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Integração de ambientes: como transformar o lar e fortalecer vínculos familiares

Tendência na arquitetura moderna, a integração de ambientes transforma a casa em lar acolhedor, fortalecendo vínculos e criando espaços de convivência

Thaiz Blunck

Redação Folha Vitória
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Foto: Divulgação
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A maneira como vemos e vivemos em nossas casas passou por uma transformação nos últimos anos. Com a pandemia, o espaço doméstico, antes um lugar de breve refúgio entre tantos compromissos diários, assumiu novos significados e funções.

O lar se tornou sinônimo de proteção e o centro de praticamente todas as atividades do dia a dia, como trabalho, estudos, academia e até mesmo lazer. Uma extensão multifuncional de nossas vidas.

As mudanças motivaram a busca por conforto, impulsionando as reformas e investimentos em ambientes mais espaçosos e aconchegantes, conforme mostra a pesquisa realizada pela AGP Research para a Casa do Construtor.

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Segundo o levantamento, 63% dos brasileiros reformaram em 2023. O número ainda é menor se comparado a 2020, em meio à pandemia, quando 65% dos entrevistaram fizeram algum tipo de reforma em casa.

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No Espírito Santo, de acordo com dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado (CAU/ES), os anos de 2021 e 2022 registraram o maior número de reformas, comparando o período de 2020 a 2023.

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Nesse contexto, a professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Luizane Guedes Mateus, explica que o conceito de “lar” evoluiu, deixando de ser apenas um lugar de encontro da família e descaracterizando toda uma construção histórica acerca do espaço da residência. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
"Com a maior permanência do dia no espaço do lar, as famílias passaram a buscar maior conforto e segurança nesse ambiente, o que impulsionou a compra de móveis mais espaçosos/confortáveis, ampliação de ambientes através de reformas, assim como investimento em eletroeletrônicos de última geração e equipamentos de segurança para esses espaços", explica a professora. 

Essa interiorização, segundo ela, impactou também as relações interpessoais dentro das famílias. O que era diluído com os distanciamentos do dia a dia, ganhou força e virou pauta de primeira ordem.

"De lugar de encontro da família, o lar passou a ser também o principal espaço de trabalho, lazer e vivência. Relações amorosas foram colocadas em cheque, vínculos familiares entre pais e filhos, a própria tônica da violência intrafamiliar ganhou contornos mais sigilosos, visto que tudo ficava restrito ao ambiente fechado da residência", afirma Luizane.

Integrando ambientes e fortalecendo vínculos

Em meio à tantas mudanças, surgiu uma tendência na arquitetura: a integração de ambientes. O conceito de espaços conectados dentro das residências veio não apenas como uma questão estética, mas também em resposta às novas dinâmicas familiares. 

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Ao eliminar barreiras físicas entre cozinha e sala, por exemplo, a integração promove a sensação de amplitude e também fortalece os laços entre os membros da família, com mais interação e convivência. Essa foi a ideia do casal Matuzalém Soares e Cristiane Felhberg, que decidiu reformar o apartamento comprado em Vila Velha.

Foto: TV Vitória

Ele é mineiro, mas reside nos Estados Unidos há 9 anos e tem o Espírito Santo como sua segunda casa, o que motivou a comprar um imóvel no município canela-verde, além de possibilidade de ficar mais perto de Cristiane, que mora na cidade. 

"O Espírito Santo é uma segunda casa. Me formei em Santa Teresa, então tenho um carinho muito grande pelo Estado. Comprei no sentido de investir, então a gente aluga ele por temporada, através de aplicativos de aluguel. Quando queremos ficar nele, bloqueamos o aplicativo para ficar lá", explica Matuzalém. 

Cristiane explicou que o apartamento passou por algumas reformas, justamente para promover mais integração. Anteriormente havia uma parede e uma porta na cozinha, o que isolava quem estava cozinhando. Veja como era antes da reforma!

Porém, considerando o gosto do namorado pela culinária e o desejo de promover interação familiar, decidiram conectar os cômodos e transformá-los em um só. E o resultado não poderia ser melhor: bons momentos compartilhados.

"Antes tínhamos uma parede e uma porta de correr, então a intenção era de que no momento em que esteja ali cozinhando, a pessoa fique isolada. Mas o Matuza gosta muito de cozinhar, então pensamos em integrar os ambientes para que, enquanto alguém está na cozinha, a gente consiga conversar. A intenção é ter os momentos compartilhados. Cozinhar é um ato de amor e estar ali entre amigos e familiares é muito gostoso, afirma a advogada. 

Veja como ficou o apartamento após a reforma:

TV Vitória
Reprodução / TV Vitória

Tendências de mercado: integração, personalização e convivência

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Fazer com que a casa transmita a personalidade de quem nela vive, através de ambientes, móveis ou itens de decoração, é um outro desejo de quem adquire um imóvel. 

A arquiteta Karol Simonasse destaca que as pessoas passaram a desejar casas que reflitam mais sua própria identidade e promovam maior convivência. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Segundo ela, a integração de ambientes, como a inclusão de home offices e cozinhas integradas, se tornou popular, refletindo uma nova cultura de espaço aberto e adaptável. 

"Essas mudanças começaram a gerar um desejo nas pessoas de ter a casa mais do modelo delas, além de abrir mais para a convivência, que é integrar os ambientes, como ter o home office em casa e a integração da cozinha, por exemplo, que foi um item muito em alta. É um conceito novo, uma cultura que se abriu. Elas começaram a reformar para ficar com a personalidade delas e começaram a sentir gosto por ficar em casa", destaca a arquiteta. 
Antes, os espaços residenciais eram apreciados pela clara divisão dos cômodos, como cozinha, sala e varanda separados por paredes. Hoje, porém, é a integração que tem se destacado. Essa tendência já está sendo adotada por construtoras na concepção de novos imóveis, como exemplificado no decorado do Una Residence.
Foto: Divulgação
"Antigamente, a gente tinha os espaços muito bem definidos, então a cozinha era separada da sala, que era separada da varanda. Ficando muito tempo dentro de casa, então as pessoas quiseram integrar isso para que a família fique junto. E como você faz isso? Abrindo os espaços, vendo e interagindo com as pessoas. Na minha concepção, de forma arquitetônica, os espaços estão totalmente abertos, sem as paredes", afirma Karol. 

Integração funcional: adaptando o espaço às necessidades 

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O home office se consolidou como uma parte integral do cotidiano, transformando a maneira como as pessoas utilizam seus lares. 

Além da procura por residências que ofereçam um ambiente dedicado ao trabalho remoto, muitos também aproveitaram para fazer reformas nos imóveis, adaptando-os às novas demandas.

Em um projeto específico, a arquiteta Carla Freire detalhou como o escritório foi integrado à sala, utilizando uma divisória com portas de correr e cortinas internas para garantir a privacidade quando necessário.

Foto: TV Vitória

Além disso, ela explica que a flexibilidade de abrir ou fechar o escritório conforme a necessidade atende à busca por ambientes versáteis, que se adaptem tanto ao trabalho quanto ao lazer, por exemplo, ao receber uma visita. 

“Tinha uma parede que dividia a cozinha da sala, então esse espaço era completamente fechado e a proposta era integrar os espaços. Esse apartamento não precisava de um quarto, mas precisava de um espaço que fosse reversível, então para conseguir a amplitude da sala, a gente propôs tirar essas paredes e fazer uma divisória que, conforme a necessidade, a gente fecha e se transforma em um quarto", explicou ela. 

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