JULGAMENTO DO CASO MILENA GOTTARDI

/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_TOPO |
Geral

'Conseguimos aquilo que queríamos', diz mãe de Milena Gottardi

Na saída do Fórum de Vitória, Zilca Gottardi, mãe da médica, falou sobre a condenação dos seis acusados de envolvimento na morte da filha

Redação Folha Vitória
audima
audima
Foto: Reprodução TV Vitória
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02

Chegou ao fim, após mais de uma semana, o julgamento do caso Milena Gottardi, com a condenação dos seis acusados de envolvimento no assassinato da médica, ocorrido em 14 de setembro de 2017. 

A sentença do júri foi lida na noite de segunda-feira (30) e proferida pelo juiz Marcos Pereira Sanches, titular da 1ª Vara Criminal de Vitória. 

>> Veja todas as reportagens sobre o caso Milena Gottardi

Acompanhada do filho, Douglas Gottardi, a mãe de Milena, dona Zilca Gottardi, entrou no salão do júri por volta das 21h20, para ouvir a sentença do juiz. 

Foto: Marcelo Pereira / Folha Vitória

Embora a dor da perda de Milena seja irreparável, familiares e amigos se emocionaram e respiraram aliviados. Em conversa com a imprensa na saída do Fórum de Vitória, a mãe da médica falou sobre a decisão.  

"Nós conseguimos aquilo que queríamos: pena máxima, todo mundo muito envolvido, sofrendo e nos ajudaram a vencer. Jesus estava com a gente. Uma equipe maravilhosa que, unida, conseguiu chegar a esse final. Errou, tem que ter justiça", afirmou dona Zilca. 

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03
"Como eu perdi a minha filha, as outras mães também sofrem, então tem que ser feita a justiça. Quantas estão com o coração como o meu? Partido, cortado... Eu fico com elas também", acrescentou. 

A médica Lívia Maia, amiga de Milena desde a faculdade, foi testemunha no processo e comemorou a sentença, destacando que a pena foi justa para todos os réus, principalmente para os mandantes do assassinato. 

"O julgamento foi muito justo. A acusação do dr. Renan, junto com a promotoria, provou por A mais B que todos os réus foram culpados. Eles realmente estavam com provas de que eles estavam envolvidos no crime. Não teve o que questionar. A pena foi justa para todos os réus, principalmente para os mandantes", afirmou. 

"Não é um sentimento de felicidade. Felicidade seria se ela estivesse aqui. Mas é um sentimento de justiça. O que a gente esperava, aconteceu. A gente segue hoje sem medo, sabendo que as filhas vão estar seguras com a tia Zilca e o Douglas, irmão dela. Então a paz que a Milena estava buscando para as filhas, ela vai ter hoje com a família dela", destacou a amiga. 

Pena de cada réu acusado de envolvimento no assassinato de Milena Gottardi

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04

Todos os seis réus acusados de envolvimento no assassinato da médica Milena Gottardi foram condenados na noite de segunda-feira (30). A sentença foi lida pelo juiz Marcos Pereira Sanches, titular da 1ª Vara Criminal de Vitória. A pena foi estabelecida após o júri popular considerar o réus culpados.

Foto: Arte/Folha Vitória

Executor confesso do assassinato de Milena, Dionathas Alves Vieira foi condenado, inicialmente, a 28 anos e oito meses de prisão. No entanto, no entendimento do juiz, Dionathas confessou o crime e colaborou com a Justiça para a elucidação do crime. Por causa disso, sua pena foi reduzida em dez anos, passando para 18 anos e oito meses.

Foto: Arte/Folha Vitória

Bruno Broetto, acusado de ter fornecido a moto para Dionathas cometer o crime, teve a culpabilidade reconhecida e foi condenado a 10 anos e cinco dias de reclusão. Segundo o juiz, o acusado sabia que a moto seria utilizada para um crime e entregou uma motocicleta irregular ao outro réu.

Arte/Folha Vitória
Arte/Folha Vitória
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_05

Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho, acusados de intermediar o crime, foram condenado a 26 anos e 10 meses de reclusão, cada um. Segundo o magistrado, Valcir foi o principal intermediário e participou de todas as tratativas do crime, além de ter contato com o executor do crime antes, durante e depois. Por fraude processual, foi condenado também a 10 meses de reclusão.

Já os dois denunciados como mandantes do assassinato de Milena — o ex-marido da vítima, Hilário Frasson, e o pai dele, Esperidião Frasson — foram condenados a 30 anos de prisão, cada um.

Arte/Folha Vitória
Arte/Folha Vitória

O magistrado ainda estipulou uma multa de R$ 700 mil de indenização coletiva para a família de Milena Gottardi. A multa vale para todos os seis réus julgados e condenados.

