Respeito, companheirismo e dedicação: mais do que uma história de amor no Dia dos Pais
Álvaro acredita que deve parecer estranho aos olhos de muitos, e exatamente por isso as pessoas dificilmente esquecem a peculiar paternidade
O que é o Dia dos Pais senão uma data feita para homenagear quem ama sem pedir nada em troca? Nessa data, o jornal Folha Vitória escolheu a história do pediatra Álvaro Henrique Noronha Machado, de 50 anos, para parabenizar todos os pais capixabas. Homossexual e morador de Conceição da Barra, Álvaro é um lindo exemplo de quem se dedica para educar e amar incondicionalmente.
Maria continuou trabalhando com Álvaro até as crianças completarem 8 anos. Ela deu a guarda das crianças a ele que continuou a dar amor e prover a educação das crianças.
Álvaro Henrique conta que sempre teve receio de uma má interpretação por ele ser branco e homossexual, andar com duas crianças negras, por isso, sempre andou com toda a documentação de guarda das crianças.
Ele conta que quando as crianças já tinham 16 anos, ao passar por uma fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi parado e exigido dele toda a documentação, como de costume, ele portava todos os documentos legais. Algum tempo depois, em uma nova fiscalização da PRF, mais uma vez foi parado, contudo desta vez o policial rapidamente o identificou como o pai dos gêmeos.
Álvaro acredita que deve parecer estranho aos olhos de muitos, e exatamente por isso as pessoas dificilmente esquecem a peculiar paternidade.
Ser pai de uma menina requer alguns cuidados e atenção especial, “quando Juliana estava na pré adolescência tomei o cuidado de comprar absorventes e deixar em casa. Certo dia, Juliana encontrou o pacote e me questionou, expliquei a ela sobre a menstruação e a necessidade de ter absorventes em casa, afinal, morávamos apenas dois homens e ela de mulher, não teria com quem pegar emprestado quando o dia chegasse”.
Álvaro lembra exatamente o dia em que Juliana “virou mocinha”, ele conta emocionado que ela ligou para ele, numa terça-feira a tarde, no trabalho para contar a novidade.
A maior preocupação desse pai sempre foi, como homossexual, de como eles seriam tratados na rua e o que as pessoas poderiam dizer a eles. “Por isso, sempre deixei eles muito cientes de minha opção sexual, mas com muito cuidado, pois eles tem que saber que existe muita maldade, acho que por isso eles possuem tantos bons amigos e com muito respeito”.
Os filhos são seu maior orgulho. “O Henrique hoje mora em Brasília onde cursa biomedicina. A Juliana faz pré vestibular em Vitória e pretende fazer medicina e trabalhar comigo, é o que ela sempre diz, risos”.
Como em todo Dia dos Pais, os filhos homenageiam os pais. O Folha Vitória abriu espaço para a Juliana e o Henrique fazerem a homenagem a este pai tão especial e amoroso.
“O meu pai é uma pessoa impressionante, eu não sei viver sem ele. É amigo, companheiro... na verdade eu não tenho muitas palavras pra falar, simplesmente eu sinto, eu vivo, e te falo uma coisa, viver ao lado desse cara é perfeito, um pai que muitos queriam ter, mas Deus escolheu a minha pessoa. Sempre compreensivo e amigo, adoro seus conselhos e como ele diz: ‘ele chegou na minha vida pra somar, não pra dividir’. Enfim, não sou muito bom com as palavras pai e você sabe disso, mas sabe também que te amo demais, você não tem noção da dimensão do meu amor por você... fique com Deus, te amo demais”. Henrique Machado