"Uma mistura de emoções", diz mulher que teve o corpo queimado na Serra após condenação do ex
O homem acusado de atear fogo em Marciane Pereira foi condenado a 32 anos de prisão em regime fechado
A história de vida de Marciane Pereira ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (30). O homem acusado de atear fogo na ex-mulher foi condenado a 32 anos de prisão em regime fechado por tentativa de feminicídio.
O crime aconteceu há quatro anos na Serra. Por causa da violência sofrida, ela precisou amputar uma perna e perdeu parte dos dedos de uma das mãos. Como consequência dos ferimentos, a mulher também teve que passar por 18 procedimentos cirúrgicos ao longo dos últimos anos.
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Depois de tanta dor e sofrimento, o crime foi julgado pela Justiça. O julgamento aconteceu no Fórum da Serra e durou cerca de oito horas. O júri foi composto por sete pessoas, sendo quatro mulheres e três homens. Eles entenderam que no dia do crime, André Luiz dos Santos se quer deu chance de defesa a ex.
"Foi uma mistura de emoções: de raiva, de ódio, de alegria, de satisfação. Imagina quantas 'Marcianes' morreram sem ter o caso julgado, sem ter o agressor condenado ou aquelas que esperam o momento da condenação do agressor", desabafou a vítima.
Após o crime, essa foi a primeira vez que a vítima ficou frente a frente com o ex-marido e agressor. Durante o julgamento, Marciane questionou o ex-companheiro.
"Você tinha noção que eu ficaria desse jeito? Como você teve a capacidade de fazer isso comigo e não pensar no seu filho?", desabafou.
O réu foi condenado a 32 anos de prisão. O advogado de defesa de André Luiz, Ailton Ribeiro, já recorreu da sentença. "Já interpomos o recurso, que foi recebido pelo magistrado e a Justiça vai decidir agora o que fazer", disse.
Relembre o crime: homem jogou álcool e colocou fogo no corpo da ex-mulher
O crime que mudou a vida de Marciane aconteceu na casa em que ela morava no bairro Jardim Tropical, na Serra, em setembro de 2018. Na época, André se entregou para a polícia e confessou que teria jogado álcool e colocado fogo no corpo da ex-mulher.
Marciane teve queimaduras de terceiro grau em todo o corpo, ficou em coma induzido e respirou com a ajuda de aparelhos. Ela também precisou passar por uma cirurgia para amputar uma das pernas.
Após cinco meses de internação e vários procedimentos cirúrgicos, Marciane recebeu alta do Hospital Jayme Santos Neves. A mulher conversou com a equipe de reportagem da TV Vitória/RecordTV, um ano após ser atacada pelo ex-companheiro e relatou algumas limitações.
"É muito diferente. Acordava cedo, saía para trabalhar, correr, fazer as coisas sozinha. Mudou muito do que eu era antes. Hoje respiro com a ajuda de Deus. Antes, os aparelhos me ajudavam", contou ela na época.
Hoje, quase quatro anos depois, ela faz questão de deixar um recado para quem sofre algum tipo de violência doméstica.
"Por mais que não consiga gritar, tente gritar, peça ajuda. Não perneceça nessa relação. Na primeira palavra que ele falar, saía. Não pense que a violência é só a agressão física. Se ele te xingar, te intimidar, se ameaçar você... Mulheres saíam dessa relação, denuncie.
*Com informações da repórter Alessandra Ximenes, da TV Vitória/Record TV.