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Taxistas se dividem com novas regras para tarifa em SP

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - As novas regras de bandeirada de táxis em São Paulo, que entram em vigor na quarta-feira, 24, dividiram os taxistas da capital e não devem garantir uma maior competitividade da categoria com os aplicativos de transporte de passageiros como o Uber, regulamentados há três meses pela gestão Fernando Haddad (PT).

Três mudanças valem a partir de quarta-feira, 24. As tarifas para táxis comum, especial (vermelho e branco), luxo e preto passam a ser a mesma: R$ 4,50 de bandeirada e R$ 2,75 por quilômetro rodado; a tarifa extra de 50% para viagens a outros municípios deixa de existir; e a cobrança de bandeira 2, que consiste em aumento de 30% no valor do km rodado entre 20 horas e 6 horas, passa a ser opcional.

Segundo a gestão Haddad, as alterações foram feitas a pedido dos usuários de táxis e da própria categoria. Mas os taxistas comuns, que representam quase 80% dos 36,8 mil motoristas ativos na cidade, criticaram a medida. "Perder a bandeira 2 e a taxa de 50% é como você perder seu adicional noturno, seu 13.º, seus benefícios. Não é uma coisa boa", disse André Ricardo Lopes, de 39 anos, que trabalha na região da Avenida Paulista.

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Na terça-feira, 23, cerca de 50 taxistas contrários aos aplicativos de transporte protestaram no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na região central, e entregaram ao Ministério Público Federal (MPF) um dossiê relatando os problemas da categoria com o que chamam de "transporte clandestino", além de um abaixo-assinado pedindo a revogação do decreto que legaliza os aplicativos.

Favorável

Quem gostou das mudanças foram os taxistas das categorias preto e especial. No Aeroporto de Congonhas, tradicional ponto desse serviço, a expectativa é de que os clientes voltem às filas do vermelho e branco. Na última segunda-feira, apenas os táxis comuns eram solicitados. "Sou favorável a essa mudança. Está difícil para todo mundo e a primeira coisa que o passageiro olha é o preço. Mesmo sem todas essas novidades, como Uber, táxi preto, já estaria difícil. Então, acho que assim voltaremos a fazer corridas", disse José Ribeiro da Fonseca, de 73 anos, há 15 naquele ponto.

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"Acho que isso vai acabar com as diferenças que o cliente faz entre o táxi comum e os demais", disse o motorista João Figueiredo, de 42 anos, motorista de táxi preto, cuja bandeirada era de R$ 6,75. "O taxista não vai conseguir manter seu carro novo, da forma como é hoje. O passageiro pode gostar agora, mas não vê que, a longo prazo, a qualidade do serviço vai cair", pondera o presidente do Sindicato dos Motoristas nas Empresas de Táxis de São Paulo (Simtetaxi), Antonio Matias.

Efeito

Os passageiros elogiaram as mudanças, mas não devem trocar os aplicativos pelos táxis com as novas regras. "A minha opção pelo Uber é por causa do preço e da qualidade do serviço. Costumo pegá-lo sempre após as 21 horas para trajetos mais curtos e o fim da bandeira 2 não é atrativo o suficiente para que eu repense a utilização do táxi", disse a publicitária Juliana Ueno, de 32 anos.

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O engenheiro Tiago Barra, de 36 anos, disse que, sem a bandeira 2, passará a cogitar chamar um táxi se precisar chegar mais rápido. "Se eu tiver com pressa e tiver muito trânsito posso pegar o táxi porque ele anda pelo corredor de ônibus", afirmou.

O diretor da Easy Táxi, Fernando Matias, disse que para o táxi ficar mais competitivo é preciso alterar a tarifa. "O táxi ainda fica de 30% a 40% mais caro. É preciso dar desconto nas corridas, como fizemos e tem dado certo", disse.

Secretário diz que usuários e motoristas pediram mudanças

O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, disse que as mudanças nas regras de cobrança dos táxis foram pedidas por passageiros e pela categoria. Para ele, muitos taxistas da cidade já haviam abolido a bandeira 2 e a tarifa adicional de 50% nas viagens para outros municípios para poder competir com os carros de aplicativos de transporte, como Uber e Cabify.

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"Na prática, os taxistas já haviam abandonado isso por causa da concorrência, para não perder passageiros. A própria categoria vermelho e branco, que nos procurou pedindo para unificar a tarifa com o táxi comum, dizia que não dava mais para cobrar 50% a mais fora do município e que era melhor abolir para não causar confusão", disse Tatto.

O secretário minimizou as críticas feitas pelos taxistas comuns contra as alterações dizendo que "é preciso analisar o serviço do ponto de vista do usuário". Segundo ele, as novas regras vão "melhorar a qualidade dos carros e do serviço" de transporte individual de passageiros na cidade porque "vão forçar" também as empresas de aplicativos a "manter o padrão" dos veículos em operação nas ruas.

"O táxi era um mercado cativo antes na cidade. Não tinha táxi à noite, de fim de semana, e na periferia. Então havia um incentivo para aumentar a oferta de serviço nesses horários. Hoje tem a concorrência dos aplicativos e não faz mais sentido ter serviços mais caros do que outros. A disputa hoje na cidade é por quem cobra menos oferecendo um bom serviço. É uma concorrência saudável e quem ganha com isso é a cidade de São Paulo", disse Tatto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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