Ser pai é: Clóvis de Barros e Marcos Piangers traduzem a paternidade e deixam recado para capixabas

"Ser pai é diferente de ser amigo, de ser colega, de ser 'parça'. Ser pai implica, de vez em quando, em dizer não". Esse é o breve e íntegro resumo do professor Clóvis de Barros Filho sobre o significado de ser pai. 

Em homenagem ao Dia dos Pais, celebrado neste domingo (12), o jornal online Folha Vitória ouviu, com exclusividade, ele e Marcos Piangers - dois dos palestrantes mais renomados do país - para traduzir o que é a paternidade.

Jornalista e professor livre-docente na área de Ética da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Clovis de Barros, de 51 anos, é pai de três filhos. Ele destaca que a tarefa não é fácil e muitas vezes é preciso assumir o risco de ser inconveniente e 'chato'. 

"Às vezes é preciso mostrar o caminho de maneira amarga, orientar, ensinar. O homem não nasce pronto, ele precisa aprender muita coisa e os pais têm um papel relevante nesse processo. Não é tudo o que a gente quer que podemos ter, muito menos em qualquer tempo em qualquer lugar. É preciso assumir o risco de ser chato, inconveniente, e muitas vezes, até protagonista de uma cerca autoridade", destaca. 

Para ele, muitos pais foram abrindo mão de realizar o trabalho de educar os filhos para evitar que eles se frustrem ou se entristeçam de alguma forma.

"O que está acontecendo é que os pais, pouco a pouco, foram abrindo mão de realizar esse trabalho de educação. O trabalho dos pais é imprescindível nesse momento e isso tem sido diminuído e empobrecido talvez porque essa educação implique em alguma tristeza ou frustração e eles não estão querendo assumir para si a obrigação de entristecer os filhos. Quero crer que essa seja a raiz de uma série de dificuldades de convivência que estamos enfrentando", conclui. 

Marcos Piangers também é veterano na 'escola' da paternidade e foi, inclusive assim, que ganhou a internet e hoje coleciona milhares de seguidores. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, o pai de Anita e Aurora começou escrever sobre as filhas nas redes sociais e hoje é uma referência em palestras sobre relações familiares. 

"Reclamamos o tempo todo de não ter tempo e ao mesmo tempo passamos tempo demais na frente do celular e do computador. A gente está sempre olhando o último vídeo no Youtube, mandando algum e-mail, respondendo questões do trabalho no WhatsApp. Isso obviamente nos aproxima de quem está longe, facilita a nossa vida, mas também nos distancia de quem está perto, nos deixa muito anestesiados e distante dos nossos filhos e de uma tensão que pode ser dada no dia-a-dia, olhando no olho, conversando, em que você de fato vai conhecer o seu filho e se moldar a ser um pai mais participativo, amoroso e principalmente atender às demandas do seu filho", destaca. 

Para Piangers, o "eu te amo" na relação entre pai e filho funciona como uma espécie de contrato, uma declaração publica de que tem carinho e afeto por aquela pessoa. 

"Dizer eu te amo para uma pessoa é como assinar um contrato. Muitas vezes ele está explicito, com todas as cláusulas em cima da mesa, que todo mundo vê e pensa "poxa, certamente meu pai me amava, ele apenas nunca disse eu te amo". Mas infelizmente para muitas crianças esse contrato ficou por ser assinado, então o "eu te amo" é uma declaração pública de que você está lá por aquela pessoa, de que realmente gosta daquela pessoa, que tem apreço, carinho e afeto", conclui. 

O jornal online Folha Vitória deseja um Feliz Dia dos Pais!