Relembre o assassinato de Milena Gottardi

O assassinato de Milena Gottardi aconteceu na noite do dia 14 de setembro de 2017 e ganhou grande repercussão no Espírito Santo. A vítima atuava como pediatra oncológica no Hospital das Clínicas, em Maruípe, Vitória.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_06

Quando saía de um plantão, acompanhada de uma amiga, a médica foi abordada, no estacionamento do hospital, por um homem armado, que chegou a anunciar um assalto.

Foto: TV Vitória

Milena e a amiga chegaram a entregar os pertences ao suposto assaltante. Quando elas se dirigiam ao carro, o criminoso atirou em direção à pediatra, atingindo ela na cabeça e na perna, e fugindo posteriormente. A médica foi socorrida e internada em um hospital, mas morreu no dia seguinte.

A Polícia Civil agiu rápido e, dois dias após a médica ser baleada, dois suspeitos de envolvimento no crime foram detidos: Dionathas Alves Vieira, acusado de ser o executor do crime, e Bruno Rodrigues Broetto, apontado pela polícia como o responsável por conseguir a moto utilizada por Dionathas no dia do assassinato.

A prisão dos suspeitos aconteceu praticamente ao mesmo tempo em que o corpo de Milena era sepultado em Fundão, município onde a médica nasceu e foi criada, e onde grande parte de sua família ainda mora.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_07

Com a prisão da dupla, a polícia começou a desvendar o crime e provar que Milena não havia sido vítima de um latrocínio — como fez parecer o autor dos disparos — mas sim de um crime de mando. Faltava, no entanto, chegar aos mentores do assassinato.

Para conseguir as provas necessárias, a Polícia Civil conseguiu, junto à Justiça, que as investigações corressem sob sigilo. Isso porque o principal suspeito de encomendar a morte de Milena era o ex-marido dela, o então policial civil Hilário Antônio Fiorot Frasson, que atuava como assessor técnico do gabinete do Chefe da PC, Guilherme Daré.

A ideia da Secretaria de Estado da Justiça (Sesp) era justamente impedir que Hilário tivesse acesso às provas obtidas pela Delegacia Especializada em Homicídios Contra a Mulher (DHPM), que conduzia o inquérito.

A prisão de Hilário aconteceu no dia 21 de setembro, exatamente uma semana depois do assassinato de Milena. Ele foi preso na Chefatura da Polícia Civil e encaminhado para um anexo da Delegacia de Novo México, em Vila Velha, onde ficam os policiais civis que são presos.

Leia também: Acusado de mandar matar Milena Gottardi, Hilário Frasson é expulso da Polícia Civil

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_08

Mais cedo, no mesmo dia, a polícia havia prendido o pai dele, Esperidião Carlos Frasson, apontado como o outro mandante do crime, e Valcir da Silva Dias, acusado de ser um dos intermediadores do assassinato.

Segundo a polícia, o outro intermediador foi Hermenegildo Palauro Filho, o Judinho, que foi preso no dia 25 de setembro.

Todos os seis suspeitos de envolvimento no assassinato de Milena Gottardi foram autuados pela Polícia Civil, que concluiu o inquérito referente ao crime no dia 18 de outubro de 2017. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPES), que, no dia 27 de outubro, denunciou os seis indiciados à Justiça.

A denúncia foi aceita no dia 1º de novembro daquele ano pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches, que decretou a prisão preventiva dos seis acusados — que até então cumpriam prisão temporária.

Hilário, Esperidião, Valcir, Hermenegildo e Dionathas foram denunciados pelos crimes de homicídio qualificado, feminicídio e fraude processual. Já Bruno responde pelo crime de feminicídio.

Entenda a participação de cada réu no caso

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_09

As investigações concluíram que Hilário e Esperidião encomendaram o assassinato de Milena Gottardi por não aceitarem o fim do casamento entre ela e o então policial civil. Para isso, eles teriam contratado Valcir e Hermenegildo para dar suporte ao crime e encontrar um executor.

Ainda segundo a polícia, Dionathas Alves foi o escolhido para executar o "serviço" — como os envolvidos se referiam ao assassinato da médica. Para isso, ele receberia uma recompensa de R$ 2 mil.

Foto: Arte/ Júlio Lopes

Dionathas teria usado uma moto, repassada a ele pelo cunhado Bruno, para seguir de Fundão até Vitória e matar Milena.

O veículo foi apreendido em uma fazenda em Fundão, no mesmo dia em que Dionathas e Bruno foram presos. Na época, o executor confesso do assassinato disse à polícia que o crime foi planejado durante cerca de 25 dias.

O inquérito, no entanto, aponta que o planejamento do homicídio começou pelo menos dois meses antes do crime. Segundo as investigações, os seis acusados de envolvimento na morte de Milena Gottardi trocaram 1.230 ligações e formaram uma rede de comunicação antes e após o crime.

Depoimentos de quatro suspeitos de envolvimento do crime detalharam como foi o planejamento do assassinato da médica. 


/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |
/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade.