ele já chegou ao hospital sem vida.
O brasileiro também era surfista e usava o local para a prática esportiva, assim como outros jovens. Na hora do ataque, o local estava bastante movimentado. A praia fica próxima à casa de Arthur e era sempre frequentada por ele.
De acordo com a tia do surfista, ele estava em Massachusetts havia quatro anos sob os cuidados de uma outra tia. O jovem é de Vila Velha, e resolveu se mudar para os Estados Unidos em busca de uma nova oportunidade de vida, estudos e trabalho. Ele fazia faculdade de engenharia, sonho que tinha desde pequeno.
"Ele queria fazer engenharia e foi para lá, onde estava a minha irmã. Já fazia quatro anos. Tudo aconteceu muito rápido. A vontade dele era ficar de vez. Acabar a faculdade trabalhando na área e morar no país", conta a tia.
Tubarão branco
Autoridades policiais que investigam a morte do brasileiro acreditam que o grande tubarão que atacou o jovem era do tipo branco. A informação é do jornal The New York Times.
Esse seria o segundo ataque em um mês na mesma praia. O primeiro foi a um idoso de 61 anos, no dia 15 de agosto. Ele foi mordido na perna, lutou com o animal e conseguiu sobreviver. A morte de Arthur foi a primeira registrada na região em 82 anos.
Pai faz homenagem em rede social
Arthur Medici recebeu uma homenagem do pai nas redes sociais. Sensibilizado, Itamar Medici publicou várias imagens do filho e relatou no Facebook que "está sem vontade de viver e nada tem significado".
"Filho....vc me deixou! Estou sem chão e sem vontade de viver. Agora nada tem significado pra mim, pois esse Deus me tirou a razão do meu viver e minhas lágrimas estão secando. Estava lutando pra te dar tudo e agora... pra quem vai ficar o que estava sendo guardando pra vc. Não tenho vontade de mais da vida pois nada mais faz sentido... eu te amo por toda a eternidade!", escreveu.
Arthur Medici morava em Revere, em Massachusetts, onde estudava Engenharia. A família do estudante, de Vila Velha (ES), organizou um financiamento coletivo online para arcar com os custos do traslado do corpo. Até o final da manhã desta segunda-feira, 17, a campanha já havia arrecado US$ 26.356 (R$ 109 mil), mais que a meta estipulada.
No site do financiamento coletivo, familiares agradeceram as colaborações. "Gostaria de agradecer a todos que ajudaram com as contribuições. Todos os gastos serão no levar do corpo do Cape Cod para Boston, e até a funerária local para receber todos os tratamentos necessários, e finalizando com o culto fúnebre ainda nos EUA, seguindo logo após com o transporte do corpo até o destino final em Vitória no ES (com uma escala no Rio de Janeiro). Lá todo procedimento será repetido (exames, troca de caixão, culto fúnebre e sepultamento). Gostaria que as famílias continuassem em suas orações para que nós possamos continuar prosseguindo".