Você sabe o que é o marco zero de uma cidade? Será que Vitória tem? Veja o que o Folha Vitória descobriu

Você sabe o que é o marco zero de uma cidade? Marco zero pode ser entendido como o centro geográfico de um município, a partir do qual todas as medições de distâncias relativas a ele são estabelecidas, e também como o local onde a cidade teve origem.

Algumas capitais no Brasil, como São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Macapá e Fortaleza, por exemplo, possuem esse marco zero. Em São Paulo ele fica na Praça da Sé, no centro da cidade. Já na capital do Amapá, foi erguido um monumento no local exato da Linha do Equador.

                                                Praça do Marco Zero, em Recife

Mas e Vitória, será que possui um marco zero? Fomos atrás dessa informação e descobrimos que... não, Vitória não tem um marco zero. Pelo menos não um marco que indique a origem da cidade, como ocorre em outras capitais brasileiras.

Na verdade há um ponto, bem na frente do Palácio Anchieta, que é chamado de marco zero. Porém ele não se refere ao nascimento de Vitória, mas sim ao início da Rota Imperial São Pedro D’Alcântara, que começa na baía de Vitória e segue até Ouro Preto, em Minas Gerais, uma das principais cidades históricas do Brasil.

Concluída em 1816, época em que a exploração do ouro em Minas Gerais já se encontrava em declínio, a rota foi construída para servir como ligação entre a capital capixaba e a cidade mineira, inserindo o Espírito Santo no âmbito da Estrada Real. Antes disso, a abertura de estradas entre o Espírito Santo e Minas Gerais era proibida, justamente para que a Coroa Portuguesa pudesse controlar o trânsito de mercadorias no Brasil.

                                                                                                                         Foto: Rodrigo Araújo

   Marco Zero da Rota Imperial fica na frente do Palácio Anchieta, no Centro de Vitória

Ao longo de seus 575 quilômetros de extensão, a Rota Imperial passa por 14 municípios capixabas e 17 mineiros e consolidou a ocupação do território nesses locais. O trajeto é rodeado por vales, montanhas e cachoeiras, além da exuberante vegetação da Mata Atlântica, rica na variedade de orquídeas e bromélias.

Voltando à questão da fundação de Vitória, ela ocorreu no dia 8 de setembro de 1551, após uma acirrada batalha travada entre os colonizadores portugueses - comandados pelo donatário da capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho - e os índios Goitacazes. Entusiasmados com o triunfo, os portugueses passaram a chamar o local de Ilha de Vitória, que se tornou também a capital do Espírito Santo.

Dezesseis anos antes, em 1535, Coutinho havia fundado a antiga capital, Vila Velha. No entanto, como os portugueses sofriam constantes ataques dos índios e de outros estrangeiros - principalmente de holandeses e franceses - eles decidiram buscar um lugar mais seguro. Dessa forma, eles seguiram pela baía de Vitória e, contornando a ilha, aportaram na atual região de Santo Antônio.

Marcos geodésicos

Afinal de contas, se Vitória não possui um marco zero, como são estabelecidas as medições de distâncias relativas ao município? Uma das ferramentas utilizadas para mensurar com precisão essas distâncias são os chamados marcos geodésicos, que formam o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB).

                                                                                                                           Foto: Rodrigo Araújo

           Marco geodésico localizado na porta da Catedral Metropolitana de Vitória

Um marco geodésico nada mais é do que uma chapa de ferro, fixada em uma superfície de concreto, onde são gravadas informações relativas a latitude, longitude e altitude de determinado local. Esses marcos são implantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são utilizados por profissionais de áreas como engenharia, agrimensura, topografia e afins.

"Por meio dos marcos geodésicos são feitos cálculos matemáticos para se fazer a medição desejada, portanto quanto mais abrangente a distribuição desses marcos, mais precisos são os cálculos. Eles servem, por exemplo, para medir o tamanho de uma quadra ou de um terreno. No caso da construção civil, auxiliam, por exemplo, a monitorar o quanto uma ponte se mexe, se um prédio apresenta ou não inclinação, entre outras funções. Além disso, é a base utilizada em um mapa para medir a distância entre uma cidade e outra", explicou o supervisor da base territorial do IBGE no Espírito Santo, Fernando Jakes Teubner Junior.

De acordo com o instituto, atualmente Vitória possui 51 marcos geodésicos espalhados em seu território. No entanto, apenas 27 estão em boas condições para serem utilizados como referência geodésica. Outros seis marcos foram destruídos e 18 não foram localizados por profissionais do IBGE.

O supervisor do IBGE ressalta que é proibido danificar ou manusear de forma indevida um marco geodésico. Na própria chapa, é possível ler as inscrições "protegido por lei". "Nesse caso, cabe apenas uma punição administrativa. Ninguém é preso por mexer em um marco geodésico. Mas tirá-los do lugar faz com que as informações contidas nele percam a validade. Quando um marco é fixado em determinado local, ele indica com exatidão as informações sobre aquele ponto", destacou.