/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_TOPO |
Geral

Correção: Parque Alto da Boa Vista terá mirante, trilha sensorial e cachorródromo

Estadão Conteudo

audima
audima

Att srs assinantes,

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02

A nota publicada anteriormente se referia erroneamente a espécies de plantas como integrantes da fauna nativa. O termo correto é flora nativa. Segue a nota corrigida:

Um mirante com vista para árvores nativas, uma trilha sensorial para crianças e um cachorródromo estão entre as mudanças previstas para a nova fase de implantação do Parque Alto da Boa Vista, que completou um ano de inauguração parcial em maio, na zona sul da cidade de São Paulo. A abertura permitiu um contato inicial com o espaço após cerca de duas décadas de mobilização popular e disputas na Justiça, mas ainda abrange uma pequena parte da área total, majoritariamente isolada por cercas de bambu.

A segunda fase está em licitação, com resultado a ser divulgado em 23 de agosto. A previsão é de um ano de obra, com a entrega para o fim de 2023 ou o início do ano seguinte. O valor estimado é de R$ 4,59 milhões, porém a menor oferta será a selecionada. A primeira etapa custou R$ 825,7 mil, mais da metade de um termo de compromisso ambiental e o restante de doações.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03

O motivo de uma abertura parcial tem duas explicações principais. A primeira foi o atendimento a uma demanda de parte da vizinhança para que o parque fosse implantado mesmo que com uma estrutura básica, a fim de evitar novas tentativas de grilagem e uso privado irregular. A outra foi o cumprimento de uma das promessas do Plano de Metas da Prefeitura, de 10 novos parques em dois anos.

A ideia é que o parque mantenha uma vocação mais contemplativa, mas que sejam introduzidas opções de lazer, a fim de mantê-lo ativo. "Estamos prevendo um uso não tão intensivo, sem quadras e com poucos equipamentos, mais voltado à contemplação, caminhada, trilhas", explica Isabella Armentano, diretora da Divisão de Implantação, Projetos e Obras (DIPO) da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

As áreas de vegetação mais densa serão mantidas, com a troca progressiva das espécies invasoras por árvores nativas da Mata Atlântica, enquanto as mais abertas receberão alguns dos novos equipamentos. Hoje, a flora nativa inclui espécies como a aroeira-mansa, o jaborandi e a embaúba-branca. Há também frutíferas, como bananeira, abacateiro e goiabeira. "O projeto tem muito a ver com as características do terreno", avalia a diretora.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04

Para as crianças, serão feitas intervenções lúdicas em vez da instalação de um parquinho tradicional. Entre elas, estão um piso ondulado e emborrachado para brincadeiras e deitar, marcações de pegadas de animais no chão e um caminho sensorial. "A gente tem pensado em como os parques podem contribuir na construção e desenvolvimento das crianças, pensando o parque todo como um espaço de brincar, para diversas idades, até o adulto", conta Isabella.

Caminhos sensoriais costumam envolver diferentes estímulos, desde variações na textura e forma do piso até a presença de plantas aromáticas, por exemplo. A definição do desenho para o parque será feita pela vencedora da licitação, responsável também pela elaboração do projeto executivo da obra.

"O caminho sensorial é uma coisa delicada, que não tem custo elevado e que as crianças gostam muito", ressalta Francine Sakata, projetista da RGM Arquitetos Associados, escritório responsável pelo projeto de referência do parque. Ela resume que a proposta foi valorizar as áreas livres e a vegetação.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_05

As mudanças também envolvem a instalação de um mirante de 65 metros quadrados, com vista para as árvores. "Foi uma leitura feita a partir do potencial do terreno, que tem uma topografia bem cadenciada", aponta Maryellen Ribeiro, coordenadora da DIPO na região sul paulistana.

Já o cachorródromo terá 231,1 metros quadrados, com cercamento. Em outro ponto, haverá uma academia ao ar livre, com simulador de caminhada, alongador e outros equipamentos, além de novas trilhas.

Como a ideia é manter as características naturais, a previsão é de um total de 2,1 mil metros quadrados de área pavimentada, o que representa 4,1% do parque. Além disso, o projeto contempla alguns pontos de drenagem, como nos chamados "jardins de chuva", com camadas de brita abaixo de canteiros ajardinados, a fim de facilitar o escoamento da água.

A iluminação será com lâmpadas de LED, assim como também estão previstos quiosques abertos feitos de bambu ou madeira, um espaço multiuso, tanque de areia e a expansão da administração, com vestiário para funcionários e guarita.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_06

Hoje, o parque se resume a um caminho demarcado por bambus e com placas informativas de algumas das 61 aves identificadas no local, como a coruja-orelhuda e o tucano-de-bico-verde, banheiros e bancos. Em frente à administração, foram colocados cartazes com os croquis da segunda fase do projeto.

