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Em 2060, país já terá mais idosos que crianças, prevê IBGE

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Walter Orthmann, de 96 anos, é o funcionário brasileiro com o maior tempo de registro trabalhista em uma só empresa: 80 anos. Quando o catarinense nasceu, na década de 1920, a expectativa de vida, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era de 42 anos. Hoje, essa longevidade chega a 79,7 anos. E vai crescer.

Nas próximas décadas, o envelhecimento da população brasileira se fará sentir com cada vez mais intensidade, segundo a Projeção da População (revisão 2018), divulgada nesta quarta-feira, 25, pelo IBGE. Até 2060, um quarto da população deverá ter mais de 65 anos - e o País já terá mais idosos que crianças.

O impacto inicial será no Sul e no Sudeste. O Rio Grande do Sul é apontado como aquele que primeiro experimentará uma proporção maior de idosos do que de crianças de até 14 anos, já em 2029. Quatro anos depois, em 2033, Rio e Minas também deverão ter mais idosos do que a população infantil.

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Em contrapartida, Estados mais jovens, como Amazonas e Roraima, continuarão com mais crianças do que idosos até o limite da projeção, em 2060. "O que mais impressiona é a velocidade dessa transição", afirma o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social. "O que a França, por exemplo, levou 120 anos para fazer, o Brasil fará em 30 anos; é muito mais rápido."

Nesse período, compara Neri, a população idosa do País crescerá cinco vezes mais que a do Japão - que hoje tem a população mais longeva, com 8% acima dos 65 anos. E o Brasil, lembra ele, já gasta mais com a Previdência do que o país asiático. "É uma bomba que terá de ser desarmada de alguma forma."

Mas aposentadoria é algo em que o nonagenário Orthmann nem pensa. Poderia ter parado há 40 anos, mas nunca desejou abandonar o emprego. Nem de férias gosta. "Você fica no sofá com o corpo todo duro, cheio de dores", explicou ele, que tem oito filhos, oito netos e quatro bisnetos. "Tenho clientes de três gerações", contou Orthmann, diretor comercial de uma empresa têxtil de Brusque (SC). Ele diz não tomar remédio e fazer exercícios diários.

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A bomba demográfica, porém, não é só na área econômica. A saúde é outro ponto crítico dessa transição demográfica, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Carlos Uehara. "Com essa transição demográfica vem também uma transição epidemiológica", afirma. "Se as pessoas mais jovens morriam mais de doenças infecciosas, com o envelhecimento aumenta o número de doenças crônicas, como hipertensão ou diabete. E o nosso problema é que os serviços não estão preparados para atender a população."

A idade média do brasileiro hoje é de 32,6 anos. Nove Estados apresentam idade média abaixo de 30 anos (todos os Estados do Norte, além de Alagoas e Maranhão). O Estado mais jovem do País é o Acre, com idade média de 24,9 anos.

Por outro lado, os Estados do Sul e do Sudeste têm idade média da população acima da projetada para o Brasil, sendo o Rio Grande do Sul o mais velho, com uma média de 35,9 anos.

Futuro

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A maior expectativa de vida ao nascer é de Santa Catarina (79,7 anos). Em 2060, o Estado deve manter o posto, com 84,5 anos. A previsão é de haver mais pessoas como o pajé Guarani Mbyá de Biguaçu (a 27 km de Florianópolis), Alcino Wherá Tupã Moreira, de 100 anos. Ele e a mulher, Rosa Poty Djá Moreira, de 98, são os guias espirituais da aldeia, compartilham saberes milenares indígenas e prezam por uma vida saudável, conectada à natureza. O homem branco, diz o pajé, "pisa nos remédios das plantas e nem sabe que é remédio". É preciso, segundo ele, tratar a alma, "de onde vem as doenças".

No outro extremo, o Maranhão (71,7 anos) tem hoje a menor esperança de vida, posição que em 2060 o Piauí deve ocupar (77 anos). "Estamos vivendo mais, mas se vamos viver melhor vai depender de uma série de coisas", diz Leila Ervatti, demógrafa do Departamento de Estudos e Análises de Dinâmica Demográfica do IBGE.

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"Nossos números estão aí: mostram as mudanças dinâmicas da população e indicam uma estrutura etária em transformação. Espero que (os dados) sejam usados para melhorar a vida das pessoas", afirma Leila. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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