Exame de DNA aponta que "Clarinha" não é menina desaparecida nos anos 70
A paciente "Clarinha" está internada no Hospital da Polícia Militar desde 2000, quando foi atropelada por um ônibus no Centro de Vitória
Um exame de DNA descartou a possibilidade da paciente "Clarinha" ser a mesma criança desaparecida no ano de 1976, em Guarapari. A informação foi confirmada pela Polícia Civil de Minas Gerais, após um novo confronto de dados genéticos, entre a paciente internada em Vitória e a família da criança desaparecida há 45 anos, realizado nesta quinta-feira (05).
De acordo com informações da polícia mineira, as amostras biológicas dos pais da criança desaparecida, que são de Minas Gerais, foram processadas pela Seção Técnica de Biologia e Bacteriologia Legal da Polícia Civil de Minas, e os perfis foram inseridos no Banco de Dados de Perfis Genéticos em fevereiro de 2013
Já os dados da "Clarinha" foram processados pelo laboratório de DNA Criminal do Espírito Santo e inseridos no banco de dados em novembro de 2015.
Ainda segundo a PCMG, Minas Gerais e Espírito Santo fazem parte da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, o que permite que, periodicamente, haja o confronto de suas respectivas inserções com todos os dados dos Laboratórios de DNA Forense do Brasil que estão contribuindo com a rede.
Com isso, se a paciente fosse realmente a filha do casal mineiro, esse fato teria sido confirmado em novembro de 2015.
Ainda assim, nesta quinta-feira os perfis do casal de Minas Gerais e da paciente internada em Vitória foram novamente comparados, e o resultado previamente apresentado pela Rede Integrada de Perfis Genéticos foi confirmado. Ou seja, foi descartada a possibilidade de "Clarinha" ser filha do casal de Minas.
A PCMG esclarece que, na época do desaparecimento da menina Cecília, em 1976, tomou todas as providências cabíveis — divulgação das imagens da criança e de seus familiares, inclusive da fotografia envelhecida da desaparecida, e contato com as redes da assistência social e da saúde, em busca de informações sobre o paradeiro da desaparecida. Além disso, a mídia nacional deu ampla divulgação ao caso, na época.
Em virtude disso, a Polícia Civil mineira recebeu informações de mulheres que poderiam ser a criança desaparecida. No entanto, após confronto do material genético dessas mulheres com o material genético dos pais de Cecília, todas as possibilidades foram descartadas.
A história de "Clarinha"
A paciente, que aparenta ter aproximadamente 40 anos, está internada no Hospital da Polícia Militar (HPM), em estado vegetativo, desde 2000. Ela foi atropelada no Centro de Vitória e não foram encontrados documentos ou pessoas que a reconhecessem.
De acordo com relatos de testemunhas, ela estava fugindo de um perseguidor, que também não foi identificado, e correu para o meio de uma avenida movimentada no centro da capital, onde foi atropelada por um ônibus.
A vítima foi levada para o antigo Hospital São Lucas e passou por diversas cirurgias. O cérebro foi afetado, impedindo que ela retornasse de um coma profundo.
Sem documentos e com as digitais desgastadas, buscou-se, em um primeiro momento, encontrar algum conhecido entre as testemunhas do acidente, mas ninguém tinha informações da paciente.
Em seguida, “Clarinha” foi transferida para o HPM, onde continua até hoje, sendo cuidada pelo corpo médico e pelos enfermeiros. Ela ganhou o apelido de “Clarinha” por indicação de uma das enfermeiras, que a acompanha desde o momento em que ela chegou ao hospital.
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