O espaço restrito tem causado estranhamento em parte dos poucos visitantes. "É só isso?", é um dos comentários mais ouvidos pelos trabalhadores do espaço, que se mantém esvaziado. Por vezes, está sem nenhum visitante, como na tarde da quinta-feira, 4, em que foi visitado pela reportagem. Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), a parte aberta ao público corresponde a 15,7 mil dos 48,2 mil metros quadrados do terreno, contando com uma área de bancos fora do cercamento.

Parte dos frequentadores aprova a abertura parcial enquanto a segunda fase está em tramitação, como o empresário Pablo Campanhã, de 42 anos. "Você entra e é uma imersão de natureza. Parece que está em outro lugar", descreve.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_07

Semanas atrás, ele fotografou cerca de três tucanos posicionados exatamente no entorno da placa de sinalização do animal. "Foi de encher os olhos", diz. Ele é crítico, contudo, da implantação do cachorródromo no parque, por avaliar estar em desacordo com a proposta do espaço e ter outras opções na vizinhança.

Parque Alto da Boa Vista foi criado por mobilização de moradores

O parque é parte de uma mancha verde no distrito de Santo Amaro, na qual também estão inseridos um condomínio de alto padrão e um outro terreno alvo de disputa judicial, conhecido como Chácara (ou Jardim) Alfomares. No local, está a nascente do Córrego Poly, anteriormente chamado de Lavapés, que dava nome a um antigo caminho de tropeiros.

A implantação do parque está diretamente ligada à mobilização de parte da vizinhança, principalmente da Associação dos Amigos do Alto da Boa Vista (SABABV). "Foi uma lição para nós: se você pretende algum dia ser uma cidadã plena, um cidadão pleno, precisa estar muito preparado para a frustração e não abandonar o objeto da causa por conta dos ‘nãos’ que a gente ouve da Prefeitura. Se não, nada será feito", resume a vice-presidente da entidade, a pesquisadora aposentada Nancy Cardia.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_08

Ela relata que a propriedade do terreno como municipal ficou esquecida por anos, até 2000, quando um morador fez uma reclamação na subprefeitura sobre falta de calçamento. Na hora de notificar o dono, qual foi a surpresa do então subprefeito ao verificar que era a própria municipalidade.

Na sequência, foi feito o cercamento. O parque foi criado por meio de decreto em 2003 e batizado com a nomenclatura atual no ano seguinte. Por anos, ocorreram disputas judiciais e outros conflitos pela posse com terceiros, somados às negociações de anos para que a Prefeitura fizesse a implantação.

"A gente tinha a determinação que fosse virar algo para servir ao público. Muitas descobertas sobre o parque ocorreram ao longo dos anos", comenta. Após o encerramento das disputas judiciais e a não implantação do parque, a associação procurou a gestão pública e se dispôs a arcar com parte da estrutura básica de implantação, em conjunto com a Chapel School. "A gente quer que as pessoas possam caminhar e que, um dia possam ter acesso à nascente, para verem, valorizarem o ambiente. É uma lição pra respeitar o meio ambiente, esse lugar."

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_09

A associação também lidera a defesa da transformação de outra área verde do entorno, conhecida como Jardim Alfomares, como parque. "É uma área com (espécies de) Mata Atlântica, uma fauna inacreditável e reprodução de espécies. O ideal é que vire uma reserva com funções pedagógicas e de pesquisa", comenta.

Hoje, o terreno é alvo de uma ação aberta pelo Ministério Público de São Paulo, a fim de barrar a implantação de um empreendimento imobiliário. Na Câmara, um projeto de lei aprovado em primeira votação determina a transformação em parque.

Em nota, a Prefeitura respondeu ao Estadão que acompanha "as questões judiciais" e ressaltou que se trata de uma "área atualmente particular, com grande riqueza ambiental e que poderá se tornar um parque municipal seguindo um rito legal, ao ser inserido no Quadro 7 do Plano Diretor Estratégico da Cidade (PDE) - que lista os parques existentes e os que podem vir a existir um dia", lei que está em processo de revisão neste ano.

Parque Alto da Boa Vista

Endereço: Rua Vigário João de Pontes, 779 (esquina com a Rua Visconde de Porto Seguro) - distrito de Santo Amaro.

Horário: das 6 às 18 horas.

Infraestrutura atual: caminhos, sanitários, bicicletário e bancos.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_10

Observações: animais domésticos somente podem circular com guia e coleira; é vetada a prática de ciclismo, skate, patins e esportes com bola.

/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |
/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade.