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Venezuela não acrescentou nada positivo ao Mercosul, diz Macri em entrevista

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Buenos Aires - O presidente argentino, Mauricio Macri, recebeu correspondentes do Estado de S. Paulo, da Folha de S. Paulo e de O Globo em sua residência oficial na manhã desta quarta-feira. Na entrevista, motivada pela visita do presidente Michel Temer a Buenos Aires na segunda-feira, Macri afirmou que a Venezuela "não acrescentou nada positivo ao Mercosul". Além disso, disse que deseja que os venezuelanos possam se manifestar nas urnas, no referendo revogatório que a oposição pretende convocar ainda para este ano para decidir se o presidente Nicolás Maduro mantém ou não o mandato. Macri comentou também as mudanças políticas no Brasil, ressaltando que respeita o processo institucional do País e dizendo que ele pode sair fortalecido do quadro atual.

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O novo presidente do Brasil virá a Buenos Aires, o senhor foi o primeiro em reconhecer seu governo, outros governos. Como avalia a situação do governo do Brasil na região? Pode dificultar o funcionamento do Mercosul, da Unasul? Acha que outros governos deveriam reconhecer o governo Temer?

Macri: Nós sempre respeitamos o processo institucional que seguiu nossa república irmã do Brasil. Não consideramos que tenhamos que expressar nenhuma opinião a respeito, porque acreditamos que tudo foi parte de um processo institucional que continua adiante. O Brasil atravessando um processo crítico de repensar a forma de fazer política, do qual considero que o Brasil sairá fortalecido. Disse isso cada vez que fui ao país. É um processo institucional que vai potencializar todas as qualidades do Brasil. Espero que no dia 3 de outubro, com a visita do presidente Temer ratifiquemos a vocação de dar impulso ao Mercosul. Hoje temos um grande desafio pela frente que é o acordo com a União Europeia (UE). Isso deveria nos estimular a realmente dar uma maior fluidez ao Mercosul, com Uruguai e Paraguai e acho que existe vocação de ambas as partes, espero. Espero porque o Mercosul é uma ferramenta que foi de avançada em seu tempo e hoje perdeu todo esse impulso com o qual começou, mas continua sendo muito válida. Continua sendo muito importante para o Brasil e para a Argentina, que nos integremos, antes de nos integrar com o mundo. Espero que o coloquemos firme na agenda.

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Em relação ao Mercosul, o bloco poderia pedir à Venezuela que realize o referendo revogatório ainda neste ano? O chanceler José Serra mencionou uma proposta argentina neste sentido.

Macri: Já me expressei publicamente, o povo venezuelano tem direito a expressar-se, sobretudo diante da violação sistemática dos direitos humanos cometida pelo governo de Nicolás Maduro. Ainda não o vejo como parte da agenda no Mercosul, vamos ver no dia 3 de outubro quando falemos com o presidente Temer sobre o assunto.

Falta de apoio do Uruguai?

Macri: Não, ainda não se colocou uma posição assim como Mercosul. A Argentina a adotou como país, individualmente.

Mas a Argentina tem uma proposta?

Macri: Não fizemos nenhuma proposta nesse sentido.

E na segunda-feira?

Macri: Veremos, vamos falar em profundidade. Acho que tudo o que possa ser feito para ajudar os irmãos venezuelanos deve ser feito, estou aberto a todas as alternativas possíveis que permitam que haja referendo e assim ver se finalmente são realizadas eleições antecipadas na Venezuela.

Viu Maduro na Colômbia?

Macri: Estivemos no mesmo espaço físico, mas não o vi.

Não trocaram palavras?

Macri: Não.

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O presidente de Peru, Pedro Pablo Kuczynski, disse que há que pressionar a Venezuela porque é muito perigoso o que pode acontecer se a Venezuela não resolver a crise política. O sr. concorda que há que aumentar a pressão? Como se faria isso?

Macri: Ao máximo possível. De toda maneira que for possível. Não é fácil a situação. Estou muito preocupado porque tomei posições claras em relação ao tema, mas o único que se vê de longe é que cada dia os resultados estão piores. Sinto que o governo de Maduro radicaliza suas posições em vez de gerar uma abertura ao diálogo. Não tenho claro como vai evoluir o assunto.

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Acredita que até 1º de dezembro a Venezuela poderia cumprir as normas do Mercosul ou inclusive seria mais conveniente ao bloco que as coisas fiquem como estão?

Macri: Na minha opinião, o ingresso da Venezuela não acrescentou nada positivo ao Mercosul. Assim que o Mercosul seguiria adiante de uma forma mais fácil sem a Venezuela de hoje que com a Venezuela de hoje.

Se refere às condições econômicas ou mais às questões democráticas?

Macri: Primeiro, ao não respeito às normas democráticas e segundo ao sistema econômico, que está em colapso na Venezuela.

Estaria então mais inclinado para que Venezuela baixasse de status de membro associado, como é Bolívia e Chile.

Macri: A Venezuela não cumpriu os requisitos que tinha que cumprir para ser um membro ativo do Mercosul. Se em 1º de dezembro não os cumpre, deixa de pertencer ao Mercosul.

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Com relação à Venezuela e a outros assuntos de política externa, eventualmente a chanceler Susana Malcorra baixa um pouco o tom de suas declarações. Ocorreu com Malvinas, Venezuela, Mercosul. Há um ruído entre os dois?

Macri: Nenhum. Ela é a chanceler e eu sou o presidente. Me dou o direito de me expressar com claridade absoluta sobre o que penso e a chanceler faz a tarefa diplomática. O que sentimos os argentinos é que temos que ser solidários com os venezuelanos. Na época da ditadura na Argentina, um dos países mais abertos a receber exilados argentinos foi a Venezuela. Devemos aos venezuelanos uma defesa irrestrita de seus direitos, que hoje são violados por um governo que atropelou as instituições democráticas.

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