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A nova fase do viveiro do Ibirapuera

Estadão Conteudo

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Pouco mais de 90 anos atrás, a Vila Clementino era uma várzea entre córregos quando foi escolhida para receber o novo - e hoje mais antigo - viveiro da cidade de São Paulo. Ali, o biólogo Manequinho Lopes ajudou a cultivar muitas das plantas que viriam a formar o Parque do Ibirapuera, aberto em 1954.

O Viveiro Manequinho Lopes está atualmente em fase de revitalização, após 24 anos da última grande obra de recuperação, realizada por Burle Marx, e depois de oito anos de uma intervenção menor em três estufas.

Grande parte da estrutura está degradada, com caixilhos sem vidro, esquadrias lascadas e falhas no telhado. Nesse cenário, duas das dez estufas deixaram de receber novas mudas.

A situação começa a mudar com a entrega hoje da primeira fase de restauro. A obra recuperou as estufas 5 e 6 - as mais icônicas do espaço -, além dos 97 estufins, de menor porte. A estrutura é tombada tanto pelo Município quanto pelo Estado.

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O projeto prevê ainda a recuperação de quatro estufas em 2019 e, por fim, das quatro restantes em 2020. O custo é de R$ 800 mil, pagos pela marca de sabonetes Francis, da Flora, empresa que integra a J&F Investimentos.

A empresa fechou um termo de cooperação com a Prefeitura de São Paulo, com validade de três anos, tempo pelo qual também é responsável pela limpeza, pelo paisagismo e pela manutenção de todo o espaço. O investimento total é estimado em R$ 1,250 milhão.

Durante o processo de restauração, as estufas passaram por um estudo de resgate da cor origem (bege), além de ter grande parte das esquadrias e janelas trocadas. "Antes, aqui era escuro. E há estufas que estão literalmente caindo aos pedaços", contou Bruno Alves, diretor de marketing da Francis.

Entre as estufas já recuperadas, a de número 6 traz mudas de plantas medicinais, aromáticas e aquáticas. Já a outra, de número 5, reúne espécies raras e ameaçadas de extinção que são utilizadas em estudos e experimentos de novos métodos de reprodução.

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Dentre elas estão 12 mudas de carvalho brasileiro, tipo de árvore que já não é mais encontrado na natureza, de acordo com Yone Fukusima Hein, bióloga que trabalha no viveiro há 40 anos. "(O carvalho brasileiro) tem uma madeira que era nobre e difícil de crescer. Não conheço ninguém produzindo", conta.

Visitação

O viveiro fica aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 7 às 16 horas, mas o acesso às estufas é restrito às visitas monitoradas, que precisam ser agendadas previamente. Até 2016, o acesso também era permitido aos fins de semana, possibilidade que foi cancelada após episódios de vandalismo e roubo de plantas.

"Chegávamos aqui na segunda-feira e estava com buracos (da retirada das plantas)", afirma Luci Kimie Okino, diretora da Divisão Técnica de Produção e Arborização (Depave-2), que responde pelos três viveiros municipais. Além do Manequinho Lopes, São Paulo mantém os viveiros Arthur Etzel, no Parque do Carmo (zona leste), e Harry Blossfeld, no Parque Cemucam (zona oeste).

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O termo de cooperação prevê, contudo, que as visitas sejam retomadas, o que a Francis pretende realizar aos sábados e domingos. Além disso, a marca planeja lançar, em 2019, um website do viveiro, no qual os visitantes poderão fazer um tour virtual pelas estufas.

Fornecimento

Há quase cem anos, Manequinho Lopes já distribuía plantas por São Paulo. Também jornalista, detinha a coluna Assuntos Agrícolas no Estado, pela qual chegou a enviar sementes a leitores.

Hoje, as mudas do viveiro que leva seu nome são destinadas à gestão municipal, para serem plantadas em praças, canteiros e equipamentos públicos, como escolas e postos de saúde. Além disso, podem ser doadas a organizações não governamentais e órgãos estaduais e federais. No último balanço, de julho, estavam disponíveis 23 mil mudas de mais de 80 espécies.

A meta de produção é de 800 mil plantas por ano. Em 2015, o espaço chegou a ficar ao menos seis meses sem produzir nenhuma muda, após o fim do contrato com uma empresa que fornecia serviços de jardinagem. Dois anos antes, teve de doar mudas arbóreas à população por falta de equipes para realizar o plantio.

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Aos paulistanos, hoje o viveiro fornece mudas das árvores repassadas ao Município por meio de Termos de Compromisso Ambiental (TCAs). Para retirá-las, é necessário apresentar IPTU, documento com foto e, no caso de condomínios, autorização do síndico e ata de aprovação em reunião de condôminos. O viveiro chegou a ser incluído no plano de concessão do Parque do Ibirapuera, cujo edital ainda não foi publicado, mas foi retirado após críticas de que ele poderia deixar de existir no novo modelo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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