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MPES vai investigar municípios que afrouxaram regras no funcionamento do comércio

Denúncia foi feita pelo governo do Estado. Procurador-geral afirma que os decretos municipais são nulos, por desobedecerem à legislação estadual

Redação Folha Vitória
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Foto: TV Vitória
Aracruz foi um dos municípios que flexibilizaram o funcionamento do comércio de rua
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Os municípios de Aracruz, Castelo, Santa Teresa e Rio Bananal serão investigados pelo Ministério Público Estadual (MPES) após publicarem decretos que descumprem regras de funcionamento do comércio, definidas pelo governo do Estado. A denúncia foi feita pelo próprio Executivo estadual.

Aracruz, Castelo e Santa Teresa são classificados pela Matriz de Risco do governo do Estado como de risco alto para a covid-19. Com isso, o comércio não essencial nessas cidades deve funcionar de segunda a sexta-feira, de maneira alternada e com o horário reduzido. No entanto, os decretos editado por esses municípios não preveem o revezamento dos dias de funcionamento das lojas, conforme determina a legislação estadual.

"A promotoria do município já está em contato com o prefeito, para tentar resolver essa situação o quanto antes, porque realmente é uma situação que não está adequada, por causa da nulidade desse decreto", destacou o procurador-geral do Estado, Rodrigo de Paula.

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A regra é: os municípios podem adotar medidas mais restritivas, mas não flexibilizar as normas definidas pelo governo do Estado. Assim, de acordo com a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), os decretos municipais que contrariam os estaduais são considerados nulos.

Se em dias normais — fora da pandemia — cabe ao município fixar o horário do comércio, neste momento vale o que determina a vigilância epidemiológica e sanitária do Estado.

"Esse decreto é nulo, porque ele é editado fora da competência do município. O município não tem competência para editar um decreto que viole o que está previsto na legislação estadual. De outro lado, ao assim proceder, o município fica sujeito à responsabilização", frisou o procurador-geral.

O prefeito de Aracruz, Jones Cavaglieri, alega que tomou a decisão porque a cidade é dividida em três grandes regiões. Segundo ele, quem mora no litoral e no norte tem pouco acesso ao comércio e precisa rodar até 35 km até a sede do município para fazer compras. De acordo com o prefeito, com os dias alternados, essas pessoas tinham que fazer mais de uma viagem por semana.

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"Nós temos 30 mil habitantes mais ou menos na orla do município, que fica, em média, 35 km distante de nossa sede, e temos o norte, com mais ou menos 20 mil habitantes, que fica também, em média, 35 km da sede. O norte é agrícola, onde as pessoas saem de casa de manhã e só chegam no final da tarde. Com o comércio aberto das 10h às 16h, esse pessoal não tem acesso ao comércio, porque já fechou. Então, baseado nisso, e também pela distância, nós estabelecemos o horário de meio-dia às 18h", explicou.

Outro argumento do prefeito é a saúde financeira dos estabelecimentos. "A saúde das pessoas para nós é o mais importante, mas também nós nos preocupamos com a economia. E, no interior, o pequeno comércio não sobrevive, porque ele tem contas a pagar e não consegue vender. Então ele vai falir", afirmou Cavaglieri.

O prefeito de Aracruz disse ainda que vai argumentar sobre as medidas previstas no decreto com o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, durante uma reunião prevista para esta quinta-feira (9).

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"O governo do Estado faz um decreto com base científica, nas pesquisas, essas coisas todas. Nós aqui fizemos o nosso decreto com base na nossa experiência no dia a dia, no contato com as pessoas, visualizando esses problemas. Nós não temos um dado científico", afirmou.

A produção da TV Vitória/Record TV entrou em contato com a Prefeitura de Santa Teresa, mas a assessoria informou que não conseguiu falar com o prefeito Gilson Amaro porque ele está em viagem.

Já a Prefeitura de Rio Bananal informou que vai rever o decreto e deve voltar atrás a partir de sexta-feira (10). A Prefeitura de Castelo não respondeu à demanda da produção até a noite desta quarta-feira.

Peculiaridades

Segundo Rodrigo de Paula, é possível as prefeituras argumentarem com o governo do Estado a respeito da peculiaridade de cada município. No entanto, ele explica que isso deve acontecer antes de decretar as alterações.

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"Nós não desconsideramos que possa haver peculiaridades nos municípios. Mas o correto é o município trazer a sua peculiaridade para avaliação da sala de situação. Dependendo da gravidade do descumprimento, isso pode gerar até uma responsabilização por improbidade administrativa, pelo descumprimento de uma norma estadual a que o município está sujeito", destacou o procurador.

Com relação aos comerciantes desses municípios, a orientação, segundo Rodrigo de Paula, é seguir a regra do Estado. "Tem que seguir a norma que é válida, e a norma que é válida é a norma editada pelo governo do Estado. Tem a possibilidade de aplicar as sanções àqueles que estiverem descumprindo a norma estadual", frisou.

A produção da TV Vitória também entrou em contato com o Ministério Público do Espírito Santo para saber o que foi feito pelo órgão até o momento com relação a esse processo, mas não houve retorno até a noite desta quarta-feira.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV

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