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Howard Gardner: 'Empatia deve ser ensinada pelo exemplo'

Estadão Conteudo

audima
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Na década de 1980, o psicólogo Howard Gardner, ligado à Universidade Harvard (EUA), transformou a educação com sua teoria sobre as inteligências múltiplas. A pesquisa ampliava o olhar sobre a capacidade humana, apresentando outros tipos de competências, como musical, espacial e interpessoal. Para ele, aprender as competências interpessoais - o que envolve empatia e colaboração - não é mais difícil do que Matemática. A forma de ensiná-las é que muda. "Se o professor não tem e não demonstra compreensão e sensibilidade com os outros, não há como suas crianças desenvolverem isso", disse ao jornal "O Estado de S. Paulo" o pesquisador, que esteve no Rio este mês para o Congresso LIV Socioemocional, realizado pela Eleva Educação.

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No Brasil, especialistas discutem mais como ajudar crianças a desenvolver habilidades interpessoais. Essa inteligência é mais difícil de aprender?

Não é difícil adquirir habilidades interpessoais. Mas não devemos ensinar didaticamente - dando um conjunto de regras e testando-as. Em vez disso, desenvolvemos habilidades interpessoais vendo exemplos positivos de professores, pais e alunos mais velhos.

Os professores estão preparados para ensinar isso? Como podemos prepará-los?

É bom ler histórias, falar sobre elas, representá-las - mas isso é muito menos importante do que ter modelos poderosos, que podem ter impactos em comportamentos insensíveis.

O senhor já falou sobre uma "inteligência pedagógica". Para se tornar bom professor, é necessário ter essa inteligência?

Existe algo como a capacidade de ensinar bem ou mal. E pode ser uma inteligência separada, embora esteja claramente relacionada às inteligências interpessoal e intrapessoal. Não acho que alguém deva se tornar professor a menos que tenha pelo menos uma inteligência pedagógica. Ninguém aceitaria um violoncelista sem inteligência musical! Podemos certamente melhorar nossa inteligência pedagógica - ter bons exemplos e feedback ajuda.

Somos mais globalizados e conectados. Está mais difícil ser colaborativo e empático?

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Acho que é mais difícil. Não previ isso, mas parte significativa da população é incapaz de lidar com a mudança rápida sobre os fatores que você mencionou e com a fragilidade do emprego. Temos reação contra essas forças, com mais racismo, xenofobia e predileção por líderes autoritários. E, assim, aumentar a colaboração e a empatia - exceto entre indivíduos muito parecidos entre si - é um desafio maior. Mas temos de enfrentar esse desafio, ou estaremos em guerra uns com os outros cada vez mais. As mídias sociais desempenham papel importante. Podemos nos conectar melhor com pessoas diferentes de nós e distantes, ou podemos nos isolar e nos dedicar a insultos. Precisamos de poderosos exemplos positivos aqui e, embora não fique feliz em dizer isso, talvez precisemos regular mais as mídias sociais. As fake news são apenas uma das áreas que exigem regulação responsável por agentes confiáveis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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