Segundo suspeito de envolvimento com morte de PM em Paraisópolis é preso
A polícia prendeu um segundo suspeito de envolvimento com a morte da policial militar Juliane dos Santos Duarte, de 27 anos, assassinada a tiros após ser sequestrada de um bar em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Felipe Oliveira da Silva, o Silvinho, foi identificado como a pessoa que deixou a motocicleta da vítima na Praça Panamericana, na zona oeste da cidade. Antes dele, já havia sido preso Everaldo da Silva Félix, o "Sem Fronteira", que tentou se livrar de celulares ao se deparar com uma guarnição da polícia.
As investigações preliminares apontam que a soldado Juliane dos Santos Duarte, de 27 anos, foi morta por ser policial militar. Nesta quarta-feira, 9, a investigação foi oficialmente assumida pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que seguirá com o apoio do 89.º Distrito Policial (Portal do Morumbi), responsável pelo caso no primeiro momento. Ao anunciar a decisão nesta quarta-feira, 8, o secretário estadual da Segurança Pública, Mágino Alves, ressaltou que a investigação foi até o momento "exitosa".
No momento em que foi abordado pela polícia, em Paraisópolis, "Sem Fronteira" tentou fugir e jogou três celulares em privadas de banheiro. Segundo o delegado Antônio Sucupuri, titular do 89º Distrito Policial (Portal do Morumbi), técnicos tentam consertar os aparelhos. "A polícia acredita que tenham informações importantes que podem colaborar com as investigações", diz.
Já Silvinho havia sido preso nesta terça e encaminhado ao 89º DP. Ele nega participação no crime e diz ter apenas conduzido a moto. Ele diz ter sido chamado para executar a ação por amigos enquanto estava consumindo drogas ilícitas. "Tem testemunhas que reconheceram ele como um dos quatro indivíduos que abordaram a PM na madrugada do seu desaparecimento", diz o delegado.
PM foi abordada em bar
Por volta das 12 horas de quinta-feira, 2, um casal de amigos registrou queixa de desaparecimento da PM no 89º DP. Na madrugada daquele dia, a PM teria sido sequestrada por quatro homens (dos quais três estariam encapuzados) de dentro do Bar do Litrão, em Paraisópolis, onde visitava o casal de amigos e aproveitava as primeiras férias como policial.
A ação teria ocorrido após a soldado se identificar como policial quando um frequentador teve o celular furtado. Ao ser abordada pelos quatro homens, ela reagiu e tentou sacar sua arma, momento em que teriam ocorridos tiros acidentais e foi baleada duas vezes na virilha.
No mesmo dia, quatro testemunhas que estavam no bar deram depoimentos à polícia. "Logo em seguida chegaram as denúncias anônimas. Todas foram checadas",diz o delegado Sucupira, segundo o qual, a maioria dos denunciados foi localizada e ouvida.
Na noite seguinte, de sexta-feira, a polícia localizou a motocicleta da policial nas proximidades da Praça Panamericana, no Alto de Pinheiros, zona oeste paulistana, a cerca de 12 quilômetros do Bar do Litrão. Três dias depois, o corpo da vítima foi achado dentro de um automóvel, que, segundo moradores,estava estacionado no mesmo local desde a noite do crime.
Um laudo do Instituto Médico Legal apontou, contudo, que Juliane foi morta 24 horas antes de ter o corpo encontrado, isto é, no domingo, 5. O carro estava no bairro Campo Grande, a 15 quilômetros de onde a moto foi achada. "Estava em uma área muito distante que não se ligava diretamente ao crime", afirmou Mágino Alves.
Segundo secretário, "o que tudo indica" é que Juliane foi executada dentro do porta-malas do carro.
Após Juliane ter sido baleada, o bar teve o chão lavado, segundo análise técnica. A polícia ainda não localizou, contudo, o dono do local. Uma cápsula do mesmo tipo de arma utilizada pela soldado foi encontrada pela polícia, mas a pistola ainda não foi achada.
Até o momento, a investigação descarta envolvimento de Elaine Figueiredo, a Neguinha, que teria sido apontada por terceiros como possível mandante do crime. Além disso, um terceiro suspeito, chamado Diego, foi preso em flagrante por estar com arma ilegal e não ter declarado a origem de R$ 311 mil em dinheiro.
Soldado é considerada 'heroína'
À imprensa, o corregedor da Polícia Militar, coronel Marcelino Fernandes, chamou a execução da PM de um "crime bárbaro". "De uma jovem que era de periferia, que tinha o sonho de ser policial e teve a sua vida ceifada", declarou. "Nós vamos solucionar, estamos próximos de solucionar."
"Quando se atenta contra a vida de um policial, se atenta contra o Estado democrático de direito. É importante que a sociedade entenda", ressaltou. "Ela morreu por ser policial."
Mágino Alves ressaltou que o procedimento padrão para uma situação como a do bar era agir. "O policial, quando em notícia de algum evento criminoso, vai agir", afirma. "O motivo da execução da soldado Juliane fica muito claro: ela foi identificado pelos seus algozes por ser uma policial. Se foi o crime organizado ou se foi bandidos comuns, nós vamos ainda apurar."
O secretário afirmou que, embora Paraisópolis seja, "uma das manchas de criminalidade mais intensa" da capital, a PM está no local para assegurar "a ordem" durante as investigações. "Estamos chegando à autoria desse crime", garante. O delegado Sucupira também defenee a PM. "Ela teve um ato, ao meu ver, de heroísmo. Viu uma situação inusitada, errada, e tentou intervir."